top of page
  • by Brunelson

Dave Grohl: "o propósito da vida é crescer" - Parte 11 (última)


Confira a entrevista que o site Vulture havia feito com Dave Grohl, baterista do NIRVANA e frontman do FOO FIGHTERS, em divulgação ao seu novo livro biográfico, "The Storyteller: Tales of Life and Music".














Nesta 11ª e última parte que separamos para você, Grohl fala um pouco sobre o seriado "Sonic Highways" do FOO FIGHTERS, a situação do rock moderno e recebe algumas alfinetadas do jornalista:


------------------------


Jornalista: Incomoda você, como um super fã do LED ZEPPELIN, saber o quanto eles sacaram de artistas como Willie Dixon, Muddy Waters e Robert Johnson? LED ZEPPELIN ocasionalmente tocava rápido e solto do seu jeito, mas com os créditos de composição, frustrando os artistas de folk, rockabilly e blues que eles interpolaram e reinterpretavam, sendo que esse hábito resultou em anos de litígio. Em 1987, a lenda do blues, Willie Dixon, recebeu um acordo judicial pelos elementos que o LED ZEPPELIN criou para a composição para a música "Whole Lotta Love", só porque as pessoas, às vezes, tinham que entrar com um processo judicial para receber os créditos adequados...

Dave Grohl: Esse é o processo de outra pessoa, não o meu.


Jornalista: Vou colocar de outra forma... Quando falamos sobre os arquitetos do grunge, estamos falando sobre bandas como THE U-MEN e MELVINS. Não falamos sobre, digamos, Tina Bell. A história do rock and roll é limitada às pessoas que podem contar e estou curioso para saber como você, que é documentarista além de músico, aborda essa questão?

Grohl: Quando eu fiz o documentário "Sonic Highways" do FOO FIGHTERS (2014), que foi uma série de 08 episódios que explorou as histórias musicais de 08 centros culturais dos EUA por meio de entrevistas com lendas de cada cidade, o documentário foi criado simultaneamente com o nosso 8º álbum de estúdio, "Sonic Highways", com a banda gravando uma música em cada estúdio das cidades que visitávamos. Consegui falar com Buddy Guy sobre o seu início e sua mudança para Chicago, e ele me agradeceu por colocar os holofotes no blues. Ele estava com medo de que o blues um dia pudesse sumir, então, ele me dizia: “Continue passando adiante”. Sempre fui aberto sobre a música que me influenciou e dou muitos adereços a todas as pessoas que me ensinaram como tocar os meus instrumentos. Sempre adorei a ideia dessas raízes que crescem em algo que floresce nos próximos anos, ou sementes que são plantadas para a próxima geração.


Jornalista: Pensei nisso enquanto assistia recentemente e novamente ao episódio de Buddy Guy. Assim como, em seu trabalho no cinema e na televisão, a intenção pode ser criar um registro da história da música para as gerações futuras.

Grohl: Eu entrevistei umas 100 pessoas para aquela série. É uma história da música americana, tipo, não de toda a história, mas é uma grande parte dela. Percebi que essa história precisava ser ouvida para que as pessoas não apenas apreciem onde estivemos, mas tenham algo pelo qual ansiar. Eu acredito na linhagem da música, na evolução da música americana, a evolução da instrumentação, tecnologia e criatividade. O propósito da vida é crescer e ainda acredito que esse mundo louco da música em que vivemos agora é uma comunidade. Se eu estiver no palco e houver bandas do gênero que for à minha direita e uma artista à minha esquerda, estaremos todos juntos nisso. FOO FIGHTERS pode ser, tipo, o Crosby, Stills & Nash neste ponto, mas estamos juntos nisso.


Jornalista: Quando você vê veteranos como Eric Clapton e Van Morrison lutando ruidosamente nas batalhas erradas e perdendo o enredo, você se preocupa com a facilidade de perder o contato? O que o mantém no pulso?

