top of page
  • by Brunelson

Neil Young: quando foi processado pela Geffen Records por não ser "comercial"


Neil Young sempre acreditou firmemente em fazer as coisas do seu jeito e somente do seu jeito.

O agora lendário roqueiro se tornou um dos maiores artistas de todos os tempos, operando em sua própria rota não convencional e nunca desistindo para seguir as instruções de alguém trabalhando sentando numa mesa de escritório.

Young, totalmente responsável pelo seu próprio destino, tem garantido que qualquer decisão tomada em sua carreira seja aquela em que ele acredita ardentemente. Apenas se preocupando com as potenciais ramificações das mensagens de sua música, ele cria tudo o que deseja e deixa o universo decifrar o resto.

Na verdade, o método de Young o torna um ajuste incomum para uma grande gravadora. O seu estilo irritaria os chefes da super gravadora, a Geffen Records, a tal ponto que, em 1º de dezembro de 1983, eles surpreendentemente abriram um processo judicial contra o seu próprio artista.

A gravadora estava furiosa com Neil Young porque eles acreditavam que os discos que ele estava lançando eram “não representativos” e “atípicos” do artista com quem eles haviam assinado um contrato lucrativo. Na época, o músico havia assinado com a Geffen Records apenas 01 ano antes, em 1982, período em que decidiu buscar por novas inspirações depois de passar mais de 01 década na ex-gravadora, a Reprise Records.


Apesar daqueles últimos discos lançados pela sua antiga gravadora não terem alcançado o mesmo sucesso comercial, este não foi o único motivo para a troca de gravadora - embora a Geffen Records tivesse esta suposição.

Na verdade, o seu primeiro álbum lançado pela Geffen Records, "Trans" (12º disco, 1982), alcançou a posição nº 19 no ranking da Billboard e garantiu uma posição mais elevada do que os seus dois discos anteriores. Mesmo assim, o álbum estava muito longe do que a gravadora e os fãs das antigas esperavam de um disco de Neil Young, onde ele havia experimentado novas tecnologias e introduziu sintetizadores que colocaram a sua música em um lado totalmente novo.

Neil Young mais tarde explicaria o significado mais profundo por trás desse álbum para a revista Mojo em 1995, detalhando porque o disco "Trans" era o mais experimental de sua carreira: “O meu filho é gravemente deficiente e naquela época eu estava simplesmente tentando encontrar uma maneira de falar e de me comunicar com outras pessoas sobre isso”, declarou Young desafiadoramente. “É disso que se trata o disco 'Trans' e é por isso que nesse álbum você sabe que estou dizendo algo, mas que mesmo assim não consegue entender bem o que é... Bom, esse é exatamente o mesmo sentimento que eu estava sentindo pelo meu filho".

Apesar dos seus esforços, a Geffen Records permaneceu insatisfeita com o que eles consideraram um lançamento autoindulgente e com a preocupação percorrendo os corredores da gravadora, eles pediram ao músico para retornar ao "clássico Neil Young" para o próximo disco que fosse lançar. Não aceitando o desejo da gravadora, Young ofereceu aos executivos um álbum country que ele havia gravado no inverno anterior, no entanto, isso foi rapidamente rejeitado pelos chefes da gravadora que queriam ouvir um disco de rock'n roll estrondoso - mas Young tinha outras ideias.

Bom, se você quiser encurralar Neil Young e dizer a ele para fazer algo que não seja do seu gosto, é provável que ele não irá acatar a sua ideia para somente querer satisfazer o desejo da gravadora e a Geffen Records iria aprender da maneira mais difícil.

Em vez de gravar um disco "Harvest Parte 2", Young decidiu ir para o rockabilly em uma resposta desafiadora às exigências da gravadora: “Eles me disseram que queriam que eu tocasse rock'n roll e que eu não soava como Neil Young”, lembrou o cantor uma vez ao jornal LA Times. “Então, eu dei a eles o álbum 'Everybody’s Rockin' (13º disco, 1983, foto) e lhes disse: 'Este é um álbum de rock'n roll de Neil Young depois que alguém diz a mim o que fazer'".

Young estava muito ciente de que haveria uma reação negativa ao álbum, afirmando anos depois: “Quando eu lancei o disco 'Everybody’s Rockin', todo eles (gravadora) falaram merda sobre mim. Eu sabia que eles poderiam fazer isso comigo, mas quem eles pensam que eu sou? Um idiota? As pessoas realmente pensaram que eu lancei esse álbum pensando que era a melhor coisa da porra que eu já tinha gravado? Claro que não e eu estava ciente disso, além do mais, foi uma maneira de destruir tudo o que eu já havia configurado na minha carreira”.

O disco "Everybody’s Rockin" (para a gravadora) falhou e não entrou no Top 40 do ranking da Billboard e a Geffen Records ficou pasma com o artista que eles haviam contratado. Em vez de apoiar um dos maiores compositores da década anterior, eles o penduraram para "secar".

Em 1º de dezembro de 1983, a Geffen Records adentrou em um território completamente desconhecido quando entrou com uma ação legal contra Neil Young por não lançar músicas comercialmente viáveis. Em um confronto na história do rock'n roll, isso foi recebido com surpresa pelo cantor, que entrou com um contra processo de U$ 21 milhões de dólares que apontava para o seu contrato afirmando que ele tinha total liberdade criativa.

De forma monumental, o tiro saiu pela culatra contra a Geffen Records, com o proprietário da gravadora, David Geffen, assumindo em suas próprias mãos um pedido pessoal de desculpas a Neil Young pelo inconveniente.

Young, de maneira um tanto notável, lançaria mais 02 discos pela gravadora antes de retornar ao seu lar espiritual, a Reprise Records.


Mais Recentes
Destaques
bottom of page