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  • by Brunelson

Soundgarden: resenha do disco "Live on I-5" - Parte 2/2


Soundgarden

* Parte 2/2

Em 2011, a lendária banda grunge de Seattle, SOUNDGARDEN, lançava o seu 1º disco ao vivo, o poderoso "Live on I-5".


Como forma de preparativos em retomada de carreira, o grupo - separado desde 1997 e que havia retornado do seu hiato em 2010 - havia lançado no ano do seu retorno uma coletânea marcando a volta do SOUNDGARDEN, apresentando 01 música inédita, "Black Rain", e que havia ficado de fora do 3º álbum da banda, "Badmotorfinger" (1991).


Mas é nesse disco ao vivo, "Live on I-5" - esquentando as turbinas para o novo álbum de estúdio em mais de 01 década, que seria lançado em 2012 - que o SOUNDGARDEN simplesmente deixa o ouvinte de boca aberta, com a qualidade massiva em sua sonoridade, performance e interpretação.


E no encarte do livrinho que acompanha esse disco, consta um belo relato de Kim Thayil, guitarrista do SOUNDGARDEN, explicando e dissecando um pouco a história desse álbum.


Confira a tradução logo abaixo:




Totalmente ao vivo essa divindade da porra!


É difícil acreditar que a banda - que uma vez já foi matéria de notícias pelo fundador da Sub Pop Records, Bruce Pavitt, com a manchete: "Totalmente ao vivo essa divindade da porra!" - nunca havia lançado oficialmente um álbum ao vivo. Por quê? Eu não sei explicar, talvez seja um descuido ou uma negligência. Porém, fizemos uma tentativa fantástica durante o outono de 1996, quando Adam Kasper (co-produtor do álbum "Down on The Upside", 5º disco, 1996) voou conosco para gravar a banda em turnê.


A costa oeste da turnê foi a sessão de destino da banda com Adam. O nosso objetivo era documentar essas performances por conta própria, com a possibilidade de produzir conteúdo para lançamentos no exterior, lados-b ou um álbum ao vivo que estava sendo considerado. Alguns meses depois, todas as opções foram anuladas e não esperávamos que essa turnê fosse a última aventura continental da banda nos EUA.


As fitas foram gravadas e depois protegidas com muito ciúme por Adam, numa prateleira empoeirada na sua casa. Mais tarde, as fitas foram transferidas para o Studio X, em Seattle, onde elas acumulariam mais poeira ainda, até serem sacudidas no início de 2010, com o objetivo final de protegê-las nos cofres da Pearl Jam Industries Inc.


A aparente re-ignição do fã clube do SOUNDGARDEN e as preocupações de merchandising no início de 2010, motivaram o interesse de Matt Cameron (baterista) em produzir conteúdos para o nosso site recém-lançado: soundgardenworld.com


Adam, entendendo as nossas necessidades e tendo melhores poderes de gravação do que nós, pesquisou e encontrou dezenas de horas com apresentações ao vivo - bem como passagens de som - a fim de fornecer o conteúdo que Matt estava solicitando.


Depois de ter mixado várias músicas, Adam trouxe Matt para avaliar as gravações. Impressionado, Matt pediu para ouvir outras fitas de outros shows. Quando outras gemas foram posteriormente descobertas, Matt me ligou para informar sobre o andamento das coisas no estúdio e os seus resultados.


Minha parada no Studio X foi a caminho de algum bar/boteco. Quando cheguei lá e ouvi os materiais, aquilo me fez cancelar todos os planos para o fim de semana seguinte. No dia seguinte, eles mixaram quase 01 dúzia de canções que também nos surpreenderam. Foi maravilhoso relembrar o quão bem tocamos, mas também o quão bem estávamos nos balançando antes do nosso fim... Perguntei a eles como iríamos aproveitar e direcionar aquele tempo no estúdio com as gravações que estávamos escutando? Várias possibilidades foram fornecidas, antes que eu dissesse: "Parece que temos um álbum aqui ou mais". Matt e Adam sorriram e reconheceram o que se tornou óbvio.


