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  • by Brunelson
    • 9 de jan.

Flea: "é uma bagunça, os sons se distorcem, os vocais estão desafinados, mas eu não mudaria nada"


Flea nunca foi esnobe em relação à música que ele ouve.


Desde tornar-se poético sobre o jazz até tocar a música mais funk rock conhecida pelo ser humano sendo o baixista do RED HOT CHILI PEPPERS, ele não é tímido ao apontar as suas maiores influências em cada gênero.





Embora Flea possa apreciar a beleza de ser um técnico musical atrás do baixo, uma de suas maiores inspirações veio da música sem qualquer mentalidade perfeccionista. Depois de começar no mundo do jazz, Flea rapidamente se apaixonou pelo punk rock quando criança, tornando-se membro da banda punk hardcore, FEAR, antes de encontrar a sua vocação no funk rock com o RED HOT CHILI PEPPERS.

E como o tempo é benigno em nos revelar coisas que já existiam, muito antes com Neil Young as manchas do punk rock já faziam parte do seu apelo, onde encontraria beleza nos erros em grupos do punk rock como o SEX PISTOLS.

Tornando-se conhecido como guitarrista da banda BUFFALO SPRINGFIELD, Neil Young rapidamente cairia em carreira solo, seguindo qualquer direção musical que lhe agradasse. Embora muitos fãs casuais do rock se lembrem de Young pelos seus clássicos folk como a faixa-título "After The Gold Rush" (3º disco, 1970) e a música "Heart of Gold" (4º disco, "Harvest", 1972), ele nunca se sentiu confortável em se estabelecer em um som único, brincando com o hard rock e já apadrinhando o grunge com o disco ao vivo, "Rust Never Sleeps" (1979), antes de passar para um som mais peculiar com desvios musicais nos álbuns "Trans" (12º disco, 1983) e "Everybody's Rockin" (13º disco, 1983).






E ainda em atividade com mais de 40 álbuns de estúdio lançados (que é somente a ponta do iceberg de toda a discografia de Neil Young), Flea não tem nada além de respeito pelo que Young vem fazendo em sua bela carreira. Ao ser entrevistado uma vez para escolher os seus álbuns favoritos, Flea considerou um de Young entre os seus artistas preferidos de todos os tempos, afirmando que o álbum "Zuma" é um dos melhores que ele já fez (7º disco, 1975).


Apesar de Flea ser conhecido como um mestre em seu instrumento, a beleza dos discos de Young veio das suas imperfeições e vulnerabilidade. Ao falar sobre outro álbum de Young, "Tonight’s The Night" (6º disco, 1975), Flea pensou que o elemento humano da música confere a esse álbum um caráter único, dizendo para a revista Rolling Stone: “É provavelmente o melhor disco de rock bruto já feito. É uma bagunça, com coisas gravadas tão alto que se distorcem, os vocais de fundo estão completamente desafinados e eu não mudaria uma única nota. É o espírito do que é o rock e é a razão de tocar rock”.

Comparado ao álbum anterior de Young, "On The Beach" (5º disco, 1974), "Tonight’s The Night" continua sendo o álbum mais manchado de seu catálogo devido à sua história trágica. Testemunhando a lenta decadência nas drogas do seu guitarrista de banda, Danny Whitten, Young derramou a sua alma nas músicas desse disco, soando como se estivesse à beira de um colapso emocional em certos momentos.




Embora Flea possa não ter convivido com Young essa ressonância emocional que gerou em seu trabalho, ele se viu recorrendo ao mesmo stress emocional ao trabalhar em várias músicas do RED HOT CHILI PEPPERS após a morte do guitarrista original da banda em 1988, Hillel Slovak, onde eles canalizaram a sua dor em canções em homenagem ao seu falecido companheiro de banda, escrevendo músicas da época como "Knock Me Down" (4º disco, "Mother's Milk", 1989) e passando toda a década seguinte e além compondo outras como "Otherside" (7º disco, "Californication", 1999), tudo tratando como contos de advertência sobre um amigo que levou os seus vícios a um passo longe demais.

Apesar de Flea ter um conhecimento enciclopédico de como tocar baixo, o poder por trás de Neil Young não pode ser ensinado em nenhuma escola de música. Se para alguns possa ser fácil tocar as mesmas notas através de uma leitura teórica, para Flea tratava-se era de sentir a música na alma antes da fita de gravação começar a rodar no estúdio.



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