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  • by Brunelson

Mike McCready: guitarrista do Pearl Jam nomeia as 05 músicas que definiram a sua carreira


O guitarrista do PEARL JAM, Mike McCready, foi entrevistado pela revista Guitar Player e dentre vários assuntos, ele nomeou as suas 05 principais músicas pelas bandas que tocou e que definiram a sua longa e bem-sucedida carreira.


Os solos clássicos influenciados pelo hard rock e blues de Mike McCready fazem parte do som característico do PEARL JAM, desde que eles se formaram sob o nome de MOOKIE BLAYLOCK em Seattle no ano de 1990.

Assinando com a Epic Records em 1991, eles mudaram de nome e lançariam o seu álbum de estreia, "Ten", um avanço que gerou 03 singles de sucesso – “Alive”, “Even Flow” e “Jeremy” – e estabeleceu a banda como uma grande força na cena musical dos anos 90.

PEARL JAM desenvolveu um som contemporâneo ao florescente movimento grunge, mas não teve medo de referenciar elementos do rock clássico em seus arranjos musicais.

Tocando ao lado do outro guitarrista do PEARL JAM, Stone Gossard, McCready trouxe elementos de Jimi Hendrix, Stevie Ray Vaughan e David Gilmour recorrendo servilmente aos seus licks de guitarra.


PEARL JAM sempre manteve um alto grau de controle de qualidade sobre a sua música, lançando 11 álbuns de estúdio ao longo de uma carreira de 30 anos.

O último disco foi lançado em 2020, "Gigaton", que seguiu após um intervalo de 07 anos em relação ao álbum anterior, "Lightning Bolt" (10º disco, 2013).

Refletindo o seu amor por Stevie Ray Vaughan, em 1991 McCready comprou o que pensava ser uma Fender Stratocaster de 1959.

“Foi a primeira guitarra cara que eu tive”, explicou McCready. “Ela já estava meio arranhada nas laterais, mas ficou muito pior desde que a comprei. Eu amo guitarras que parecem gastas e coloquei uma chave de cinco vias porque ela tinha a chave original de três vias e eu uso todas as posições de chave na Stratocaster, então, eu realmente aproveito toda a quilometragem das suas opções sônicas".

“A Fender queria fazer um modelo personalizado pra mim e replicando todos os detalhes dessa guitarra, então, eles ficaram com ela por alguns dias para medir e fotografar tudo e quando eles a trouxeram de volta para mim, eles me disseram que na verdade não se trata de uma Stratocaster '59, mas que é uma Stratocaster '60.

“Fiquei totalmente chocado. Eu senti como se estivesse vivendo uma mentira por anos”, ele riu. “Eu até tenho uma tatuagem de '59, então, preciso adicionar um ‘+ 1’ a ela”.


Apesar dessa revelação, naquele momento McCready ficou impressionado com o trabalho que a Fender fez: "Eles fizeram um trabalho tão bom que cheguei a confundir o novo modelo com o original algumas vezes”, ele admitiu.

“Eu me perguntei por um momento se o meu original poderia parecer um pouco diferente depois de desmontado e remontado, mas estava nas mãos de mestres construtores, então, aquele feeling ainda estava lá quando a peguei de volta".

“Talvez, acho que fiz uns mil shows com ela, então, é uma parte de mim... Estamos trabalhando em um modelo de assinatura mais acessível agora, porque obviamente esse modelo Custom Shop de edição limitada é uma guitarra relativamente cara”.

McCready se apresentou com muitos artistas ao longo dos anos, incluindo a banda TEMPLE OF THE DOG junto com o falecido vocalista do SOUNDGARDEN, Chris Cornell (1964-2017), assim como o grupo MAD SEASON que era liderado pelo falecido vocalista do ALICE IN CHAINS, Layne Staley (1967-2002).


Mais de 30 anos depois, McCready está mais entusiasmado e empolgado com a música do que nunca.

"É muito bom ter uma base de fãs tão grande que ainda queira nos ver. Isso ainda me surpreende e mantém tudo emocionante ano após ano”.

