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Foo Fighters: lançando nova música, "Today's Song", em comemoração aos 30 anos de lançamento do seu álbum de estreia

  • by Brunelson
  • há 9 horas
  • 8 min de leitura

O frontman do FOO FIGHTERS, Dave Grohl, compartilhou o lançamento de uma nova música da sua banda, chamada "Today's Song". O grupo se recusou a revelar à imprensa quem toca bateria nesta canção, já que o ex-baterista do grupo, Josh Freese, foi dispensado da banda recentemente. 


Porém, em seu comunicado, Grohl se dirigiu a todos os ex-membros que passaram pelo FOO FIGHTERS no decorrer da carreira. Sua postagem e lançamento da música "Today's Song" se refere a celebração dos 30 anos do disco homônimo de estreia da banda, lançado em 1995.



Confira:


"O dia 24 de novembro de 1994 começou como qualquer outro dia sombrio no noroeste do Pacífico, sob o manto opressivo do céu outonal de Seattle. O outono já havia chegado há muito tempo e os períodos de luz do dia estavam ficando mais curtos, levando a maioria das pessoas a passar a maior parte do tempo em ambientes fechados, longe da chuva insistente e da escuridão. Parecia o clima ideal para um jantar formal em casa. Então, ao som dos pinheiros de 30 metros de altura chicoteando as rajadas de vento frio atrás da minha casa, preparei a mesa de jantar para a noite, arrumando cuidadosamente os lugares para cada convidado, alguns familiares, outros não, ansioso para ver aonde a noite nos levaria.


Porém, nem mesmo o maior médium do mundo poderia ter previsto o que nos aguardava poucas horas depois...


'Há um fantasma nessa casa?', perguntei baixinho ao tabuleiro Ouija, tocando-o delicadamente com as mãos enquanto os outros no porão observavam em silêncio e atônitos. Para meu espanto, o pedacinho de plástico barato em forma de coração sob meus dedos começou a traçar um círculo lento e suave pelo tabuleiro e pousou na palavra 'sim', confirmando minha crescente suspeita de que eu era de fato o orgulhoso novo proprietário de uma casa assustadoramente mal-assombrada nos tranquilos subúrbios do bairro Richmond Beach, ao norte da cidade de Seattle. Um tanto em choque, rapidamente guardei o tabuleiro Ouija, joguei-o de volta no armário onde ele pertencia e continuamos nossa noite - só que agora lá no andar de cima da casa.


Mas aquela noite não era para ser uma sessão espírita. Era para ser uma celebração.


Era o Dia de Ação de Graças.


Para aqueles ao redor do mundo que não participam deste feriado particularmente glutão, é um dia destinado a representar gratidão e agradecimento. Uma reunião de amigos e familiares, reunidos para expressar apreço pela colheita e bênçãos proverbiais da vida, sejam elas recompensas mais tangíveis (molho de cranberry em lata e marshmallows pequenos) ou presentes mais sutis da alma (amor e música). Tradicionalmente, é um banquete compartilhado com aqueles mais próximos de você, mas também pode ser uma oportunidade de abrir suas portas para aqueles que você nunca conheceu antes na vida e que precisam de um lugar para passar a noite. E nessa noite fatídica, havia um rosto novo entre amigos que logo descobri ser tão grato pela música quanto eu havia sido por toda a minha vida. Um jovem e ágil chamado Nate Mendel (baixista do FOO FIGHTERS), o que foi nosso primeiro encontro.


Alguns pratos cheios de comida, algumas garrafas de vinho, uma coisa levando à outra e em pouco tempo começamos uma nova banda com outros queridos amigos, Pat Smear (guitarrista) e William Goldsmith (baterista).


Nós resolvemos chamar esse grupo de FOO FIGHTERS.


Essa banda começou quase como uma desculpa. Um motivo para pendurar instrumentos no pescoço e fumar cigarros com as janelas fechadas, enquanto ouvíamos nossas fitas cassete favoritas e descíamos a toda velocidade em uma van pela rodovia interestadual em direção ao próximo palco escuro e pegajoso para um show. Todos nós já estávamos no ramo há algum tempo. Todos nós já tínhamos tocado em outras bandas e com outras pessoas, sendo que algumas terminaram cedo demais... Mas estávamos longe de terminar. Isso foi um desvio travesso e talvez necessário de maturidade, lembrando a nós 04 que nossos pequenos cérebros ainda estavam conectados como uma extensão sobrecarregada, faiscando com muitos fios de luz como uma árvore de Natal. Uma recusa infantil da vida adulta e uma luta feroz contra os últimos resquícios da adolescência (basicamente, estávamos apenas brincando).


