R.E.M: "sempre fomos parte dos anos 90 e tentamos nos comportar com integridade" - Parte 7

Em 2019, para marcar o 25º aniversário de outro álbum icônico do R.E.M, "Monster" (9º disco, 1994), o vocalista Michael Stipe e o baixista Mike Mills haviam sido entrevistados pela revista britânica New Music Express, falando sobre a turnê agridoce desse álbum que foi marcada pelas mortes de Kurt Cobain e do ator River Phoenix, ambos amigos de Stipe, além de outros assuntos como a separação amigável da banda em 2011.

* R.E.M: "queríamos fazer algo realmente alto e cru", sobre o disco "Monster" - Parte 1

* R.E.M: "há personagens conflitantes, mas a música é otimista e edificante" - Parte 2

* R.E.M: "foi uma loucura a turnê que fizemos junto com o Sonic Youth e o Radiohead" - Parte 3

* R.E.M: "tive conversas com Thom Yorke quando ele estava num bloqueio como escritor" - Parte 4

* R.E.M: "a canção mais direta do álbum é 'Let Me In', que fala sobre Kurt Cobain" - Parte 5

* R.E.M: "tínhamos nos retirado da esfera pública e o disco 'Monster' foi o nosso escudo" - Parte 6

* R.E.M: a música da banda que fala sobre o ator River Phoenix

Nesta 7ª parte que separamos para você, segue a entrevista onde eles falam sobre a cena musical em 1994:

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Jornalista: Você falou um pouco sobre a atriz Courtney Cox antes... Alguma música foi inspirada em assistir os episódios do seriado "Friends"?

Michael Stipe: Não, claro que não, mas acho que eles vieram primeiro a nós para que tivéssemos uma música tema para o seriado e dissemos não.

Mike Mills: Aparentemente, eles estavam pensando em usar a canção "Shiny Happy People" (7º disco, "Out of Time", 1991) como música tema.

Stipe: Então, eles foram para outra banda e lhes disseram: "Vocês poderiam escrever uma música estilo do R.E.M. para o seriado?", e eles fizeram isso. Foi o que eu ouvi falar e não quero desrespeitar essa outra banda... Não me lembro mais qual é a banda, mas eles criaram uma boa música.

Jornalista: THE REMBRANDTS.

Stipe: THE REMBRANDTS. Sim, é uma boa música.

Jornalista: 1994 foi um ano monumental para a música em geral. Você sentiu isso na hora? Obviamente, sabemos que nem sempre se sente um momento quando está vivendo nele.

Stipe: Não, você não sente, mas havia bandas como MY BLOODY VALENTINE, PIXIES, THE BREEDERS e toda aquela cena de Seattle que era incrivelmente brilhante.

Mills: Havia muitos sons de guitarra acontecendo. Não nos sentimos parte daquilo porque estávamos em nosso próprio lugar fazendo as nossas coisas, mas era bom para a música em geral que aquilo estava acontecendo. As guitarras estavam ótimas novamente em evidência e fazendo uma declaração.

Stipe: Houve muitas mensagens anti-capitalistas nas músicas e nenhum tipo de mensagem saturada. Estávamos respondendo a isso de uma forma, mas também tínhamos acabado de assinar um contrato com uma grande gravadora. Pelas guitarras, também havia esse sentimento de autenticidade e isso foi algo que o R.E.M. sempre incorporou e forneceu. De repente, estamos lá fazendo o que parecia ser o nosso disco mais inautêntico para os velhos fãs.

Mills: Isso mesmo. Se você olhar para os anos 90, ser uma banda que vendia muitos discos era ruim. Era tudo uma questão de integridade e ser verdadeiro. Por exemplo, você usava os seus malditos tênis de skate e era assim que deveria ser. Claro, tudo isso saiu da janela agora, mas na época fez uma grande diferença. Sempre fomos parte disso, tentamos nos comportar com integridade e ser fiéis às coisas em que acreditávamos. Aquilo se tornou popular nos anos 90, por isso foi bom ver tudo isso se concretizando em todo o mundo.

"Tongue" (Álbum: "Monster")