Brian Jones: quando escolheu “o guitarrista mais emocionante que já ouvi”
by Brunelson
há 6 dias
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A coisa nº 1 que qualquer músico pode esperar fazer é inspirar outra pessoa.
Mesmo que o público não entenda do que se trata sua música no momento, tudo vale a pena quando alguém começa a pegar o cerne do que você começou e cria um estilo de música inteiramente novo em torno do que você estava insinuando.
E embora Brian Jones e todo o resto do ROLLING STONES alegassem serem estudantes de blues toda vez que se apresentavam em seus primeiros dias, a década de 60 foi um livro aberto para eles começarem a explorar tudo sob o sol.
Para Jones, diversificar-se foi o próximo passo lógico depois de tocar em clubes noturnos de blues. Ele pode ter ficado mais do que um pouco decepcionado ao ver Mick Jagger e Keith Richards começarem a assumir diferentes aspectos da banda, mas ele estava mais do que feliz em satisfazer o que o grupo precisava aprendendo o máximo de instrumentos que pôde para a música.
Se a canção "Paint it Black" precisasse de uma cítara, Jones aprenderia. Se eles precisassem tocar com slide, ele tocaria com slide. Fazer alguns singles esquecíveis em uma tentativa vã de competir com os BEATLES? Bem, não que eles devessem, mas Jones ainda poderia ser útil quando tivesse a chance. Mas apesar de todos os instrumentos que ele tocava, muitas pessoas esquecem o quão essencial sua guitarra foi para o início do grupo.
Ele seguiu os passos de todos os grandes guitarristas de blues que vieram antes dele e apesar de ter roubado o nome de sua nova banda de uma música de blues, ele ainda estava tentando o seu melhor para se moldar no melhor bluesman que poderia ser. Então, quando a Inglaterra estava lentamente sendo tomada pelo blues rock, ver um desconhecido Jimi Hendrix vir dos EUA fez com que cada guitarrista parecesse que ainda estava aprendendo a engatinhar, enquanto Hendrix já corria em pé e em alta velocidade.
Hendrix nem sempre possa ter parecido um guitarrista de blues em toda sua integridade, mas ele tinha aquele fogo em sua alma desde o minuto em que pegava a guitarra e deixava os mortais de queixo caído. Algumas de suas músicas podem não ter sido as mais fáceis de entender com cada letra e nota psicodélica que saía de sua alma, mas foi o suficiente para deixar qualquer guitarrista atordoado ao longo de suas apresentações.
Sendo assim, Jones sempre teve uma certa admiração pelo que Hendrix trazia para a mesa, chamando-o uma vez de: "O guitarrista mais emocionante que já ouvi". Mas esse tipo de empolgação tinha mais a ver com a forma como Hendrix pensava sobre música do que com as notas cruas que ele estava tocando.
Olhando através dos poucos álbuns preciosos de estúdio que temos de Jimi Hendrix que foram lançados em vida (03 de estúdio e 01 disco ao vivo com somente músicas inéditas), Hendrix sempre viu a música em um contexto muito mais amplo do que seus pares.
De se aventurar na soul music em canções lançadas no álbum, "Axis Bold as Love" (2º disco, 1967), a dar luz ao conceito da improvisação progressiva em músicas lançadas no álbum "Electric Ladyland" (3º disco, 1968), Hendrix estava sempre tentando alcançar algo além do rock and roll, até mesmo se manifestando em querer improvisar junto com Miles Davis antes do seu falecimento em 1970.
Talvez nunca saibamos o que Jimi Hendrix poderia ter feito junto com alguns dos seus colegas contemporâneos, mas há uma boa chance de que Jones tenha visto um espírito semelhante na maneira como ele tocava. Nenhum deles teve a mesma educação musical, mas ao ouvir Jones e Hendrix lado a lado, ambos tinham aquela fome de alcançar a si mesmos e extrair algo novo para o mundo ver.
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