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Kim Thayil: confira entrevista do guitarrista do Soundgarden para a Revista Rolling Stone em 2025

  • by Brunelson
  • 10 de mai.
  • 8 min de leitura

Atualizado: 11 de mai.

Foram necessárias 03 indicações - em 2020, 2023 e 2025 - mas o SOUNDGARDEN finalmente entrou para o Rock & Roll Hall of Fame em 2025. 


E o guitarrista da banda, Kim Thayil, disse que os membros sobreviventes planejam se apresentar na noite da cerimônia, a ser realizada em novembro na cidade de Los Angeles. E acrescentando que o falecido vocalista, Chris Cornell, ficaria orgulhoso com a inclusão do grupo no Hall of Fame.


SOUNDGARDEN é visto como uma banda por excelência dos anos 90, mas que na verdade, foi formado em 1984 e começou a lançar músicas em 1987. Isto significa que eles são elegíveis para inclusão no Hall of Fame desde 2012 - é necessário um intervalo de 25 anos desde seu 1º trabalho de estúdio. Os fãs começaram a perder as esperanças depois que eles apareceram em 02 indicações somente a partir de 2020 e que não tinham sido eleitos. 


Sendo assim, eis que 2025 é o ano do SOUNDGARDEN para ser incluído no Hall of Fame, ao lado de outros artistas e bandas como o WHITE STRIPES, Chubby Checker, BAD COMPANY, Joe Cocker, Warren Zevon e outros.


"Não sei se tinha desistido dessa ideia", disse Thayil em entrevista para a revista Rolling Stone direto de sua casa em Seattle. "Simplesmente não era algo que eu tinha em mente como objetivo, então, não me permiti tanta decepção, porque o que quer que acontecesse seria apenas emocionante e um bônus para mim".


Thayil falou para a revista Rolling Stone sobre essa homenagem inesperada, suas expectativas para a noite da cerimônia, a possibilidade de que os membros sobreviventes — ele, o baterista Matt Cameron e o baixista Ben Shepherd — se apresentem com um convidado substituindo Chris Cornell nos vocais, e o status do tão aguardado disco final do grupo com Cornell nos vocais, que estava parado há anos em processo judicial da banda versus a viúva de Cornell.



Confira essa entrevista na íntegra:


Jornalista: O que essa eleição ao Rock & Roll Hall of Fame significa para você?


Kim Thayil: Ainda estou tentando processar, mas as pessoas que trabalharam conosco todos esses anos responderam com sorrisos de orelha a orelha e isso me deu o contexto para avaliar essa integração de maneiras que eu só havia compreendido intelectualmente, quando depois essas pessoas me falaram: "Ok, é por isso que isto é importante".


Thayil: Um amigo, um colega ou, mais especificamente, Chris Cornell, participou de uma cerimônia do Hall of Fame fazendo o discurso de indução da banda HEART em 2013 e ele me contava como interpretava o entusiasmo da plateia e de seus colegas próximos. Ele disse que isso mudou tudo, pois percebeu a importância que era para os fãs em serem reconhecidos. Alguém que os fãs haviam defendido e em quem acreditavam e que os inspiraram por muitos anos, mas que agora estava finalmente sendo reconhecido pelo Hall of Fame. E de certa forma, é uma afirmação do julgamento dos fãs, dos seus gostos e das suas admirações.


Thayil: As palavras de Chris me impactaram e comecei a aprender a mesma coisa com outros colegas e amigos. Comecei a pensar: "Isso faz sentido e é assim que posso encarar e reverenciar isso". Isto é importante para as pessoas da nossa equipe, para as pessoas da gravadora e para a gerência. Você não fez isso apenas com 03 ou 04 outras pessoas, sabe? Você fez isso com dezenas de pessoas que faziam parte da mesma equipe e órbita, e estavam comprometidas em fazer a mesma coisa para avançar um trabalho compartilhado.



Jornalista: É uma turma bem diversa esse ano com vocês, com Chubby Checker, BAD COMPANY, Cyndi Lauper, Joe Cocker, OUTKAST, SALT-N-PEPA, WHITE STRIPES...


Thayil: É. Acho que nos encaixamos perfeitamente entre o BAD COMPANY e o WHITE STRIPES. Provavelmente daria para traçar uma linha tênue entre um e outro.