No fim de semana seguinte, tivemos outra sessão que me fez visualizar um risonho Ben Shepherd (baixista) apontando para os alto-falantes. Ele estava além de empolgado, surpreso e impressionado. Aquilo foi muito emocionante de se ver... No dia seguinte, Chris (frontman) acenou com a cabeça e sorriu, como se um presente de Natal tivesse sido concedido a ele. Para ter uma sala cheia de músicos muito autocríticos, cada um com uma coleção de discos substanciais e criados com uma variedade de gêneros e influências musicais - sendo movido e divertido naquele momento por suas próprias performances inéditas - não resta dúvida de que descobrimos e produzimos um disco "totalmente ao vivo essa divindade da porra!"


Houve muitas grandes atuações nessas fitas, mas reunimos aquelas que sentimos que tinham os melhores sons gravados, além de se destacarem por excelência com improvisações emotivas e/ou interpretações únicas de riffs e frases musicais. Conseguimos capturar a espontaneidade dos nossos shows dada a imprevisibilidade do temperamento da banda, do nosso nível de sobriedade ou embriaguez, bem como o comportamento do público e o grau em que o humor deles pode ser modificado - essas gravações demonstram a ostensibilidade dessas canções. Paradoxo de um show do SOUNDGARDEN realizado proficientemente, embora pareça soar inacabado musicalmente, mas tudo apertado e solto simultaneamente.


Talvez livre, sem considerar os limites tradicionais do rock pesado.


A seleção das músicas reflete os critérios acima, principalmente enfatizando muitos clássicos do SOUNDGARDEN e alguns lados-b dos álbuns, junto com alguns covers que adoramos, como a música "Search and Destroy", que é o hino punk metálico de Iggy Pop com os STOOGES, além da canção "Helter Skelter", que aqui nesse disco soa musicalmente exclusiva como SOUNDGARDEN. Você só a reconhecerá por algumas passagens líricas tiradas do original dos BEATLES.


O título "Live on I-5" refere-se à autoestrada da rodovia interestadual da costa oeste dos EUA, onde esses concertos foram tocados e gravados. Queríamos representar o maior número possível dessas cidades e datas, mantendo os critérios acima mencionados. Existem algumas datas que não entraram no álbum, mas estarão disponíveis em outros pacotes de lançamentos, porque também planejamos lançar uma série de canções estelares gravadas durante as nossas passagens de som - antes dos shows - e que não tinha nenhuma audiência.


Conseguimos colocar um monte de material nesse disco (CD e vinil), maximizando o tamanho do álbum sem comprometer a apresentação sonora. Ainda mais divertido é que o mesmo álbum, áudio e tempo de execução, foram incluídos em 02 discos de vinil, fornecendo a sua versão no clássico formato duplo ao vivo.


Então, aqui estamos com tudo o que você espera de um álbum do SOUNDGARDEN. Alto, pesado, selvagem, único e pela 1ª vez, ao vivo!


Kim Thayil

Janeiro de 2011


Track-list:


1. Spoonman (Del Mar, California - 30/11/1996)

2. Searching With My Good Eye Closed (Del Mar - 30/11/1996)

3. Let Me Drown (Del Mar - 30/11/1996)

4. Head Down (Seattle - 18/12/1996)

5. Outshined (Del Mar - 30/11/1996)

6. Rusty Cage (Vancouver - 07/12/1996)

7. Burden in My Hand (Salem - 08/12/1996)

8. Helter Skelter (Del Mar - 30/11/1996)

9. Boot Camp (Del Mar - 30/11/1996)

10. Nothing to Say (Seattle - 18/12/1996)

11. Slaves & Bulldozers (Oakland - 05/12/1996)

12. Dusty (Oakland - 05/12/1996)

13. Fell on Black Days (Oakland - 05/12/1996)

14. Search and Destroy (Seattle - 18/12/1996)

15. Ty Cobb (Del Mar - 30/11/1996)

16. Black Hole Sun (Seattle - 17/12/1996)

17. Jesus Christ Pose (Oakland - 05/12/1996)



Confira o áudio da canção "Spoonman", tirada desse disco ao vivo:

* Não acompanhaste a 1ª parte dessa resenha. É só clicar aqui.

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