Ramones: a ligação social-tóxica em 02 músicas da banda
by Brunelson
18 de abr.
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Atualizado: 19 de abr.
É difícil não exagerar a influência dos RAMONES no desenvolvimento do gênero punk rock e os milhares de filhotes que ele gerou.
Embora vários outros artistas e bandas como Patti Smith, THE STOOGES ou MC5, já tinham estabelecido as bases para a revolução punk rock, foram os RAMONES que definiram amplamente o som e a atitude inerentes do movimento.
E ao contrário de certos outros membros da cena do clube CBGB em New York, os RAMONES raramente corriam o risco de se levarem muito a sério e seu senso de humor único frequentemente transbordava para seu material musical.
Quando os RAMONES lançaram seu álbum homônimo de estreia em 1976, eles já haviam se estabelecido firmemente como progenitores do som punk rock em New York. E sua estreia foi o 1º disco que levou o punk rock às massas, chegando meses ou anos antes de bandas britânicas como o SEX PISTOLS, THE CLASH e THE DAMNED de lançarem os seus álbuns - pois conforme está registrado na história, toda essa turma estava naquele 1º show dos RAMONES em Londres, o que fizeram todos criar coragem em pegar um instrumento, montar uma banda e subirem ao palco.
De tantos clássicos que foram lançados no 1º disco dos RAMONES, uma delas influenciariam a atitude "viva rápido, morra jovem" que muitos punks adotaram posteriormente, que foi a música "Now I Wanna Sniff Some Glue".
À medida que os RAMONES se desenvolviam, seu material se tornou um pouco mais irônico, principalmente quando se tratava do seu 2º álbum de estúdio, "Leave Home" (1977). Indiscutivelmente um dos melhores discos da banda, sua track-list oferece um desenvolvimento incrível do material do grupo, apresentando outros clássicos do punk rock como as músicas "Pinhead" e "Gimme Gimme Shock Treatment", além de sua versão surf punk rock do fantástico cover da canção "California Sun".
Grande parte do apelo do álbum "Leave Home" vem de seu humor, com letras como: "Eu conheci ela no Burger King / Nos apaixonamos na máquina de refrigerantes". Eum destaque em particular, mas controverso, é na música "Carbona Not Glue", de muitas maneiras uma sequência da canção "Now I Wanna Sniff Some Glue".
"Carbona Not Glue" parece uma música que satiriza os próprios RAMONES, sugerindo que um produto de limpeza doméstico chamado Carbona dá uma sensação melhor do que cola de sapateiro quando inalado - tema da canção "Now I Wanna Sniff Some Glue".
O baterista original dos RAMONES, Tommy Ramone, mais tarde lembrou em uma entrevista: “Algo como a canção ‘Carbona Not Glue’ tem que ser irônico. É absurdo querer dizer como você deveria tentar algo mais venenoso ainda”.
O abuso de solventes químicos estava se tornando cada vez mais popular dentro do movimento punk, pois oferecia uma alternativa barata e abundante às drogas ilegais. As letras da música "Now I Wanna Sniff Some Glue" encapsulava a privação de direitos "sem futuro" que muitos jovens sentiam durante o período economicamente deprimido e politicamente tumultuado da década de 70 em New York - que ainda não era toda aquela glória da forma que conhecemos, com a cidade mostrando muito abandono e miséria nas ruas.
Sendo assim, a canção "Carbona Not Glue" adicionou outra camada a isso ao contrastar a imagem doméstica do produto de limpeza com o submundo decadente de New York que cheirava cola de sapateiro. Em particular, Carbona possui conotações de comercialismo, subúrbio e donas de casa, que existiam em oposição a praticamente tudo o que os RAMONES e a cena punk rock mais ampla representavam.
Então, enquanto que essa música estava zombando da banda em algum nível, em outro, era um excelente comentário sobre a divisão social dentro dos EUA na década de 70.
Porém, a marca Carbona não viu a música dos RAMONES de forma tão generosa. Dado que o nome da marca era uma marca corporativa registrada, as finanças frágeis da gravadora dos RAMONES não poderiam arriscar um processo judicial, então, a música foi cortada do álbum "Leave Home" na época do seu lançamento.
Felizmente, a canção "Carbona Not Glue" eventualmente ressurgiria como resultado de gravações pirata que escutávamos em fita cassete no walkman andando de skate no começo dos anos 90, e neste século atual em relançamentos de aniversários do disco "Leave Home".
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