Mas em pouco tempo, ficou claro que estávamos em busca de algo mais do que apenas uma fuga. Não necessariamente no sentido musical, mas mais como uma questão de vida. Era um novo começo, uma mudança e aquilo parecia certo. Tínhamos tropeçado em um brinquedo novinho em folha que veio sem instruções e com muita montagem necessária, então, começamos a montá-lo com muito cuidado, peça por peça.


Músicas, certo. Van, certo. Guias rodoviário, certo. E lá fomos nós, com profunda reverência por vidas passadas e uma fome insaciável de preencher essa lousa em branco com algo belo e de tentar fazer da 'coisa da vida' uma vida real.


Nossa primeira van, uma Dodge RAM de 1996 apelidada de 'Big Red Delicious', rasgou o asfalto de um Estado para outro até que literalmente houvesse cogumelos crescendo sob as camisas velhas e suadas enfiadas atrás dos bancos. Com um trailer sobrecarregado a reboque, cada show daquela 1ª turnê do FOO FIGHTERS com a lenda do punk rock, Mike Watt, parecia mais um bungee jump musical, rezando para que o cinto não arrebentasse antes de ser baixado de volta à segurança - mas estávamos sempre dispostos a pular de novo. Perdemos peso e ganhamos um tipo diferente de apetite, famintos por continuar, famintos por ver o que poderíamos fazer como banda, que tipo de música poderíamos criar e como poderíamos nos conectar com o público que viesse nos ouvir tocar. Estávamos estreando essa nova banda como um par de calças engomadas até ficarmos com grandes buracos desfiados nos joelhos de tanto tempo brincando no parquinho. Sobrevivemos à 1ª vez e escolhemos fazer de novo, e de novo e de novo. Porque esse brinquedo novo e brilhante ainda não estava totalmente montado.


Com o tempo houve mudanças. Dores de crescimento, talvez... O 'Big Red Delicious' desapareceu, substituído por um conjunto de rodas radiais muito mais robusto, cortesia de Chris Shiflett (guitarrista), Rami Jaffee (tecladista) e o incomparável Taylor Hawkins (falecido baterista). E embora agora fôssemos uma máquina refinada, tudo ainda parecia um tanto temporário, então, continuamos abastecendo o tanque com novos álbuns de estúdio e músicas como combustível, apenas o suficiente para nos levar ao próximo destino. Isso acabou se tornando o desafio, contanto que mantenhamos as mãos no volante para saber por quanto tempo conseguiremos dirigir essa coisa até que as rodas finalmente caiam.


Mas continuamos em frente, às vezes com uma direção clara, outras vezes vagando desesperadamente para encontrar o ponto de descanso mais próximo, mas nunca sem obstáculos. E foi exatamente isso que nos impediu de jogar as chaves em um lago próximo. Porque os desvios e a imprevisibilidade de tudo isso nos faziam sentir vivos. O que antes era uma 'desculpa' para existir, agora se tornara uma 'razão'. E a cada ano, a cada turnê e a cada álbum, as raízes se aprofundavam e a árvore ficava cada vez mais alta. Mas assim como a floresta atrás da minha casa balançava furiosamente ao vento frio naquela noite fatídica de 1994, são sempre as raízes mais profundas que impedem as árvores de cair nas tempestades mais fortes. E uma vez que nossas raízes se firmaram, percebemos que não havia como voltar atrás. 


FOO FIGHTERS agora era uma coisa de 'vida' e para sempre.


Nossa pequena caravana se tornou um comboio barulhento com apenas um mapa entre nós, e embora nem sempre concordássemos com um destino, sempre sentíamos que chegaríamos onde precisávamos, contanto que fôssemos juntos. Um com o outro e um pelo outro. Porque chega um ponto em que a palavra 'banda' substitui a definição comum e mais popular do termo usado simplesmente para descrever um grupo de músicos. A palavra pode assumir um significado totalmente diferente, tipo, com o tempo pode se tornar 'algo para prender e reforçar'. E essa banda certamente está unida e firmemente segura para não se desfazer, não importava a década. Ainda um trabalho em andamento e a montagem ainda necessária, mas o progresso constante faz parte do que nos torna quem somos como pessoas. Tenho orgulho de que ainda estejamos crescendo e nossas raízes agora profundas demais para serem arrancadas.


