Queens of The Stone Age: “eu amo esse disco, mas nunca mais farei outro álbum desse jeito"
by Brunelson
há 41 minutos
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Houve muitos mascotes e logotipos animados no rock 'n' roll, desde coisas sinistras até figuras distópicas, mas a capa do 5º álbum de estúdio do QUEENS OF THE STONE AGE, "Era Vulgaris" (2007), representa muito bem o lado cômico do negócio.
Influenciados pelos antigos comerciais de Fred Flintstone, que vendiam cigarros Winston, uma série de amigos de desenho animado machucados e quebrados povoaram a capa e as notas do encarte do disco "Era Vulgaris", com o personagem chamado Bulby no centro da gangue, representando, de acordo com o frontman Josh Homme: "O que você percebe como uma ótima ideia, mas que na verdade não é uma ótima ideia".
Ideias eureka que acabam dando errado é um sentimento que atormentou a gravação desse álbum. A banda entrou ousadamente em um estúdio de Los Angeles sem uma única música escrita e viu o que poderia ser naturalmente evocado, no estilo Desert Sessions — o projeto de estúdio paralelo de improvisações de Homme com uma lista gigante de amigos em constante rotação. A falta de um plano de jogo resultou em sessões de gravação que duraram de julho de 2006 a abril de 2007, com o guitarrista do grupo, Troy Van Leeuwen, afirmando ter passado 10 meses exclusivamente focado nesse álbum do QUEENS OF THE STONE AGE.
Após seu álbum antecessor, "Lullabies to Paralyse" (4º disco, 2005), que foi onde o grupo começou a engatinhar ao querer abranger novos horizontes sonoros e que bateria o martelo de vez no álbum "Like Clockwork" (6º disco, 2013), o álbum "Era Vulgaris" optou a retornar à sua pegada robusta de garage rock que fez o QUEENS OF THE STONE AGE ficar conhecido originalmente.
Apresentando músicas que ficariam marcadas no setlist dos shows até hoje, como a crocante "Sick, Sick, Sick", a versão grunge da banda em "3's & 7's", a noise rock a la SONIC YOUTH em "Misfit Love", a que se tornaria uma das clássicas da banda e que não fica de fora de nenhum show em "Make it Wit Chu", além das canções "Turnin' on The Screw", "Battery Acid" e "Into The Hollow" que volta e meia são apresentadas nos shows, o disco "Era Vulgaris" impulsiona o ouvinte com energia constante e composição aguçada, considerando a falta de um plano de jogo inicial que tiveram quando entraram no estúdio para grava-lo. E outra, se você escutar esse álbum na íntegra em alto volume, ele cansa os nossos ouvidos de tão forte que soa.
“Eu amo esse disco, mas nunca mais farei outro álbum desse jeito”, disse Homme para a revista Uncut em 2013. “Ou pelo menos, acho que não farei mais... Meu objetivo é gravar discos cada vez melhores que não sejam ruins e eu realmente não me importo com o que tenho que fazer para isso. Em um mundo perfeito, a ideia é que cada um dos nossos álbuns lhe torne uma pessoa melhor, que você consiga entender melhor a vida que leva e o resto se resolverá sozinho”.
De muitas maneiras e de uma forma generalizada, o disco "Era Vulgaris" marcou a última vez que o QUEENS OF THE STONE AGE exerceria realmente sua antiga fórmula de som da forma que a banda ficaria conhecida quando surgiu no cenário rock.
Sendo assim, o espírito do rock 'n' roll é algo belo e não precisa cair em autoparódias. Isso era algo que Homme conhecia muito bem e foi o que moldou seus primeiros trabalhos até chegar no álbum "Era Vulgaris", com uma veneração sincera e fervorosa pelo que tornava a guitarra empolgante em 1º lugar.
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