Grohl: Hoje eu estava conversando com a minha mãe sobre como estou tão fora de contato com o pulso da cultura. Eu disse: "Você assistiu ao prêmio Emmy?" E ela me respondeu: "Sim". Eu falei: "Como foi?" E ela falou: “Foi divertido ver o que as pessoas vestiam, mas eu não assisti a nenhum daqueles programas”. Então, percebi que eu não assisto televisão há uns 05 anos, mesmo se eu fosse assistir a um programa, eu não teria a mínima ideia do que está acontecendo. A minha memória está cheia, você acorda de manhã, calça os sapatos e tenta andar em linha reta. É isso.


Jornalista: Ao longo do tempo, os seus colegas também homenageados no Rock & Roll Hall of Fame, Stevie Nicks e Neil Young, venderam parte ou todos os direitos de publicação dos seus catálogos. Você já pensou sobre isso ou consideraria?

Grohl: Eu entendo porque algumas bandas e artistas fazem isso. Uma banda mais jovem que enfrenta o fechamento de uma pandemia que pode não conseguir atravessar o outro lado, talvez seja este o motivo. Ou talvez você esteja em um ponto na sua carreira em que não quer mais pegar a estrada e tocar em todos os estádios e arenas, e deseja apenas cavalgar rumo ao pôr do sol, talvez seja esse o motivo. Não pensei nisso porque ainda estamos gravando discos e escrevendo canções. Tenho certeza de que chegarei lá algum dia, onde estarei, tipo: "Foda-se a turnê. Apenas pegue, cara. Eu vou vender pra você e apenas me dê a porra de um número".


Jornalista: Há pouco tempo atrás você expressou interesse em reunir o THEM CROOKED VULTURES para um novo álbum. Você tem seguido as alegações de agressão de Josh Homme?

Grohl: Eu não posso falar sobre isso, irmão, sinto muito. Não posso falar sobre isso e esse aí é um "não" bem duro.


Jornalista: Você cortaria o seu cabelo novamente?

Grohl: Com certeza, porra. Eu quero, mas as minhas filhas ficam falando: “Pai, não, você é muito feio. Não corte a porra do cabelo”. Jornalista: Como você se sente sobre o estado da música rock moderna? Grohl: Não tenho certeza do que "rock moderno" significa, mas existem alguns artistas que eu realmente gosto, jovens e velhos, que estão fazendo uma música legal pra caralho. Quando eu ouço um disco da Mitski, eu fico, tipo: "Isso me surpreende". Há coisas de que eu gosto e em seguida, há coisas pelas quais fico obcecado, sendo Mitski uma delas. Ou THE BIRD AND THE BEE, quero dizer, você não consideraria eles uma banda de rock moderno, mas meu Deus! Eu acho que eles são a melhor banda do mundo e esse é o nosso produtor, Greg Kurstin. É somente Greg e Inara no grupo e eles escrevem canções que ninguém mais poderia escrever. A banda japonesa de punk rock, OTOBOKE BEAVER, tipo, assista a esse vídeo de uma música chamada “Don't Light My Fire”. Vai explodir a sua mente, cara. É a merda mais intensa que você já ouviu, então, é claro que as coisas estão lá fora para escutar... Será o centro das atenções no Grammy do ano que vem? Quem se importa? Estou vendo alguém como a minha filha Violet descobrir isso todos os dias, então, pra mim, ela está onde está. Jornalista: Para encerrar, resolva um mistério de muito tempo para mim: por que Kurt Cobain às vezes mudava a letra da música “Smells Like Teen Spirit” de “nosso pequeno grupo” para “nossa pequena tribo”? Grohl: Eu não sei. Eu só estava tentando tocar bateria, cara... Qual é? Eu só estava tentando passar pelo show.


"Congregation" (Álbum: "Sonic Highways")


Mais Recentes
Destaques
bottom of page