top of page
  • by Brunelson

Steve Albini: produtor de "In Utero", "é estranho quando alguém diz que tive uma grande influência"


Steve Albini (foto, de chapéu), produtor do álbum "In Utero" do NIRVANA: “Me sinto estranho quando alguém diz que eu tive uma influência enorme nesse disco”.

Albini foi entrevistado pela revista britânica New Music Express e dentre vários assuntos, ele falou do seu tempo gravando o álbum "In Utero" do NIRVANA (4º e último trabalho de estúdio, 1993).










Sendo entrevistado em seu estúdio localizado na cidade de Chicago, o Electrical Audio Studios, o sempre franco Albini - que também produziu discos de bandas e artistas como PIXIES, THE BREEDERS, TAD, PJ Harvey e outros - disse que está sempre associado ao NIRVANA devido ao seu trabalho no álbum "In Utero" do grupo.

“Quanto a isso, pra mim é totalmente normal e é perfeitamente razoável”, disse Albini. “Se você nunca ouviu falar de mim antes e alguém está tentando me apresentar a você, eles vão citar os discos mais famosos em que trabalhei e o álbum ‘In Utero’ é o mais famoso”.

Albini disse que trabalhar na continuação do álbum de sucesso internacional que foi "Nevermind" (2º disco, 1991), se tratou de algo "bastante normal" pra ele, embora tivesse que prometer ao NIRVANA que todo o processo de gravação seria mantido em sigilo, para que ninguém da mídia ou os fãs aparecessem no local.

“Não havia nada fora do comum nas sessões que fiz com o NIRVANA”, disse ele. “Quero dizer, além de serem extremamente famosos, claro. Eu tive que fazer tudo o que pude para manter aquelas sessões em segredo para garantir que não fôssemos invadidos pelos fãs e pelo absurdo que vem adicionado em anexo. Essa foi a única coisa estranha sobre aquelas sessões de gravação".

Gravado a cerca de 80 quilômetros da cidade de Minneapolis em um estúdio fora da cidade em uma zona rural totalmente isolado de tudo, Albini e a banda procuraram trabalhar “em um lugar onde as pessoas não seriam predatórias” após a fama fenomenal do NIRVANA.

“Era longe o suficiente de qualquer pessoa que a banda conhecesse socialmente e não teríamos uma maldita equipe de TV na frente do estúdio todos os dias ou qualquer traficante tentando fazer negócios”, disse Albini. “Tínhamos que garantir que essa informação não se espalhasse. Sabe, o estúdio ficava dentro de uma mansão, era um estúdio independente e havia apenas um pequeno número de pessoas que trabalhavam lá. Eu realmente não queria contar este segredo a eles, então, reservei o estúdio em minha conta sob o pseudônimo de 'Simon Ritchie Band', que obviamente, era o nome verdadeiro de Sid Vicious (baixista do SEX PISTOLS)".

“Até as malas de viagem começarem a chegar pela transportadora um dia antes de começarmos e ninguém sabia de quem eram. Os cases dos amplificadores tinham o nome 'Nirvana' gravado em suas laterais e todos foram pintados com tinta spray por cima para que ninguém soubesse... Até os proprietários do estúdio não sabiam que era o NIRVANA que iria gravar lá”.

Albini, que se refere a si mesmo como um “engenheiro de gravação” em vez de produtor (pois ele não aceita receber royalties vitalícios, ele apenas cobra o valor "x" e está tudo bem), disse que trabalhar com o NIRVANA foi um processo tranquilo e lembrou-se de um encontro particular com Kurt Cobain que ele lembra com muito carinho.


“Quando a minha banda, BIG BLACK, fez a turnê de despedida alguns anos antes de gravarmos o disco ‘In Utero’, o show final foi em Seattle”, disse Albini. “Foi em um prédio estranho e industrial com um palco improvisado. Foi um show legal e no final quebramos todo o nosso equipamento. Me lembro claramente de um garoto me perguntando se ele poderia pegar um pedaço da minha guitarra quebrada que estava jogada ali no palco e lhe disse: 'Claro, vá em frente, pois é lixo agora'".

“Alguns anos depois, quando estávamos gravando o álbum ‘In Utero’, Kurt me mostrou aquele pedaço daquela guitarra que eu tinha quebrado e que ele havia guardado. Ele trouxe pra eu ver depois de todos aqueles anos e Kurt era aquele garoto do show".

O "modesto" Albini também minimizou a sua influência no disco "In Utero", dizendo que, com figuras icônicas como Kurt Cobain, a imprensa apenas procura histórias adicionais para incrementar mito à música.

“Sinto que há uma espécie de impulso nas partes secundárias da cena musical”, disse ele. “Os críticos, gravadoras e publicitários tentam encontrar uma história extra, tipo: 'Oh, esse cara, Steve Albini, estava envolvido nesses álbuns. Vamos ver se há alguma trama aí que possamos seguir como outra parte da história', quando honestamente a maior parte da história é muito superficial".

"Provavelmente sou a pessoa errada para falar sobre esse legado. De qualquer forma, meu papel no disco 'In Utero' é uma espécie de nota de rodapé. Eu estava lá quando os discos foram feitos e somente fiz a minha parte”.

Albini argumentou que trabalha na forma de colocar mais ônus em “uma boa banda” com “boas canções nas quais eles acreditavam” quando se trata dos álbuns que ele produz, em vez de querer destacar a sua própria influência.

“Eu me sinto estranho quando alguém diz que tive uma grande influência em algum disco”, disse Albini. “É como se você estivesse em um estádio durante um evento esportivo, onde você realmente não tem influência nenhuma no resultado. Foi uma experiência pra mim, eu estava lá quando aconteceu, mas não estava em campo jogando, certo? Sinto que recebo muita atenção indevida pelos discos em que trabalhei, onde tal disco seria muito bom da mesma forma, não importando quem estivesse sentado na cadeira produzindo".

“Se eu fosse a arma secreta ou o pó mágico da varinha da fada, então, todos os outros álbuns que eu produzi em 1993 teriam sido sucessos enormes e influentes. Você sabe, eu provavelmente gravei uns 100 discos em 1993..."

E sobre o seu próprio futuro, Albini finalizou: “Enquanto eu tiver todas as minhas funcionalidades do meu corpo trabalhando normalmente em mim, quero continuar trabalhando”.

Enquanto isso, a banda atual de Albini, SHELLAC, está programada para se apresentar nos festivais de verão agora em 2023 na Espanha e Portugal.


"Radio Friendly Unit Shifter" (Disco: "In Utero")




Mais Recentes
Destaques
bottom of page