Red Hot Chili Peppers: os 02 momentos na carreira quando Flea quis deixar a banda
by Brunelson
8 de jul.
3 min de leitura
Enquanto a porta giratória de guitarristas do RED HOT CHILI PEPPERS continuava a girar por toda sua carreira, o restante da formação clássica da banda se manteve uma constante para que seu núcleo continuasse a girar.
Anthony Kiedis (vocalista), Chad Smith (baterista) e Flea (baixista), foram a santíssima trindade de uma das bandas mais inovadoras da música moderna.
Um grupo cujo amor pela cidade de Los Angeles foi definido por suas criações turbulentas, onde a exposição ao abuso de substâncias em tenra idade era algo em comum. Kiedis foi exposto a substâncias pesadas muito cedo em sua vida, com ele e seu pai regularmente cheirando cocaína juntos ou fumando maconha. Com apenas 14 anos de idade, Kiedis usou (cheirou) heroína pela 1ª vez, após confundir um pó não identificado na sua casa achando que era cocaína, levando a décadas de abuso de opiáceos.
Enquanto isso, Flea estava vivenciando a adolescência através das lentes de uma criança hipercriativa, colocada em um lar cheio de volatilidade alcoólica e violência armada. Falando sobre seu padrasto em seu livro de memórias, "Acid For The Children", Flea relatou: "Walter ficava bêbado e algo o desencadeava, onde ele surtava e quebrava tudo em casa... Sabe, às vezes uma arma aparecia".
Já tinham passado 02 guitarristas pelo RED HOT CHILI PEPPERS antes da entrada de John Frusciante em 1988, onde o 1º álbum com a formação clássica da banda foi "Mother's Milk" (4º disco, 1989), sendo o primeiro com o baterista Chad Smith.
Mas foi com o álbum seguinte, "Blood Sugar Sex Magik" (5º disco, 1991), que fez o grupo ficar conhecido no mundo inteiro e mostrou a influência estilística de Frusciante na banda, com suas performances de guitarra mostrando sua influência em levar o grupo a novos e inovadores patamares. Para muita gente do público mainstream que conheceram o RED HOT CHILI PEPPERS através desse disco, muitos acreditavam que esse era o álbum de estreia deles e essa era a formação original.
Mas as alturas que o álbum "Blood Sugar Sex Magik" levou a banda foram, no final das contas, o que levou Frusciante a sair do grupo pela 1ª vez em 1992. Se tornando mega estrelas, a exposição instantânea ao sucesso levou Frusciante a recorrer à heroína para lidar com a pressão e seus problemas emocionais.
Depois de gravar o álbum seguinte sem Frusciante, "One Hot Minute" (6º disco, 1995), ele retornaria ao RED HOT CHILI PEPPERS para a gravação do álbum "Californication" (7º disco, 1999) e ficaria no grupo por mais 03 álbuns, antes de sair novamente da banda em 2009. Com isso, o que permanece claro até hoje é que cada disco em que Frusciante esteve envolvido se tornou o de maior sucesso da banda, tanto comercialmente quanto artisticamente falando.
Então, quando Frusciante deixou a banda em 2009 pela 2ª vez, os membros do RED HOT CHILI PEPPERS se esforçaram para descobrir que futuro eles imaginavam que lhes restavam.
Em uma entrevista de 2011 para a revista Q, Flea falou sobre esse momento específico em 2009 e que fez ele pensar em deixar a banda: "Eu pensei que se John Frusciante saísse novamente, eu definitivamente não iria querer continuar na banda sem ele. Mas depois que ele saiu, algo meio que mudou em mim e eu realmente descobri um amor profundo pelo RED HOT CHILI PEPPERS e particularmente por Anthony Kiedis".
A lealdade de Flea a Kiedis o fez permanecer ao lado do vocalista mais de uma vez, mesmo antes da entrada de Frusciante na banda nos anos 80. Dada sua criação difícil, Kiedis estava lidando com o vício em drogas desde o início da carreira do RED HOT CHILI PEPPERS e isso ameaçou sua existência antes de qualquer sucesso comercial.
Falando na introdução do RED HOT CHILI PEPPERS ao Rock and Roll Hall of Fame em 2012, Kiedis compartilhou uma história sobre a lealdade de Flea a ele e à banda: "Um dia lá nos anos 80, fiquei acordado até tarde demais, estava de ressaca e desmaiado, e acho que Flea tinha meio que chegado ao limite com a banda. Ele havia me dito: ‘Anthony, cara, você está todo ferrado e não sei se consigo mais fazer isso’. E eu saí do meu estupor, meio que esfreguei meus olhos e lhe disse: ‘Mas Flea, eu ia ser o James Brown dos anos 80’, e o olhar no rosto dele era, tipo: 'Que merda, mas você já não era? Ok, vamos continuar', e ele me perdoou”.
A anedota foi contada com humor, mas continua sendo um disfarce brilhante da realidade obscura que existia dentro da banda. Sofrendo verdadeiramente por sua arte, a música do RED HOT CHILI PEPPERS é uma representação sonora da experiência multicolorida da vida. Ao mesmo tempo sombria e colorida, ela retrata as realidades nas quais seus membros de banda sofriam, mas as realidades que também os uniam e os enviavam pelo caminho de se tornarem uma das bandas mais icônicas na história da música.
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