Para quem já olhou por trás da nossa cortina de flanela esfarrapada, certamente encontrará os mesmos rostos familiares que conduzem essa caravana há décadas. São relacionamentos que vão muito além do palco, sendo a música apenas um elemento do nosso vínculo. Amizades que antecedem o início desse pequeno experimento em que embarcamos, começando naquele jantar de Ação de Graças na minha casa mal-assombrada, na época em que shots de cerveja eram legais e antes da televisão se tornar um buffet lotado de serviços de streaming. Sem o apoio e a orientação de todos que passaram pela banda ao longo dos anos, certamente não estaríamos celebrando esse aniversário marcante com vocês hoje. Fomos abençoados com essa pequena tribo e unidos pelo amor. Agradecemos a cada um deles e eles sabem de quem estamos falando.


Ao longo dos anos, tivemos momentos de alegria desenfreada, momentos de desgosto devastador, momentos de belas vitórias e momentos de derrotas dolorosas. Consertamos ossos quebrados e corações partidos, mas seguimos essa estrada juntos, um com o outro e um pelo outro, aconteça o que acontecer. Porque na vida, você simplesmente não pode trilhar tudo sozinho.


É desnecessário dizer que, sem a energia ilimitada de William Goldsmith, a sabedoria experiente de Franz Stahl (ex-guitarrista) e a magia estrondosa de Josh Freese (ex-baterista), essa história estaria incompleta. Por isso, expressamos nossa sincera gratidão pelo tempo, pela música e pelas memórias que compartilhamos com cada um deles ao longo dos anos. Obrigado, senhores.






E Taylor... Seu nome é pronunciado todos os dias, às vezes com lágrimas, às vezes com um sorriso, mas você continua presente em tudo o que fazemos, em todos os lugares que vamos, para sempre. A imensidão da sua bela alma só se compara à saudade infinita que sentimos da sua ausência. Todos nós sentimos sua falta além das palavras. FOO FIGHTERS incluirá para sempre Taylor Hawkins em cada nota que tocarmos, até finalmente chegarmos ao nosso destino.


Recentemente, eu estava em um longo voo internacional e acordei com um pequeno post-it amarelo colado no meu assento, que dizia: 'Observe a lagosta e o Rabino xxx'. Sem saber de quem era aquela mensagem misteriosa, naveguei pela seleção de filmes e não encontrei nada com esse título. Então, fiz uma pequena pesquisa e descobri que não se trata exatamente de um filme, mas sim de uma história de crescimento. Veja bem, uma lagosta é um animal pequeno e carnudo que vive dentro de uma concha dura e rígida, e à medida que seu corpo cresce demais para sua concha, ela começa a sentir desconforto. Quando isso acontece, a lagosta instintivamente se refugia em um lugar seguro, descarta a concha menor, cria uma nova e ressurge. Mas eventualmente, essa nova concha se torna desconfortável à medida que seu corpo continua a crescer, então, ela se refugia novamente. Nova concha, novo crescimento e assim repetidamente. A questão é que os desafios da vida têm uma maneira de sinalizar a necessidade de mudança e crescimento, então, quando chega a hora, você se refugia, reconstrói e ressurge mais forte do que antes. Algo com o qual tenho certeza de que todos nós, como seres humanos, podemos nos identificar. E se você tiver sorte, poderá compartilhar esse processo com aqueles que você mais ama, estejam eles no palco ou fora dele.


Já se passaram mais de 30 anos desde que me sentei ao lado de Nate Mendel com as mãos naquele tabuleiro Ouija (e a última vez que toquei em um), mas agora percebo que não havia como prever o que seria de nossas vidas naquela noite. E assim como naquela tempestuosa noite de Ação de Graças em 1994, ainda sou grato pela vida, pelo amor, pela música e pelo mistério de onde esse caminho pode nos levar.


Vamos continuar andando.


Dave Grohl.


ps: Acordei hoje gritando por mudança. Eu sabia que precisava, então, aqui jaz uma sombra das 'cinzas às cinzas, do pó ao pó'.


Você sabe que nada pode te preparar. Não deixe que esse mundo cruel te compare e esperando que alguém te conserte.


Dois lados de um rio muito problemático para atravessar e que pode te levar pra baixo. A música de hoje. Nós vamos nos afogar no meio e de que lado você está? De um jeito ou de outro, a música de hoje.


Pode levar uma vida inteira para te encontrar. Pode levar uma vida inteira para te descontrair. Rezando para que haja alguma maneira de te lembrar.


FF30".


"Today's Song"


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