E quando perguntado pela revista quais eram as músicas que poderiam definir a sua carreira - das bandas as quais Mike McCready fez parte - o guitarrista do PEARL JAM citou 05 canções e explicou o porquê:


Banda: TEMPLE OF THE DOG

Música: “Reach Down” (1º disco, "Temple of The Dog", 1991)

Esse foi o primeiro álbum legítimo que eu toquei e gravei. Chris Cornell gravou uma demo para essa música que foi simplesmente espetacular. Ele tocou tudo nela e eu me lembro dele me dizendo: "Hey, vamos fazer a primeira música do disco durar uns 11 minutos, só para irritar a gravadora!" (risos)

Chris havia me dito: "Vamos precisar de uma longa parte principal na música para esticá-la", e eu estava muito nervoso, sabe? Eu queria ter certeza de que não estava exagerando e que estava respeitando a música que ele havia feito. Eu fiz uma gravação e Chris me falou: "Acho que você pode fazer melhor", e então, ele saiu para fumar um cigarro.

Eu realmente levei a sério na próxima gravação. Eu tirei todos os truques que aprendi até aquele ponto ouvindo Stevie Ray Vaughan e Jimi Hendrix, coisas para alternar em tudo, mas não pensei em nada disso naquele momento, eu estava apenas tocando, sabe?

No último minuto e meio do solo os meus fones de ouvido caíram, mas eu estava tão envolvido que continuei tocando. Essa é a minha opinião sobre essa gravação, que de alguma forma eu realmente canalizei algo especial.

Acho que as pessoas não estavam tocando tanto solos longos naquela época e ainda sou muito grato a Chris e aos caras da banda por me darem a oportunidade de realmente colocar a minha própria marca em uma música tão boa.


Banda: PEARL JAM

Música: “Present Tense” (4º disco, "No Code", 1996)

Eu escrevi essa música num momento em que estava tentando experimentar e fazer coisas diferentes. Tinha acabado de chegar com esse riff e comecei a cantar algumas letras e os caras da banda me ajudaram a arranja-la.

Eu gosto de ter muita dinâmica em minhas músicas e senti que isso era algo que realmente poderíamos construir quando fôssemos apresenta-la nos shows. A introdução é somente eu e Eddie Vedder (vocalista) e ouvir a plateia cantando a letra quando tocamos essa parte ao vivo é imensamente emocionante e satisfatório.

A música é sobre manter as coisas no tempo presente e não tropeçar demais no futuro ou se preocupar com o passado. Eu amo essa ideia... Se eu puder ficar no tempo presente, a minha vida é muito melhor.

Esta canção está na afinação em Ré, com o Sol afinado em F#. Há muito espaço na música e acho que estou usando um pedal MXR Phaser 90 na introdução e a canção se constrói a partir daí.

Todo mundo na banda está ciente do espaço que ela gera entre as notas e pensando no que não colocar na música. Isso é uma coisa de David Gilmour que eu peguei (vocalista/guitarrista do PINK FLOYD). Ele usa o espaço para deixar os seus solos respirarem.


Banda: PEARL JAM

Música: “Given to Fly” (5º disco, "Yield", 1998)

Gravei o álbum do MAD SEASON, "Above" (1º disco, 1995), com Layne Staley, na época em que escrevi essa música em 1994. Esta canção foi um grande negócio pra mim, porque foi a primeira vez que eu fiquei sóbrio desde então e gravar aquele álbum do MAD SEASON me deu a confiança de que eu poderia realmente fazer isso e escrever músicas em um novo estado de espírito para o PEARL JAM.

No dia em que a escrevi, estava nevando em Seattle. Eu estava tocando em diferentes afinações e tive este sentimento eufórico, tipo: "Nossa, eu posso escrever esse tipo de música agora" e senti que tinha uma nova confiança.

Antes disso, o fato de haver tantos grandes compositores no PEARL JAM me fez sentir menos confiante em apresentar as minhas músicas, mas com a canção "Given to Fly" senti que poderia realmente me relacionar com as letras que Eddie havia criado. Foi um ponto de virada para mim e é uma das minhas músicas favoritas de todas as que já escrevi.

Ajustei a minha guitarra Stratocaster '60 na afinação em D e sem desafinar a corda G para F#. Quando você muda de afinação, isso o força a tocar de uma maneira diferente. Recentemente tenho feito muitas coisas em afinações padrão, mas usando capotraste para mudar a sensação do que estou tocando.

