Thom Yorke: "essa música de Neil Young é uma força da natureza”, disse o vocalista do Radiohead
by Brunelson
há 8 horas
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Na vida moderna o sentimento de insegurança emocional é um traço universalmente predisposto.
A navegação na internet é praticamente um treino de academia para os músculos onde reside a desconfiança, e o mundo não parece estar desacelerando em sua trajetória rumo ao darwinismo digital, onde a comparação e ostentação realmente rouba das pessoas qualquer alegria passageira.
Mas nas sombras dessa paisagem estão músicos que exibem abertamente as sensibilidades que consideramos únicas para nós, meros mortais, e nos dão vislumbres de compreensão.
E apesar do seu megaestrelato, Thom Yorke é certamente esse artista.
O vocalista do RADIOHEAD tem sido a voz comovente em melodias suaves que dão um significado mais profundo à vulnerabilidade da vida cotidiana. E sua posição como vocalista de uma das bandas mais preciosas e culturalmente impactantes da música nunca comprometeu isso, pois eles têm sido consistentemente uma banda que buscou a autenticidade com firmeza. Independentemente do gênero explorado por seus respectivos álbuns, o sentimento de sua abordagem está enraizado em um senso de vulnerabilidade performática.
Mas como todos os grandes artistas atestam, chegar a esse ponto não é tarefa fácil. Embora o próprio ato de exibir uma visão sem filtros das suas próprias emoções seja algo inatamente natural, cada fibra do seu ser, especialmente se você for tão introvertido quanto Yorke, serve para se proteger da vulnerabilidade. E seu exército de fãs devotados ficaria encorajado em saber que ele também compartilha das mesmas sensibilidades que eles. A essência do seu ser é a de um personagem inseguro, porém profundamente complexo, tentando navegar pelo mundo enquanto busca angariar algum senso de propósito.
Quando perguntado uma vez em entrevista sobre seu processo de composição, Yorke disse abertamente: “A tentação... Quando as pessoas começam a ouvir o que você está escrevendo, elas também se preocupam e se angustiam sobre como as coisas soam ou como são percebidas”.
O som do RADIOHEAD é um verdadeiro paradoxo. Yorke e seus colegas de banda demonstram sua humanidade, e seja nos vocais de Yorke ou nas composições da banda, parecem ter uma capacidade transcendental de transmitir algo profundamente enraizado. No entanto, é uma banda talentosa que consegue exalar uma sensação de confiança técnica ao mesmo tempo, tornando a declaração de Yorke fácil e difícil de entender em igual medida.
Talvez seja aí que entra a comparação. Se tratando de uma característica que está no cerne do declínio social e emocional dos seres humanos, a grande maioria preocupada em tapar um buraco gigante dentro de si e que tenta esconder dos outros, mesmo os maiores músicos não conseguem deixar de atribuir a isso seu próprio senso de autoestima.
E falando sobre a diferença entre sua música e a de Neil Young - um dos seus ídolos - Yorke explicou que é a autoconfiança que os separam: "Me impressiona que Neil Young nunca se preocupou com isso, pois ele sempre se manteve completamente fiel", disse Yorke. "A canção dele, ‘The Needle and The Damage Done’, quero dizer, a única maneira possível de compor uma música assim é se ela simplesmente sair naturalmente de você - apesar de você. É como uma força da natureza, sabe? Quero dizer, todas as boas músicas são assim até certo ponto".
Young sempre teve a reputação de ter uma identidade firme e quando você ouve a clássica música "The Needle and The Damage Done", o argumento de Yorke fica cristalino. É inabalavelmente vulnerável e destaca a voz de Young em sinceridade e sem distrações. É um lugar assustador, mas brilhante para se estar como artista, com poucos alcançando-o com tanta beleza quanto Young fez.
Mas se Yorke acha que não pode se comparar a Young, então, no mínimo, ele está somente logo abaixo dele como um fiel discípulo.
"The Needle and The Damage Done" (4º disco, "Harvest", 1972)
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