Beatles, Neil Young, Pink Floyd e Foo Fighters: quando eles escolheram seu pior disco na carreira
Nunca houve uma ciência meticulosa para criar os maiores discos da história.
Apesar de todas as músicas excelentes que as bandas e artistas podem produzir, as estrelas e os cosmos apenas se alinham de vez em quando para transformar canções no mínimo decentes em obras de brilho musical, muitas vezes se resumindo a estar no lugar certo e na hora certa.
Embora grupos como os BEATLES e ROLLING STONES possam ter ótimos álbuns em seu nome, mesmo assim os artistas que os criaram também possuem algo a dizer sobre o que há de pior em seu extenso catálogo.
Então, novamente, é quase inevitável que todo artista tenha aqueles poucos discos em sua carreira com os quais nunca se conectou verdadeiramente. Mesmo que tenham sido responsáveis pela criação de canções clássicas ou pelas suas icônicas performances, no final eles não olharam para o produto final com carinho, pensando que suas apresentações não foram inspiradas ou não eram o que haviam imaginado inicialmente.
Mesmo assim, isso não impediu os fãs de elogiarem esses álbuns, sendo agradecidos desde o momento em que foram lançados ou olhando para eles como uma joia subestimada em sua discografia. Porém, independentemente de como os fãs trataram esses discos, isso não impediu que alguns artistas e membros de banda se expressassem com suas queixas ao seu próprio trabalho sempre que o dito cujo era mencionado.
Confira alguns desses relatos, onde certos álbuns foram considerados os piores de suas carreiras ou que não lhe trazem boas lembranças:
Álbum: "One by One" (4º disco, 2002)
Banda: FOO FIGHTERS
No início dos anos 2000 e após uma sessão de porta-giratória com troca de membros, FOO FIGHTERS já tinha um elenco maduro para dar continuidade em seu material e criar coisas diferentes.
E por mais que Dave Grohl tenha sido capaz de criar 02 músicas incríveis lançadas nesse álbum e que ficariam marcadas na história do rock, "All My Life" e "Times Like These", situações fora da banda começaram a rodear seus egos e afetando seus relacionamentos internos, o que geraria alguns conflitos e discussões - além de Grohl reconhecer em entrevista que esse é o álbum do FOO FIGHTERS que ele menos gosta, dizendo que ele aprecia somente 04 músicas do mesmo.
Resumindo toda a história que já sabemos que Grohl foi dar um "tempo" da banda sendo baterista do QUEENS OF THE STONE AGE, uma certa hora ele pensou que todo o processo para querer gravar um novo disco do FOO FIGHTERS estava desmoronando.
Com as tensões entre Grohl e o baterista Taylor Hawkins crescendo, muitas das sessões de gravação do álbum foram uma tarefa árdua para a banda, com o guitarrista Chris Shiflett gravando seu 1º disco com o FOO FIGHTERS e relembrando no documentário "Back and Forth" que muitos dias ele ia ao estúdio, ficava sentado tomando café, não tocava nada e depois voltava pra casa.
O 1º lote de gravação - que custou "01 milhão de dólares" segundo Grohl nesse mesmo documentário - e que foi registrado em um estúdio super caro, foi todo jogado no lixo depois que a banda se reuniu e fizeram as pazes. Com isso, FOO FIGHTERS voltaria ao mesmo estúdio onde tinham gravado o 3º disco, "There is Nothing Left to Lose" (1999), que fica no porão da casa de Dave Grohl na Virginia, para gravarem todo o novo álbum do zero e com um custo muito mais baixo.
Desde o primeiro dia, Neil Young nunca fez música que não fosse 100% sua visão.
Ao longo de seu tempo com Crosby, Stills e Nash e em sua carreira solo, Young sempre marchou ao ritmo de seu próprio tambor, chegando ao ponto de deixar alguns de seus companheiros de banda comendo poeira enquanto tentava experimentar diferentes gêneros musicais.
E embora muitos dos experimentos de Young tenham caído como uma luva nos ouvidos do público, uma vez ele disse que o seu disco ao vivo, "Time Fades Away", foi um dos pontos mais baixos de sua carreira.
Saindo de uma série de discos lendários e em turnê divulgando seu mais novo e célebre álbum de estúdio, "Harvest" (4º disco, 1972), o álbum "Time Fades Away" apresentaria somente canções novas e inéditas de Neil Young.
E mesmo querendo entregar novas músicas nos palcos que ninguém conhecia na frente de um público seja exatamente o tipo de ideia encarnada que Young poderia realizar, ele sentiu que a maior parte destas canções escolhidas para serem incluídas em seu disco ao vivo foram as piores que ele já havia lançado.
Havia uma boa chance de que nenhum membro do PINK FLOYD tivesse uma divisão clara após a dispensa em 1968 de seu vocalista/guitarrista/compositor original, Syd Barrett.
Depois de perder a cabeça para a saúde mental nos primeiros dias do grupo, Barrett seria demitido logo após as gravações do 2º álbum de estúdio, "A Saucerful of Secrets" (1968), levando o resto da banda a continuar sem seu compositor principal.
E mesmo que o PINK FLOYD seguisse em seu próprio e memorável caminho na próxima década, o disco "Atom Heart Mother" continuaria sendo um dos álbuns menos preferidos pelos próprios membros do grupo.
Mesmo que fazer uma peça prolongada possa ter parecido sensato ao prisma do PINK FLOYD, em entrevistas o vocalista/guitarrista, David Gilmour, e o vocalista/baixista, Roger Waters, já disseram que a faixa-título alongada é uma das piores músicas que tinham feito.
Talvez uma das razões pelas quais o disco "Atom Heart Mother" não funcionou na prática para eles é por causa do quanto esse álbum empalideceu em comparação com a música "Echoes" que seria lançada no álbum sucessor, "Meddle" (6º disco, 1971), a qual iria começar a preparar o cenário para o clássico álbum, "The Dark Side of The Moon" (8º disco, 1973).
Considerando a tensão entre os BEATLES durante as gravações do "White Album" (9º disco, 1968), colocá-los de volta na mesma página seria um grande trabalho.
Depois de passar por um retiro de meditação na Índia, a banda ainda brigaria uns com os outros durante a maior parte das gravações dos álbuns seguintes, levando Paul McCartney a dar um basta e ter a ideia de trazer todos de volta às suas raízes.
E mesmo que o disco "Let it Be" fosse o canto do cisne não intencional do grupo, McCartney ficaria chateado quando foi escutar sua mixagem final.
O lunático produtor, Phil Spector, acrescentou muitos floreios orquestrais trazidos contra a vontade da banda e embora John Lennon tenha elogiado o que Spector fez, McCartney não ficaria nada impressionado, chegando a escrever uma carta com palavras fortes aos executivos de sua gravadora, expressando sua tristeza pela forma como músicas como “The Long and Winding Road” foram lançadas.
O disco "Let it Be" continua sendo um triste epitáfio de como soavam as sessões de gravação dos BEATLES alimentadas pela tensão entre seus integrantes.
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