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Max's Kansas City: quando o clube noturno de New York recebeu o Bad Brains e o Beastie Boys em sua noite de encerramento

  • by Brunelson
  • 31 de ago.
  • 3 min de leitura
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Sempre que a tapeçaria musical da cidade de New York dos anos 70 é explorada, o clube CBGB está tipicamente no centro da explosão e nascimento do punk rock. 


No entanto, outro pico da cidade, o clube Max's Kansas City, era o 2º lar do punk rock e dependendo de quem você perguntasse, superava o aclamado CBGB com sua vibrante reputação de um caldeirão cultural mais artístico de inovadores sociais e criativos. Ainda mais por ter sido fundado quase 01 década antes do CBGB.


“Tinha muita competição entre o Max’s Kansas City e o CBGB”, disse a vocalista da banda ELECTRIC CHAIRS, Jayne County, para a revista Rolling Stone em 2017. “Mais da comunidade gay frequentava o Max’s Kansas City, mas não era um lugar gay. Era um lugar para artistas e aceitava todos os tipos de pessoas”.


Originalmente inaugurado como uma discoteca e restaurante em 1965, especializado em "bife de lagosta com grão-de-bico", como sua placa externa orgulhosamente anunciava, em poucos anos tornou-se o principal ponto de encontro alternativo da cidade, com poetas e artistas como William Burroughs, Andy Warhol, Iggy Pop e Jim Morrison passando por suas famosas portas duplas. Lou Reed até fez seus últimos shows com o VELVET UNDERGROUND nesse pico em 1970.


Após sua renovação e reabertura sob a gestão de Tommy Dean Mills e Laura Dean em 1975, inicialmente com a intenção de capitalizar sua discoteca, o Max’s Kansas City logo se tornou um núcleo duplo junto com a onda punk rock crescente do clube CBGB. Com a assistência promocional do empresário/agenciador de eventos, Peter Crowley, bandas como o THE CRAMPS, BLONDIE, RAMONES, MISFITS e outras, começaram a migrar para o Max's Kansas City, com o próprio David Bowie também fazendo suas visitas. 


“Quando Peter Crowley começou a agendar os shows para o Max's Kansas City, eles tinham as merdas mais estranhas que você já tinha escutado", disse a atriz e artista musical, Lydia Lunch, ao jornal britânico The Guardian em 2024. Ela estava à frente da sua própria banda na época, a TEENAGE JESUS AND THE JERKS, durante o auge do Max's Kansas City. “Me refiro a grupos que eram muito diferentes entre si e era muito especial”.


À medida que o local se afundava em dívidas e Mills foi preso por falsificar notas de US$ 100 dólares em seu porão, o Max's Kansas City anunciou seu show final em 11 de dezembro de 1981. Vendo a cortina final do Max's Kansas City se fechando, estavam os pioneiros do hardcore da capital Washington, BAD BRAINS, com o apoio de um novo grupo punk hardcore pouco conhecido de New York, chamado YOUNG ABORIGINES - que depois mudaria seu nome para BEASTIE BOYS.


Inicialmente formado por uma paixão pelo jazz, o vocalista original do BAD BRAINS, Sid McCray, apresentou o punk rock aos seus futuros colegas de banda, e inspirando-se na música dos RAMONES, eles mergulharam de cabeça no mundo do punk hardcore e eventualmente trazendo raízes do reggae à mistura em suas músicas. Saltando para os vocais principais após a saída de McCray, a energia selvagem do vocalista HR alimentada pelo ataque furioso da guitarra de Dr. Know, levou a multidão a um frenesi e choque tão grande, que a maioria das gravadoras de sua cidade natal se recusou a contratá-los, daí seu clássico título para a coletânea de 2003, "Banned in DC".


Enquanto isso, o YOUNG ABORIGINES estava explodindo sua própria variante punk hardcore de alta velocidade em New York, muito antes do produtor Rick Rubin empurra-los para o caminho do rap e consequentemente criando as origens do rapcore através do BEASTIE BOYS.


E assim, BAD BRAINS e YOUNG ABORIGINES fizeram o show de encerramento do Max's Kansas City em 1981. O legado do clube continua vivo com o site Max's Kansas City Project ajudando artistas emergentes com bolsas e financiamento para apoiar músicos iniciantes que navegam em um clima econômico muito diferente daquele que os punks originais atravessaram muito antes do aperto mortal da gentrificação, motivo que fez o pico fechar as portas, assim como foi para o clube CBGB que resistiu até 2006.


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