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  • by Brunelson

Pearl Jam: baixista revela as músicas do álbum "Gigaton" que irão tocar nos shows


O baixista do PEARL JAM, Jeff Ament, passou os últimos 18 meses escrevendo músicas e pintando quadros durante a sua convivência com a pandemia.


Agora, ele foi entrevistado pela revista britânica Kerrang e falou bastante sobre o seu novo álbum solo, "I Should Be Outside", com letras que falam sobre amor e perda que sobrecarregam o disco - admitindo que é o seu trabalho solo mais pessoal até agora - e também sobre o retorno iminente aos shows com o PEARL JAM.


Confira alguns trechos dessa matéria e entrevista:

No início, Jeff Ament não foi diferente de todos nós durante a pandemia. Com os planos de turnê do PEARL JAM congelados - o grupo ainda não conseguiu fazer shows em divulgação ao último álbum de estúdio, "Gigaton" (11º disco, 2020) - o baixista ficou em casa com a sua esposa no estado de Montana e assistia as notícias sobre a covid.


Foi quando ele percebeu que precisaria mudar a rotina para ocupar sua atenção.

“A principal diferença entre eu e os outros caras do PEARL JAM é que eu não tenho filhos”, disse Ament. “Eu tenho que me manter ocupado”.

O que ele precisava era de uma grande distração auto imposta, então, Ament entrou em estúdio. Foi difícil, mas acabou gerando uma das etapas mais prolíficas de sua carreira num espaço de 18 meses. Não apenas o PEARL JAM lançou um grande álbum, mas Jeff Ament lançou solo o EP "American Death Squad" e mais recentemente o seu novo álbum, "I Should Be Outside".

Além de exercer as suas tarefas em pinturas artísticas, se movendo entre a mesa de arte e o estúdio de gravação todos os dias.



“Na verdade foi ótimo ter uma distração, porque se uma coisa não estivesse funcionando, você sempre poderia pular para a outra”, disse ele. “Sempre foi um sonho. Nos últimos 10 a 15 anos, eu sempre disse que iria me mudar para a Espanha e pintar quadros. Tenho certeza que todo músico em algum momento depois de uns 20 ou 30 anos de carreira, pensa na ideia um pouco clichê de se tornar um "músico pintor", mas eu estava na escola de artes antes de ser músico, então, sinto que consegui voltar e revisitar um pouco aquele meu primeiro amor, o que foi simplesmente incrível. É realmente uma alegria ir fundo e sair com alguns resultados em 01 ano e meio... Eu estava deixando a minha esposa louca, dizendo toda hora: ‘Hey, o que você acha desse?’"

Ao todo, Jeff completou mais de 180 retratos/pinturas e compôs, admitindo alegremente, “muitas músicas ruins”, mas fique tranquilo, nenhuma dessas ruins foram lançadas em seu novo álbum solo. Em vez disso, Ament apresenta um disco de meditações sobre família, sociedade e luto, todas as quais são tornadas ainda mais poderosas pelos retratos que ele pintou e acompanham as letras no encarte do álbum.

Quando a revista foi até o estado de Montana para entrevistar Jeff Ament, incêndios estavam ocorrendo na parte oeste do estado e no Canadá.

“Está muito esfumaçado aqui nesse momento, o que é uma merda”, disse ele, “mas sim, esse é o planeta em que vivemos agora”.

Em breve ele se reunirá com o PEARL JAM enquanto eles se preparam para os primeiros shows em setembro de 2021, dizendo que a banda ensaia de 50 a 60 músicas para espalhar pelos shows de uma turnê.

“Mas ainda não comecei a treina-las”, ele riu. "O que eu preciso começar desesperadamente!"




Jornalista: De músicas suas do PEARL JAM como "Pilate" (5º disco, "Yield", 1998) à canções solo como "Safe in The Car", os cachorros parecem ser uma força inspiradora em suas letras. Na música solo, "Sweet Boy", ouvimos cachorros latindo ao fundo da canção. O que está por trás desta decisão de incluir isso?

Jeff Ament: Foi no final de uma gravação em fita-cassete, onde os cachorros começaram a latir e acabou ali mesmo. Foi pouco antes da pandemia começar e perdemos o nosso querido cachorro que se chamava Otis e também perdemos o nosso gato que era o "Killer" na música "American Death Squad", então, eu tive que escrever essas músicas em tributo.

Ament: Os nossos animais de estimação são como uma força vital para nós. Você chega em casa e recebe aquele amor, aquele amor consistente todos os dias. Novamente, é apenas uma maneira de processar a perda e homenagear 15 anos desse amor que você recebe dos seus animais de estimação... Otis era um cachorro tão bom.

"Pilate"


Jornalista: Parece que você tem passado por muitas perdas ultimamente...

