Radiohead: "essa música é reconfortante com um bom sentimento e boa vibração, em relação ao que está acontecendo lá fora com o mundo"
by Brunelson
26 de ago.
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Atualizado: 27 de ago.
Oferecendo uma alternativa impressionante ao otimismo falso dos anos do rock inglês em meados dos anos 90, o RADIOHEAD é frequentemente conhecido por sua capacidade aparentemente infinita de compor músicas que são tão inovadoras e originais quanto incrivelmente melancólicas e emocionais.
Seu disco de estreia de 1993, "Pablo Honey", e seu 2º disco de 1995, "The Bends", podem terem sido inspirados no grunge, mas foi o tapa sônico e implacável dos álbuns "OK Computer" (3º disco, 1997) e "Kid A" (4º disco, 2000) que os tornaram únicos por gerações inteiras ao redor do planeta e sendo divisores de água na história do rock.
Esses álbuns, assim como "In Rainbows" (7º disco, 2007), subverteram completamente as expectativas em seu lançamento, marcando a banda como uma voz verdadeiramente original dentro do cenário incrivelmente homogeneizado da música britânica. Havia muita coisa em jogo no álbum "In Rainbows", como por exemplo, as primeiras sessões de gravação ao disco terem ocorridas já em 2005, então, é justo dizer que o álbum final demorou um pouco para ficar pronto - o que certamente valeu a espera.
Amado pelos fãs das antigas do RADIOHEAD e também pelos novatos, esse disco inaugurou uma nova era para a banda. Em contraste com sua imagem melancólica, algumas das músicas lançadas no álbum "In Rainbows" poderiam até serem descritas como alegres, pelo menos pelos padrões previamente estabelecidos em seus discos anteriores.
Um momento particular de sol e alegria no álbum "In Rainbows" vem na canção "House of Cards", que o próprio vocalista da banda, Thom Yorke, uma vez a descreveu como “uma música suave de verão”.
Embora a canção esteja longe de ser apresentada como o novo hit do verão, ela é marcadamente mais feliz do que a maioria dos trabalhos do RADIOHEAD. Aparentemente, essa mudança de humor foi inteiramente deliberada, com a banda esperando fornecer um antídoto para a miséria psicológica que permeava a sociedade comum em meados dos anos 2000 (o que vale até hoje).
Explicando a inspiração por trás da música "House of Cards", Yorke disse em entrevista para o site Pitchfork na época do seu lançamento: “Eu acho que não precisamos realmente lembrar do 'gelo' que está lá fora nesse momento da sociedade, não é?” Além do mais, Yorke pareceu até gostar do processo em escrever canções mais alegres. “Talvez seja uma coisa boa tentar fazer música que pareça reconfortante de alguma forma, algo que tenha um bom sentimento e uma boa vibração sobre isso”.
Embora escrever a canção "House of Cards" tenha fornecido a Yorke um pouco de sol, essas influências alegres não duram por toda a track-list do álbum "In Rainbows". E indo mais além em sua discografia, o RADIOHEAD voltaria ao seu eu pessimista habitual e atingindo o pico de sua miséria sonora (no bom sentido) em seu último álbum de estúdio lançado, "A Moon Shaped Pool" (9º disco, 2016).
Ainda assim, os sons e raios de sol brilhantes na música "House of Cards" que saem por dentro das nuvens, fazem dela uma das preferidas dos fãs e sem dúvida se enquadra em uma das melhores canções que o RADIOHEAD já criou.
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