Jornalista: Aposto que você nunca pensou que seria homenageado ao lado de Chubby Checker.


Thayil: Não e isso é bem psicodélico pra mim. A canção dele, "The Twist", certamente foi uma trilha sonora da minha infância. Coloque-a ao lado das músicas dos BEATLES, quero dizer, esta canção era onipresente naquela época.



Jornalista: A cantora Shaina Shepherd fez um ótimo trabalho com vocês alguns meses atrás.


Thayil: Sim, foi ótimo e ela é daqui de Seattle. Acho que todos com quem tocamos desde a morte de Chris Cornell são supertalentosos. Confiamos na habilidade deles e temos carinho pelo amor que eles têm pelo nosso trabalho e pelo amor que nós temos pelo trabalho deles. Ainda não tivemos a oportunidade de conversar sobre quem poderia levar os vocais no Hall of Fame, porque Matt Cameron (baterista) está atualmente em turnê com o PEARL JAM... Alguns nomes apareceram em uma mensagem de texto, tipo: "Você deveria ligar para essa pessoa", mas vamos aguardar para descobrirmos juntos.





Jornalista: Como você acha que Chris Cornell se sentiria em relação a isso?


Thayil: Acho que ele teria ficado muito orgulhoso e feliz. E a razão pela qual digo isso é porque foi ele quem transmitiu essa compreensão a todos nós depois que ele fez o discurso de indução da banda HEART no Hall of Fame. Ele saiu daquela cerimônia com uma compreensão diferente do evento e da homenagem, e compartilhou tudo aquilo conosco. Conversamos sobre isso algumas vezes e como ele tinha uma compreensão melhor do que esperar e de como se preparar melhor para isso do que todos nós, e acho que por esse motivo ele teria ficado muito feliz e orgulhoso.



Jornalista: Neal Peart, falecido baterista do RUSH, disse durante anos que o Hall of Fame não era grande coisa, mas quando ele finalmente subiu ao pódio quando o RUSH foi eleito também em 2013, ele mudou de opinião e disse que era mesmo uma grande coisa, porque ele só entendeu quando chegou lá.


Thayil: Também compartilho dessa contrição. Acho que foi isso que pensei durante décadas... Não estava no nosso radar e não fazia parte de onde viemos ou para onde pensávamos que iríamos, então, não era realmente uma consideração que eu tinha.



Jornalista: Certo. Então, de repente, você percebe que está entrando no mesmo clube dos BEATLES, ROLLING STONES e Buddy Holly.


Thayil: Nossa... Não, não acho que na realidade eu me imaginaria no mesmo clube dos BEATLES, ROLLING STONES ou do LED ZEPPELIN, porque... Nossa, eles já estavam em algum lugar por aqui quando eu tinha apenas uns 5 anos de idade.



Jornalista: Você é um elo dessa mesma corrente. Quando as crianças aprenderem a tocar violão hoje, elas aprenderão partes de Jimmy Page (guitarrista do LED ZEPPELIN) e de Kim Thayil no mesmo dia.


Thayil: Agora você está apenas tornando tudo pesado. É algo que ainda não avaliei profundamente e emocionalmente porque ainda vejo uma diferença entre o que fizemos ou estávamos fazendo e o que moldou o tipo de pessoa e o tipo de músico que eu sou. Tenho grande reverência por esses componentes culturais e artísticos de quem eu sou e talvez eu precise avaliar isso e entender que existem pessoas por aí que podem ver o que fizemos ou o que nossos colegas fizeram, da mesma forma que eu vejo o que o PINK FLOYD, RAMONES ou os BEATLES fizeram por nós.



Jornalista: Geralmente acontece uma jam session com todos os astros no palco no final da noite no Hall of Fame. Você consegue imaginar um cenário em que tocaria junto com Jack White, os caras do BAD COMPANY ou qualquer outro?


Thayil: Sim, eu consigo ver isso. Pode ser um pouco mais difícil imaginar uma jam session com Cyndi Lauper, mas acho que pode funcionar também. Ela é uma cantora forte o suficiente para se manter em qualquer contexto.