Ament: Quando eu tinha quase 20 anos de idade, me lembro que o meu pai começou a perder os seus irmãos e amigos e me disse: "A maldição de envelhecer é que você perde muitas pessoas". Acho que estou entrando nesta zona agora mesmo.


Jornalista: Você escreveu a letra e música de "Alright", lançada no disco "Gigaton" do PEARL JAM, que parece explorar um tipo de ideia de encontrar o seu lugar no mundo e o seu relacionamento com os outros. Existe uma conexão aí?

Ament: A canção "Alright" é sobre ter alguns amigos ao longo da minha vida que se suicidaram. Eu estava tentando envolver a minha cabeça em torno desse tipo de desespero e acho - tentando dizer a essas pessoas ou a mim mesma - que mesmo se ficar uma situação muito ruim, sempre há uma saída. Sempre há uma saída e às vezes a saída é dizer adeus a tudo e a todos que você ama para se salvar.

Ament: Eu li uma entrevista de Mark Hollis uma vez e ele estava falando sobre lançar o seu último disco solo e como ele se sentia como se tivesse feito tudo o que queria fazer artisticamente. Ele tinha dois filhos pequenos e só queria ir para casa e ser pai, e eu achei isso tão heroico da parte dele, sabe? Esse cara que eu pensei ser um dos melhores músicos do planeta decidiu que algo mais era mais importante para ele. Eu meio que amarrei essas duas coisas e a qualquer momento você realmente pode dar as costas aos grandes amores da sua vida... Às vezes, você tem que fazer isso para sobreviver.

"Alright"


Jornalista: Você disse que precisava desesperadamente começar a ensaiar as músicas para o retorno do PEARL JAM aos shows, mas certamente já é tudo memória automática para tocar aquelas músicas...

Ament: Ah, cara, mas as músicas do álbum "Gigaton" são foda pra caralho. Passamos cerca de 02 semanas nestas canções e então o tapete foi puxado debaixo de nós e entramos numa pandemia. Percebi que não pensava mais sobre o PEARL JAM há muito tempo e comecei a ficar meio nervoso, mas, cara, mal posso esperar para tocar as músicas "Dance of The Clairvoyants" e "Quick Escape" nos shows. Ambas serão muito divertidas de tocar. Quando Eddie Vedder (vocalista) escreveu as letras da canção "Quick Escape", houve um visual instantâneo para essa música. Foi uma coisa totalmente nova e ele escreveu de uma perspectiva que eu nunca o vi escrever antes, coisas que são simplesmente fantásticas que me lembrou Freddie Mercury. É quase como um pequeno aceno para Andy Wood (falecido vocalista do MOTHER LOVE BONE, banda pré-PEARL JAM), porque Andy era um grande fã de Freddie Mercury. A canção "Seven O’Clock" também vai ser boa de tocar nos shows e eu acho que pode haver algumas viagens para essas músicas na hora.

"Dance of The Clairvoyants"


"Quick Escape"


"Seven O’Clock"


Jornalista: PEARL JAM é conhecido por tocar um setlist diferente a cada show, mas há alguma música que você normalmente fica nervoso para tocar ao vivo? Onde você fica, tipo, antes de começar: "Ah, merda!"

Ament: Seriam as músicas que não tocamos com frequência. Há uma canção que Stone Gossard (guitarrista) escreveu que se chama "No Way" (5º disco) e que tem um pequeno bumbo estranho no meio que eles juntaram na música. É simplesmente o momento mais estranho com a forma como o baixo entra na canção e o baixo meio que leva toda a música de volta... Eu já estraguei esta canção algumas vezes nos shows (risos). Literalmente, se alguém da banda falar: "Hey, vamos tocar a música 'No Way' amanhã no show", eu estarei no meu quarto de hotel por, tipo, umas 04 horas contando as batidas sem parar e treinando no meu baixo. Acho que todo mundo na banda tem algumas músicas como essa, em que há apenas uma maneira pela qual foi escrita que não está exatamente em sua zona de conforto.

"No Way"


Jornalista: Recentemente e para finalizar, você declarou que a música "River Cross" (11º disco) se tornou uma de suas canções favoritas do PEARL JAM. O que foi que ressoou em você?

Ament: Eddie apresentou uma versão dela que era apenas ele tocando órgão e algumas de suas percussões. Eu estava sozinho no estúdio e decidi tocar com o baixo fretless para responder ao que estava acontecendo naquele momento. Apenas liricamente, no sentimento, há uma qualidade muito pesada e é um tipo realmente diferente de música para nós. Eddie escreveu algumas músicas como essa para a trilha sonora do filme "Into The Wild" em 2007, mas "River Cross" não é uma canção de guitarras, o que eu adorei! Vai ser ótimo tocar essa música nos shows também.


"River Cross"


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