Neil Young: "eu não gostei dessa música quando foi lançada e ainda não gosto"

Embora Neil Young agora ostente uma vasta e influente discografia, houve um tempo em que ele ainda estava encontrando seu lugar.

Após a dissolução da sua banda, BUFFALO SPRINGFIELD, um grupo que lhe trouxe sucesso significativo e ajudou a definir a era contracultural dos anos 60, Young se aventurou em uma prolífica carreira solo. E como muitos artistas navegando por uma grande transição, esse período foi marcado por sua cota justa de dores de crescimento.

Não foi até seu 2º álbum de estúdio, "Everybody Knows This is Nowhere" (1969), que ele realmente encontrou seu som característico. Enquanto seu disco homônimo de estreia de 1968 inclui algumas das canções preferidas dos seus primeiros fãs, o próprio Young considera este 2º álbum um esforço misto. 

Para ser justo, esse franco senso de realismo sobre o que funcionou e o que não funcionou no 1º disco levou Young a refinar aspectos e produzir seu amplamente influente 2º álbum, o que pode ser o primeiro momento do rock alternativo na história. 

Mas nem tudo é perfeito na carreira de um artista e uma vez em entrevista, Young apontou com a testa franzida para uma canção do seu disco de estreia, "The Last Trip to Tulsa".

Colocada na track-list para encerrar o álbum com seus mais de 09 minutos de duração e apresentando apenas Young com seu violão, ela continua sendo uma raridade em seu catálogo. Escrita como uma narrativa de fluxo de consciência alimentada por maconha, Young pretendia que a música mostrasse seu lado humorístico. No entanto, como ele admitiu mais tarde, o humor passou despercebido pelos ouvintes na época.

No final das contas, a música "The Last Trip to Tulsa" ficou aquém de suas aspirações cômicas, destacando que a verdadeira força de Young sempre foi abordar temas mais sérios e pungentes.

Em entrevista para a revista Rolling Stone em 1970, Young revelou por que odiava esta canção e questionou o motivo pelo qual os fãs a adoravam, fornecendo um excelente exemplo de como o compositor e o ouvinte costumam ver as músicas sob luzes muito diferentes: “Depois que o álbum foi lançado, foi essa a canção que eu realmente não tinha gostado, sabe? E ainda não gosto, mas muitas pessoas na época realmente gostaram mais dela do que de qualquer outra coisa naquele álbum inteiro. Veja, é estranho, só porque eu acho que soa exagerado”.

Mesmo que a música "The Last Trip to Tulsa" possa ter parecida exagerada e falhada em atingir o humor pretendido, está longe de ser o pior esforço de Neil Young. Como muitos de seus primeiros trabalhos, ela possui qualidades redentoras, incluindo sua musicalidade evocativa e as imagens vívidas do local citado em seu título. 

Curiosamente em 1973, Young revisitaria esta canção com uma perspectiva renovada, agora com uma banda completa lhe dando apoio e lançando-a como lado-b do single da música "Time Fades Away".

"The Last Trip to Tulsa"