Pink Floyd: "essa música não foi tão engraçada para todos os outros como foi para nós"
by Brunelson
19 de mai.
8 min de leitura
Atualizado: 20 de mai.
O bom e velho PINK FLOYD, apesar de toda a grandeza, esplendor, aclamação da crítica e sucesso merecido, nunca foi realmente conhecido como uma banda leve e bem-humorada.
Na verdade, eles suportaram o peso do mundo de muitas maneiras até chegar ao seu ponto de ruptura.
Quando seu vocalista/guitarrista/compositor original, Syd Barrett, passou por uma espiral descendente tumultuada por abuso de drogas e degeneração da saúde mental, ocasionando em sua dispensa pelos seus próprios colegas de banda, eles decidiram canalizar essas experiências e suas consequências para informar o material em 03 álbuns conceituais diferentes - "The Dark Side of the Moon" (8º disco, 1973), "Wish You Were Here" (9º disco, 1975) e "The Wall" (11º disco, 1979) - o que fez o PINK FLOYD ser rotulado como uma banda emocionalmente pesada.
Após sua saída em 1968 e apenas com 02 álbuns de estúdio lançados, seguiram-se os dias de busca de um chão antes de Roger Waters (vocalista/baixista) assumir o firme controle criativo das coisas e a parte vocal. Nessa época, o PINK FLOYD era basicamente jovens de 20 e poucos anos de idade tentando reconciliar a perda e peso na consciência que foi em demitir Barrett do grupo.
Mas isso não quer dizer que todas as suas primeiras tentativas se tornaram uma coisa séria, sendo assim, a criatividade musical poderia gerar canções cômicas, o que pode ser o caso da música "Seamus", lançada em seu 6º álbum de estúdio em 1971, "Meddle".
Nessa época, o PINK FLOYD ainda não tinha ideia do que queria ser como banda e evidentemente havia um forte impulso para se tornar um grupo singular e autêntico, já que eles não tinham mais o farol de Barrett para iluminar todo aquele ambiente em névoa.
E uma dessas tentativas que são claras para todos ouvirem nos primeiros álbuns sem Barrett, é a canção "Seamus", onde o estilo country é revisitado com latidos de cachorro ao fundo.
Enquanto gravavam o disco "Meddle", os membros do PINK FLOYD ainda estavam ansiosos para experimentar e produzir qualquer tipo de resultado excêntrico que pudessem, só para ver se isso despertava alguma ideia. Não está claro se foi por coincidência ou intencionalmente, mas Steve Marriott, frontman da banda HUMBLE PIE, trouxe seu cachorro Border Collie, chamado Seamus, para o estúdio quando o PINK FLOYD estava gravando esse disco.
Sendo assim, o grupo simplesmente tocou uma música country meio blues enquanto Seamus fazia sua melhor performance vocal ao fundo.
A intenção era servir como um pequeno alívio cômico e algo extremamente necessário à época, especialmente quando confrontado com um épico do rock progressivo de longa duração que também foi lançado nesse álbum, a clássica música "Echoes", considerada por vários fãs e para David Gilmour (vocalista/guitarrista) e Richard Wright (tecladista) como uma das melhores músicas do PINK FLOYD.
No entanto, as críticas foram cruéis com o pobre Seamus. Assim como Gilmour explicou no livro, "Saucerful of Secrets: The Pink Floyd Odyssey": “Acho que não foi tão engraçado para todos os outros como foi para nós”. O que não os impediram de expandir a ideia de ruídos de animais em futuras músicas.
Mais diretamente, uma quase versão da canção "Seamus" foi tentada durante as filmagens do documentário, "Pink Floyd: Live at Pompeii". Aqui, Gilmour toca uma gaita, Waters assume as funções na guitarra e Wright é quem segura o microfone para a verdadeira estrela da música: Nobs, o cachorro substituto que eles encontraram andando ali perdido no meio do coliseu - mais pedindo para cantar uma música junto com o PINK FLOYD, o qual seu desejo foi realizado.
Graças à nova direção criativa de Nobs, a peça foi diferente o suficiente para que eles dessem a ela um novo título, "Mademoiselle Nobs". Aqui, o cachorro Nobs está no seu melhor cantando um número de blues.
Na época em que gravaram a música "Seamus", tudo pode ter parecido uma brincadeira maluca mostrando uma banda querendo achar seu caminho sonoro, o que geraria frutos, como por exemplo, para o icônico álbum "Animals" (10º disco, 1977).
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