Alice in Chains: "essa música é a obra-prima do nosso disco de estreia"
by Brunelson
há 15 minutos
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Líder em todos os sentidos da palavra, Jerry Cantrell (guitarrista e compositor desde sempre do ALICE IN CHAINS) conhece e compreende os mínimos detalhes da fusão entre arte e experiência.
Embora alguns vejam esse ato como uma transformação da tragédia em algo positivo, o ALICE IN CHAINS se tornou o grupo mais autêntico e pé no chão no momento em que Cantrell abraçou o delicado equilíbrio entre o "bem e o mal", iluminando a escuridão com uma luz que ele sabia que o acompanharia para sempre.
Pelo menos, esse foi o caso do 3º trabalho de estúdio do grupo, o épico álbum "Dirt" (1992). Embora ainda desfrutando do sucesso do seu disco de estreia, "Facelift" (1990), o grupo injetou algo a mais no álbum "Dirt" que o tornou ainda mais desafiador, apesar do instinto ambíguo de Cantrell sobre se era a coisa certa a fazer ou não: "É bom e ruim. É bom artisticamente, mas é ruim porque, se você for tão honesto assim, terá dificuldade para superar isso", havia dito Cantrell uma vez em entrevista.
A diferença entre os discos "Facelift" e "Dirt" não é apenas seu refinamento sonoro, é também a atmosfera geral profundamente enraizada, com o álbum "Dirt" se concentrando mais no som grunge profundo para refletir as histórias e mensagens que carrega consigo (vide as próprias histórias reais de Cantrell e do vocalista Layne Staley). Para Cantrell, foi um momento único, e é por isso que tantos se sentiram cativados imediatamente por esse disco. No entanto, também é um álbum vulnerável e ponderado em sua abordagem, em comparação com a energia exigente que emerge do disco "Facelift".
Como muitos primeiros álbuns de bandas iniciantes, "Facelift" tinha algo a provar. No entanto, muitos elogiam a recusa deliberada da banda em jogar pelo modo seguro, com muitas músicas parecendo já bastante maduras em suas realizações e insuspeitas sobre sua real crueza. Por exemplo, uma das canções lançadas no disco "Facelift", "Love, Hate, Love", é vocalmente encantadora, mas a tensão subjacente também lhe confere uma sensação atemporal e quase monolítica, menos como uma banda com tudo em jogo e mais como um vislumbre da natureza explosiva do que viria no álbum "Dirt".
E segundo Cantrell, essa música é a "obra-prima" do disco "Facelift", e é fácil entender o porquê: "Uma música realmente poderosa", Cantrell deixou escrito nas notas do encarte da coletânea "Music Bank". "Essa foi a obra-prima do nosso 1º álbum e realmente me arrepiou. Os vocais de Layne Staley ficaram incríveis nesta canção e ela apresenta um dos meus solos preferidos de guitarra que já criei".
Embora o elemento grunge persista, a música "Love, Hate, Love" foi tão marcante quanto o disco "Dirt" em toda sua íntegra, pelos muitos motivos pelos quais Cantrell posteriormente elogiaria o álbum "Dirt". Na época do seu lançamento, ele disse que as pessoas se sentiram atraídas pelo disco "Facelift" porque: "Nós realmente nunca nos contivemos".
É difícil não encarar músicas como "Love, Hate, Love" da mesma forma, especialmente porque é tão fácil sentir a força da energia que emana dela como algo visceral, além de encara-la como uma simples gravação de estúdio.
Em vez de ficarmos em uma dissecação interminável, talvez "obra-prima" seja a palavra certa. A música não é mais a única obra prima em toda a discografia do ALICE IN CHAINS - isso que Cantrell nem citou o hit do 1º disco que fez a banda ficar conhecida no mundo inteiro, a canção "Man in The Box" - o que só aumenta seu grau de importância ao lado das outras futuras composições que seriam lançadas.
E familiar ou não para o público mainstream, a canção "Love, Hate, Love" foi um momento que poucos lembram como significativo na história do ALICE IN CHAINS, uma incursão mais sutil em pura paixão e poder, discretamente evasiva, embora mais explosiva por isso.
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