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  • by Brunelson

Dave Grohl: "quando me mudei para Seattle, lá era a capital da heroína" - Parte 7


Confira a entrevista que o site Vulture havia feito com Dave Grohl, baterista do NIRVANA e frontman do FOO FIGHTERS, em divulgação ao seu novo livro biográfico, "The Storyteller: Tales of Life and Music".










Nesta 7ª parte que separamos para você, Grohl relata como foi o momento em que ele formou o FOO FIGHTERS e sobre a perda de vários amigos da cena musical de Seattle:


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Jornalista: Você passou os anos 80 e 90 tentando encontrar uma situação de banda estável. A banda SCREAM havia terminado e foi quando você entrou no NIRVANA. E depois do que aconteceu que ocasionou no fim do NIRVANA, quase vejo o FOO FIGHTERS como uma vida após a morte para você. Houve muita turbulência neste processo?

Dave Grohl: Você chega a um ponto em que não consegue mais se separar. Pare de tocar por 10 anos, mas não diga a ninguém que você terminou com a banda, ok? É como se os seus avós estivessem se divorciando, tipo, mas que porra eles iriam se divorciar? Se você olhar para os fundamentos dessa banda, éramos 04 pessoas que vieram de bandas que terminaram prematuramente. Nate Mendel (baixista) e William Goldsmith (baterista) vieram da banda de Seattle SUNNY DAY REAL ESTATE, uma das mais legais daquela época.

Grohl: E eu estava pensando em começar essa nova banda, mas não conhecia ninguém. Eu tinha um amigo em comum com Nate que disse: “SUNNY DAY REAL STATE estão se separando e eles irão fazer o último show neste final de semana”. Eu fui ver o show deles e pensei: "Eles tocam muito bem juntos. Vou dar a eles essa minha fita-cassete que acabei de gravar (que viria a ser o álbum homônimo de estreia do FOO FIGHTERS) e talvez a gente acabe tocando junto.

Grohl: E foi o que nós fizemos. O nosso 1º ensaio foi no porão da casa dos pais de William Goldsmith, que era onde ele morava. Nós formamos o FOO FIGHTERS quase da mesma forma que você monta a sua banda de garagem no colégio.

Grohl: Com Pat Smear (guitarrista) e eu vindo do NIRVANA, foi uma transição muito difícil de fazer porque, quando o NIRVANA acabou, acho que ninguém queria mais fazer música nunca mais, sabe? Apenas a ideia de sentar atrás de uma bateria partia o meu coração sem ter Kurt lá na frente do palco... Tive a porra de um sonho com ele novamente umas 02 noites atrás e tenho estes sonhos recorrentes com ele. Nos sonhos, a banda volta a ficar junta e nós fazemos tudo isso de novo. É uma viagem, cara.

Grohl: Krist Novoselic (baixista do NIRVANA), Pat e eu temos uma conexão diferente com essas músicas do NIRVANA do que qualquer outra pessoa. Quando as tocamos esporadicamente em nossas reuniões, nos lembra o quão longe está esse momento em nossas vidas e como ao mesmo tempo é natural toca-las tudo de novo. A ideia toda com o FOO FIGHTERS era para ser uma continuação da vida, sabe? Quando Kurt morreu, alguém de outra banda de Seattle chamada 7 YEAR BITCH me enviou um cartão dizendo: “Eu sei que você não tem vontade de tocar música agora, mas você vai ter e isso vai salvar a sua vida”. E essa pessoa estava certa! Demorou um pouco para chegar lá, mas o FOO FIGHTERS salvou a minha vida mesmo assim.


Jornalista: Eu estava pensando que cresci ouvindo grunge e como foi uma educação precoce e prolongada sobre a morte. Perdemos Kurt Cobain, Layne Staley, Chris Cornell, Kristen Pfaff da banda HOLE, Stefanie Sargent do 7 YEAR BITCH... Você já sentiu que a cena estava assombrada enquanto estava acontecendo nos anos 90?

Grohl: Não. Quero dizer, vindo da capital Washington, eu nunca tinha experimentado heroína. Eu ainda nunca experimentei e a capital Washington não era realmente uma cidade de heroína. Seattle era a capital da heroína e essa merda simplesmente aparece, sem falar no ambiente de Seattle onde tudo fica cinza e chuvoso durante 05 meses do ano. As taxas de alcoolismo são muito altas e há muito uso de drogas e heroína por toda parte. Não entendi isso quando cheguei em Seattle e não demorou muito para perceber que a cidade era a capital da heroína. Então, respondendo a sua pergunta, não, mas vou dizer que conheci muitas dessas pessoas e ao longo dos anos quando perdíamos uma delas, eu visitava os seus colegas de banda e isso partia o meu coração. Fui ao memorial de Chris Cornell e também estava lá conversando com alguns dos caras do ALICE IN CHAINS...


Jornalista: Que perdeu 02 dos seus membros originais...


Grohl: Sim, mas eu olhava para o pessoal da banda e dizia: "Caras, vocês ainda possuem um longo caminho pela frente..."


"I'll Stick Around" (1º disco, "Foo Fighters", 1995)


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