Roger Waters: a música do Pink Floyd que ele chamou de “um fracasso notável”
A coisa mais importante que uma banda precisa é de coesão, onde todo o resto vem depois.
Veja o LED ZEPPELIN. Todos eles eram excelentes músicos por mérito próprio, mas tiveram muito sucesso por causa de quão bem tocavam juntos. Eles tinham um som coeso, onde todos os elementos individuais soavam bem por si só e se juntavam de uma forma emocionante.
A melhor maneira de uma banda fazer isso é garantir que cada membro aproveite os pontos fortes um do outro. Essencialmente, reconheça que diferentes membros de um grupo são bons em coisas diferentes e procure garantir que eles tenham a oportunidade de desenvolver essas habilidades.
E isso também aconteceu com o PINK FLOYD, mas no final dos anos 60 e início da nova década eles tiveram que perceber que eram incapazes de imitar os talentos de ex-membros da banda no processo.
Syd Barrett tinha um talento especial para compor, além de ter sido o vocalista e guitarrista original do PINK FLOYD. Embora muitas canções psicodélicas fossem bastante longas, Barrett conseguia mantê-las relativamente fortes, ao mesmo tempo que mantinha as qualidades épicas que atraíam as pessoas para o rock espacial do PINK FLOYD - assim como as grandes gravadoras.
Porém, a saúde mental de Barrett começou a desfarelar e acredita-se que ele sofria de esquizofrenia, potencializada mais ainda pelo constante uso de ácido LSD, o que lhe deixou impossibilitado para trabalhar com outras pessoas e se apresentar em público. Como é sabido, Barrett foi dispensado pelos seus integrantes de banda quando estavam gravando o 2º álbum de estúdio em 1968 e coube ao guitarrista substituto, David Gilmour, e ao baixista Roger Waters, continuarem hasteando a bandeira do PINK FLOYD como excelentes compositores. Este foi um desafio que todos do grupo aceitaram - os também membros fundadores, o baterista Nick Mason e o tecladista Richard Wright.
Mas quando a gravadora pediu que escrevessem músicas como Syd Barrett fazia, eles rapidamente perceberam que não era algo que pudessem fazer da mesma maneira.
Naqueles primeiros discos sem Barrett, os integrantes do PINK FLOYD estavam tentando compor músicas da forma que Barrett faria, foi quando surgiu a canção "Point Me at The Sky" para ser lançada como single isolado no final de 1968. Este single acabou sendo um dos maiores fracassos da banda, enquanto fãs e críticos lutavam para aceitá-lo. Waters continuaria descrevendo-o como: “Um fracasso notável quando Syd saiu da banda”.
Mesmo assim, este single foi um ponto de virada importante para a carreira da banda, quando eles perceberam que, se o PINK FLOYD fosse continuar, eles teriam que se adaptar e aproveitar os pontos fortes de cada integrante, o que significava abandonar o fantasma de Barrett em suas costas. E em vez de criarem singles curtos com o formato “hit”, eles preferiram focar em músicas mais longas e gravar álbuns conceituais.
Depois disso, a banda entrou em uma de suas melhores épocas, ao abordar a música da mesma forma como os romancistas abordam os livros. Eles passaram muito tempo focando no panorama geral, em como um álbum se encaixaria e que história eles estavam tentando contar como um todo. O resultado foram alguns de seus melhores trabalhos na história da música em geral e na cultura popular, já que o PINK FLOYD é hoje uma banda reconhecida pelo público mainstream dos mais variados status e sociedades.
Concluindo, o PINK FLOYD é um excelente exemplo de como os músicos precisam usar seus pontos fortes para se destacarem, em vez de tentarem replicar outros músicos ou os seus heróis de infância.
Quando Waters e Gilmour tentaram soar como Barrett, eles não chegaram a lugar nenhum, mas quando abraçaram aquilo em que eram bons, acabaram escrevendo vários sucessos que ficarão imortalizados para gerações e gerações.
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