Eu gosto de ser forçado a fazer coisas diferentes e uma afinação diferente realmente fará isso. Eu gosto de errar e aprender com isso e diferentes afinações ajudam nisso. Elas tiram você de todos os hábitos para os quais você gravita subconscientemente na afinação padrão.

Acho que gravei essa música com um Fender Bassman em um Marshall JCM800 e um 4x12 com quatro alto-falantes de 25 watts, e o meu pedal MXR Phaser 90.

Algumas pessoas disseram que soa um pouco com a música "Going to California" do LED ZEPPELIN. Isso nunca me ocorreu na época, mas certamente que irei copiar um pouco das coisas do LED ZEPPELIN em minhas músicas às vezes, mas esse não foi o caso desta (risos).

Robert Plant (vocalista do LED ZEPPELIN) veio a um de nossos shows na Suécia e brincando, me soltou uma dessas me provocando, sabe? Foi glorioso pra mim e Eddie até apresentou a música como sendo "Given to California" naquele show (risos).


Banda: PEARL JAM

Música: “Inside Job” (8º disco, "Pearl Jam", 2006)

Esta foi uma das primeiras vezes que escrevi letras para uma música, bem como toda a canção em si. Estávamos tentando prepará-la para esse álbum que estávamos gravando e já ficando sem tempo correndo contra o relógio. Já estávamos chegando ao limite e Eddie ainda não tinha nenhuma letra para ela.

Estávamos em turnê no México (e América do Sul em 2005) e eu lembro de pensar que se não inventasse uma letra para essa música naquele momento, ela não iria entrar no disco. Eu apenas sentei e escrevi o que estava sentindo, em termos de como é um trabalho interno para eu cuidar de mim mesmo, os meus conflitos internos ou qualquer outra coisa, e encontrar uma solução espiritual. Então, esse era o ângulo que eu estava olhando.

Lembro que, quando terminei a música e a levei para apresenta-la a Eddie, fiquei muito nervoso, tipo: "Ok, eu vou cantar para o Eddie, então?" (risos). Ele foi muito gentil comigo e tinha gostado da letra.

Quando voltamos daquela turnê e Eddie colocou os seus vocais nela, soou incrível! Eu realmente queria escrever uma música épica e acho que a banda me ajudou a conseguir isso. Toquei a introdução acústica por baixo daquelas notas estranhas e dissonantes que Stone colocou por cima, o que fez com que soasse mais sombria e fria.

Nos shows, eu vou totalmente a la Jimmy Page (guitarrista do LED ZEPPELIN) e a toco com a minha guitarra de braço duplo SG Gibson EDS-1275. Para essa música eu fiz questão de escrever realmente a minha parte do solo - em vez de improvisar - para sempre soar bem nos shows.


Banda: PEARL JAM

Música: "Sirens” (10º disco, "Lightning Bolt", 2013)

Estou tão feliz com a forma como esta canção ficou gravada e as letras de Eddie são realmente lindas. Eu queria realmente soar como uma sirene passando pela rua...

Foi outro solo que escrevi conscientemente para ser um elemento permanente na música. Eu estava tentando canalizar um pouco de David Gilmour e tinha assistido a turnê The Wall nessa época, que foi o show mais incrível que eu já vi na minha vida.

Eu amo David Gilmour e ele é o mestre do pedal Delay e sabe quando acertar exatamente aquela nota. Os seus solos são músicas dentro de uma música e quando tocamos o cover da canção "Comfortably Numb" do PINK FLOYD, eu tenho que fazer este solo exatamente nota por nota. Você não pode improvisar nele, porque simplesmente não vai soar bem.

Stone e eu estamos sempre conversando como os solos de David Gilmour são perfeitos. Eu diria que somente cerca de 10% dos meus solos são trabalhados/escritos, e o resto todo é improvisado.

Inicialmente, sou assim por preguiça e por não querer reaprender os meus solos. Depois de um tempo, descobri que as minhas 02 ou 03 primeiras gravações são as que ficam melhores.

O problema com takes/tomadas repetidas é que eu começo a pensar muito e tento encaixar coisas em partes que eu já gostava antes. Dessa forma a espontaneidade vai embora e nunca apresenta a mesma faísca original se eu ficar fazendo várias tomadas de gravação. Depois de umas 03 tomadas, geralmente não estou mais com aquele mesmo feeling.


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