Um dos maiores obstáculos que qualquer banda tem que superar é a passagem do tempo.
Todo o apelo por trás de qualquer música é o quão bem ela funciona no momento em que foi gravada, e como a vida é imprevisível, quem sabe se essa música será relevante em 10 anos ou terá uma vida útil para todo o sempre?
Enquanto Josh Homme tentou manter a maior parte do seu material razoavelmente universal em qualquer projeto que trabalhou, seja como guitarrista do KYUSS e do SCREAMING TREES, ou como frontman do QUEENS OF THE STONE AGE e do THEM CROOKED VULTURES, uma vez ele admitiu em entrevista que havia uma certa magia em discos que continuam melhorando a cada vez que ele os ouve.
Mas os maiores álbuns de todos os tempos são geralmente aqueles que mantêm as pessoas ouvindo-o por diferentes excentricidades na música. Por exemplo, a maioria das pessoas não vai perceber cada detalhe de um álbum do PINK FLOYD na 1ª vez que o ouvem, e parte da alegria disso tudo é mergulhar em cada nota da guitarra de David Gilmour quando você está revisitando um disco do PINK FLOYD.
O que vale também para o álbum "Songs For The Deaf" do QUEENS OF THE STONE AGE (3º disco, 2002), onde parte do apelo é ouvir todas as esquetes de rádio que a banda insere entre cada música, mais parecendo que o ouvinte está em uma viagem de carro e mudando as estações de rádio a cada canção.
E para Homme, quando se fala de álbuns atemporais, ele remete aos anos 60 e mais especificamente ao CREEDENCE.
E não é por acaso, porque bem na verdade mesmo, CREEDENCE parecia o último grupo que alguém escolheria para dizer que se tornaria famoso. Eles pareciam qualquer trabalhador braçal ou lenhador comum tentando sobreviver em sua cidade natal do interior - mas esse era o ponto principal.
Nem toda banda precisava parecer um hippie das antigas para ter sucesso e é incrível como a sonoridade do CREEDENCE não envelhece, ficando a cada década mais saborosa como um velho vinho ou tão boa quanto uma madeira envelhecida de uma guitarra Fender das antigas - opinião unânime se você perguntar sobre o CREEDENCE para qualquer fã de rock e da música em geral.
“Na minha opinião, quando você ouve um álbum do CREEDENCE, ele soa melhor e mais atual do que um álbum atual. É natural, é atemporal e sua tonalidade soa ótima quando você aumenta ou mesmo quando diminui o volume. Estes são os principais fatores para um ótimo valor de produção”, havia concluído Josh Homme uma vez em entrevista.
É difícil argumentar realmente contra essa atemporalidade. Mesmo que alguns dos valores de produção possam soar um pouco retrô de um ponto de vista de fidelidade pura, músicas do CREEDENCE como "Fortunate Son" parecem ainda mais pertinentes hoje em dia, mesmo que várias pessoas ainda não tenham conseguido aprender a lição da mensagem desta canção ao longo de meio século desde que foi lançada.
Mas a longevidade nunca é algo em que alguém deve se concentrar quando está começando uma carreira musical - me refiro a artistas íntegros que vem de uma cultura, e não um produto. O frontman do CREEDENCE, John Fogerty, só sabia que podia escrever sobre o que estava ao seu redor e mesmo que tentasse ser o melhor para o seu tempo, o mundo ainda não se cansou de músicas como "Proud Mary", "Have You Ever Seen The Rain" e tantas outras - praticamente, toda a discografia do CREEDENCE.
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