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  • by Brunelson

Mike McCready: "o produtor Andrew Watt quer que o nosso som seja como a energia dos primeiros dias"


Quando a revista Spin conversou pela última vez com Mike McCready - guitarrista das bandas PEARL JAM, MAD SEASON e TEMPLE OF THE DOG - foi em 2021, e ele exibiu uma nova versão de sua confiável guitarra Fender Stratocaster de edição limitada, cuja original foi o primeiro “item caro” que ele comprou quando o PEARL JAM explodiu no início dos anos 90.


* Mike McCready: guitarrista do Pearl Jam e sua lendária Fender Stratocaster '60 Durante anos, McCready erroneamente pensou que a sua guitarra, pelo qual ele acha que pagou U$ 7 mil dólares na época, era um modelo de 1959 (o mesmo tocado por seu falecido herói, Stevie Ray Vaughn), sendo que McCready até fez uma tatuagem com o nº 59 em seu braço, mas na verdade ele descobriria muito tempo depois que ela foi fabricada em 1960.

Com a nova Stratocaster Mike McCready, o músico agora tem uma guitarra projetada de acordo com suas especificidades, incluindo um conjunto de captadores personalizado para soar como a sua Stratocaster 1960, um tremolo de seis pontos e um raio de escala que tem arco suficiente para acordes e notas de forma e flexão mais fáceis.

“Tem um som que é quase exatamente o que a minha original soa”, ele se entusiasma falando sobre o seu novo modelo de guitarra, enquanto toca com a sua guitarra original em uma cadeira num estúdio na fábrica da Fender em Corona, Califórnia (foto). “Eu quero isso. Quero poder dizer que é algo que endosso, que gosto, amo e uso”.





A nova edição replica todos os cortes únicos do desgastado instrumento original, que também sofreu danos significativos quando o PEARL JAM (menos o vocalista Eddie Vedder) pegou a estrada com uma lenda do rock no verão de 1995: “Eu originalmente fiz esses arranhões em uma turnê quando estávamos na banda de apoio de Neil Young e fomos para Israel”, lembrou ele. "Eu estava enfiando o braço da guitarra no alto-falante e acho que era no final da música 'Down By The River'. Fiz isso de propósito tentando derrubar o alto-falante, mas num momento eu errei e acertei a parte de madeira da caixa de som, que chegou a quebrar o topo da guitarra. Eu fiquei, tipo: ‘Opa, é melhor eu não fazer mais isso com essa guitarra’”.


Durante a sua entrevista, McCready falou sobre a nova Stratocaster e o progresso que o PEARL JAM está fazendo em seu 12º álbum de estúdio e que está sendo produzido por Andrew Watt.


Jornalista: Você se lembra de como a sua guitarra original ficou tão desgastada e de onde vieram todas essas marcas e lascas?

Mike McCready: Isso vem de anos enlouquecendo e vivendo rápido demais. A 1ª vez que toquei com essa guitarra foi quando abrimos para Keith Richards (guitarrista do ROLLING STONES) na véspera de Ano Novo de 1991 para 92, em New York. Foi quando comprei essa guitarra original. Ela tinha alguns arranhões, mas não tinha tanto assim na parte superior, mas agora tem.


Jornalista: Além dos danos no topo da guitarra, que outros momentos se destacam na turnê com Neil Young em 1995?

McCready: O negócio com Neil Young foi que ele era tão legal. Ele nos disse: "Ok, o que vocês querem tocar nos shows?" E eu pensei na hora: "Ok, meu Deus! 'Down By The River', 'Cinnamon Girl' e 'Rockin' in The Free World'". Somos grandes fãs de muitas de suas músicas e ele foi muito receptivo conosco. Eu me lembro de tocar a música "Cortez The Killer" por uns 25 ou 30 minutos num show. Estávamos em Israel e tocamos num antigo palco romano e foi muito intenso. Você é sugado para o mundo de Neil Young, pois são as coisas dele e você espera entrar na mesma vibração que a dele.


Jornalista: Como tem sido trabalhar com o produtor Andrew Watt?

McCready: Ele traz essa energia muito positiva e sabe como conseguir sons realmente bons. Ao mesmo tempo, a sua energia meio que nos deu um chute na bunda, sabe? Ele diria: ‘Vamos lá, cara!’ Ele está meio que gritando, pulando muito e sendo feliz na mesa de gravação. Ele é um fã da banda, tem ótimas ideias de estrutura, ótimas ideias de som e de músicas. Estou muito animado com o que ele fez conosco.


Jornalista: Em que sentido?

