Neil Young: o álbum perdido que foi lançado 45 anos depois
by Brunelson
10 de out.
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Atualizado: 11 de out.
Sem o medo do que isso implicaria, Neil Young poderia ter contribuído para a áurea do seu sucesso em meados da década de 70 com um novo álbum que daria continuidade à sua mistura perfeita de autenticidade crua e apelo comercial.
O disco "Homegrown", que Young escreveu entre 1974 e 1975 após o álbum "On The Beach" (5º disco, 1974), assumiu os elementos mais sombrios do renomado álbum "Harvest" (4º disco, 1972) como uma reação natural à imensa turbulência que ele passava na época.
Previa-se que o álbum "Homegrown" seria um sucesso tão vasto quanto "Harvest", mas focando em tudo que Young havia resumido em sua carreira. O disco "Homegrown" abordou tudo o que Young estava sentindo naquele momento específico de sua vida, pegando o rompimento de seu relacionamento conjugal com a morte de amigos próximos e parceiros musicais, canalizando tudo para sua arte pura e sem filtros.
As tentativas de Young de consertar seu relacionamento com sua esposa desencadearam uma explosão emocional que deu ao álbum "Homegrown" uma sensação pesada. Canções como "Separate Ways", "Try" e "Star of Bethlehem", demonstram bem seu desespero enquanto ele tenta navegar pelo desgosto, aceitação, tristeza e confusão, oferecendo versos suplicantes como: “Temos muito tempo para ficarmos juntos se tentarmos".
O disco "Homegrown" tinha deixado os executivos da sua gravadora empolgados, sentindo que teriam um enorme sucesso nas mãos - equiparando ao álbum "Harvest" - o qual viria com uma capa que refletia perfeitamente Neil Young e sua arte: um fazendeiro mordiscando um pedaço de sabugo de milho ao lado de um cachorro (reforçando sua busca pelos direitos iguais à classe de trabalhadores da zona rural).
No entanto, na noite anterior ao lançamento do disco "Homegrown", Young reuniu um grupo de amigos em sua residência com a esperança de obter a opinião deles sobre seu novo álbum de estúdio. Segundo Young, Rick Danko (vocalista/baixista da THE BAND), também estava lá e todos passaram a ouvir o álbum "Homegrown".
Depois que o disco parou de tocar, outra coleção de músicas começou a tocar, que era um álbum inédito chamado "Tonight’s The Night" que Young havia escrito após as mortes do guitarrista de sua banda de apoio, Danny Whitten, e do roadie e amigo, Bruce Berry. Young disse uma vez que “se sentiu responsável” pela morte de Whitten, e tanto Whitten quanto Berry ocupam um espaço significativo nesse disco em músicas como a faixa-título e "Come on Baby Let's Go Downtown", que inclui alguns dos vocais e guitarra de Whitten.
Na noite em que Young colocou para tocar o álbum "Homegrown" para os seus amigos, foi na verdade o disco "Tonight’s The Night" que compartilhou um verdadeiro significado a todos que estavam presentes em sua casa, já que seus amigos tiveram a oportunidade de escutar os 02 álbuns em sequência.
Em particular, Danko comprou a ideia do disco "Tonight's The Night", supostamente entusiasmando Neil Young: “Se você não lançar essa porra de álbum, você está louco”.
E foi exatamente isso que Young fez. O álbum "Tonight’s The Night" (6º disco, 1975) foi lançado em vez do álbum "Homegrown" (42º disco, 2020), sendo que o projeto original só veria a luz do dia cerca de 45 anos depois. Talvez as palavras de Danko tenham fornecido uma saída para Young, que já sentia que o álbum "'Homegrown" era muito vulnerável e pessoal demais para ser lançado na época.
Em vez de correr o risco, ele o deixou de lado optando por uma opção mais segura, assim como Young concluiu sobre o álbum "Homegrown" em uma entrevista de 1975: “Era um pouco pessoal demais e isso me assustou".
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