McCready: O álbum terá ótimos exemplos da bateria de Matt Cameron que simplesmente me surpreenderam. Ele aumentou cerca de "10 pontos" para esse novo disco e isso realmente é por causa do entusiasmo de Andrew e, novamente, ele pulando pra cima e pra baixo e nos dizendo: 'Tentem de novo!' e depois falando: 'Ok, conseguimos!' E partimos para a próxima música. Ele nos incentivou a tocar o melhor que pudéssemos e é difícil para nós ouvirmos sugestões de outras pessoas, porque nós mesmos já temos muitas ideias para as canções.


Jornalista: Quando foi a última vez que alguém se "atreveu" a fazer isso com vocês?

McCready: Já faz muito tempo, provavelmente com Brendan O'Brien (que esteve com a banda atuando como produtor ou em outra função desde 1993 até 2018).


Jornalista: A 1ª ou a 2ª série de álbuns com ele sendo produtor?

McCready: Eu diria que em ambas. Quero dizer, eu amo Brendan O'Brien e fizemos tantos discos incríveis com ele. Já Andrew faz parte dessa nova geração de produtores que sabem exatamente o que querem ouvir. Brendan também era assim, um grande produtor que possui uma visão geral do que a sua banda pode ser e que talvez você não consiga enxergar. E Andrew tem isso de sobra também, ele quer que o nosso som seja como a energia dos primeiros tempos, mas com uma música que é do atual presente. Eu sei que eu continuo repetindo isso, mas ele chutou as nossas bundas da melhor maneira possível.









Jornalista: Vocês já tinham algum material pronto ou escreveram tudo no estúdio quando se reuniram?

McCready: Escrevemos tudo na hora.


Jornalista: Vocês já trabalharam assim antes?

McCready: Não sei se isso já aconteceu... Sempre nos reunimos antes de entrarmos no estúdio e trabalhamos em gravações demo com os nossos próprios amigos. Richard Stuverud (baterista do THE FASTBACKS) fará coisas com Jeff Ament (baixista do PEARL JAM). Eu também irei tocar algumas coisas e depois vamos trazer essas coisas para a banda principal e obter o feedback que terá. Pode tanto ser: "Gostei disso" ou "Não estou me conectando a isso". Mas sempre chegamos com muita coisa à mesa, o que é um bom problema para se ter. Porém, dessa vez, não trouxemos nada ao estúdio. Foi intrigante, mas um pouco assustador.


Jornalista: Você estava ansioso para mudar a maneira como tem feito isso por tantos anos?

McCready: Houve um pouco de ansiedade, mas também sinto que estamos num ponto em nossa carreira que podemos arriscar e não querer ficar fazendo a mesma coisa. Acho que temos a mentalidade de estarmos abertos a isso. Andrew nos disse para não trazer nenhum de nossos amplificadores, exceto a bateria de Matt Cameron. Andrew, assim como Brendan, sabem exatamente como cada amplificador soa e o que eles farão. E eu não sei de nada até que eu comece a tocar e só sei que estou gostando de ouvir.


Jornalista: Talvez você precise comprar para Andrew uma dessas novas guitarras exclusivas de sua assinatura.

McCready: Dei a Andrew um dos modelos de réplica lançado em 2021 e ele adorou. Acho que, antigamente, em termos de guitarrista, ele era um grande fã meu.


Jornalista: Você está dizendo isso com um tom de voz incrédulo.

McCready: Um pouco... Posso lhe contar uma história engraçada? Estávamos fazendo um show em New York, no Irving Plaza, o que deve ter sido há mais de 15 anos atrás, quando Andrew tinha 15 anos de idade. Quando eu estava saindo depois do show, havia uma pessoa com o seu filho esperando nos bastidores para falar com alguém da banda. Quando estou passando, essa pessoa me diz: "O meu filho aqui, Andrew, quer realmente tocar música, mas eu quero que ele vá para a faculdade", e eu lhe disse: "Bom, o mundo da música é muito difícil, certo?" e me transformei em meu próprio pai naquele momento (risos). Eu falei: "É muito difícil. Você precisa ter algo em que se apoiar. Eu acho que você deveria ir para a faculdade, mas também deveria tocar música e se divertir com isso". Nós brincamos sobre isso agora, porque ele não foi para a faculdade e agora é um produtor multimilionário, apesar de eu ter dado a ele más conselhos!



Jornalista: Para finalizarmos, não foi um mau conselho. Apenas um conselho seguro.

McCready: Sim, exatamente. Ele não me ouviu e se tornou um grande produtor. Eu nunca soube dessa história até começarmos a trabalhar com ele nesse novo álbum. Ele era fã e é fã da banda, então, isso ajudou na confecção desse disco.















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