Jornalista: Muitos fãs do JOY DIVISION ficaram chateados porque esse não foi o ano de eleição deles, mas a hora deles chegará...


Thayil: Eu sou um grande fã do JOY DIVISION. E sim, também estou decepcionado, mas é exatamente isso o que você falou, o ano deles ainda vai chegar. O fato deles terem sido indicados já é um reconhecimento do impacto e da influência que tiveram em muitas das bandas que têm aparecido nos últimos anos e em muitas bandas que virão no futuro. JOY DIVISION é único e distinto em seu estilo e som, o que o torna uma influência específica para muitos outros artistas e compositores.



Jornalista: Você já pensou em outros artistas e bandas que espera ser eleito um dia no Hall of Fame? Eu adoraria ver o NEW YORK DOLLS, THE REPLACEMENTS, PIXIES, SONIC YOUTH, THE SMITHS, MOTORHEAD, IRON MAIDEN...


Thayil: Você acabou de mencionar quase todos. Dei uma entrevista semana passada e a 1ª coisa que eu disse foi o ALICE IN CHAINS e a próxima foi IRON MAIDEN e a 3ª foi SONIC YOUTH. E sim, depois eu falei o NEW YORK DOLLS, porque, quando o THE STOOGES foram eleitos para o Hall of Fame em 2010, eu pensei: "Por que o THE STOOGES estão sendo eleitos antes do MC5?". E o MC5 (que só foi eleito ao Hall of Fame em 2024) era o irmão mais velho daquela cena, sabe? E mesmo não sendo de Detroit como eles e o THE STOOGES, eu sempre colocava o NEW YORK DOLLS junto com eles, porque eles gravaram mais ou menos na mesma época.


Thayil: São todas bandas basicamente pré-metal/pré-punk. Ambas influenciaram o metal e o punk rock, e a atitude e o visual do NEW YORK DOLLS influenciou todo o glam metal de Los Angeles 01 década e meia depois, o que é meio irônico... E o PIXIES concordo 100%. E o MOTORHEAD, concordo, o quê, 200%.



Jornalista: A ausência do KING CRIMSON também me deixa louco.


Thayil: Meu Deus! KING CRIMSON não está no Hall of Fame?



Jornalista: Não.


Thayil: O quê? Robert Fripp? E depois, Adrian Belew? O quê?



Jornalista: Continuando, você está trabalhando em algo novo no momento?


Thayil: Só dou uma passada no estúdio de vez em quando para trocar ideias. Sempre me certifico de manter as minhas demos atualizadas e como sempre, as pessoas me pedem para tocar em um disco delas, sendo que a minha 1ª resposta costuma ser "não". Aí, minha próxima resposta é: "Gosto dessa música e gosto do seu trabalho. Ok, eu farei isso". Isto não quer dizer que eu não goste do trabalho ou do material de outras pessoas que recuso. É simplesmente que, pra começo de conversa, quero me concentrar nas coisas que eu faço e não no que os outros fazem. Mas às vezes chegam coisas à mesa que eu penso: "Nossa, tenho um tempinho livre. Vou fazer isso. Gostei disso".



Jornalista: Muitos fãs estão fascinados pelo disco do SOUNDGARDEN em que Chris Cornell estava trabalhando com vocês quando ele veio a falecer. Vocês acham que ele vai ser lançado algum dia?


Thayil: Acho que sim. Nosso objetivo e meta sempre foi concluir isso. Provavelmente tenho TOC (transtorno obsessivo compulsivo) o suficiente para não querer deixar algo inacabado ou incompleto assim, então, acho que quanto mais nos dedicarmos ao nosso trabalho e ao nosso catálogo... Sabe, acho que todos na banda se sentem assim. Não me dedico apenas ao meu trabalho, mas ao trabalho coletivo e nesse caso específico, ao trabalho de Chris.


Thayil: Tenho orgulho do que fiz e quero ver isso transparecer. Nada existe no vácuo e aqui existe em uma colaboração com Matt, Ben, eu e Chris, mas que assume um peso totalmente diferente quando você pensa no que está sendo homenageado e no trabalho ao qual está prestando homenagem. Aqui somos nós, coletivamente. Queremos fazer isso com orgulho e essa parte de nós é certamente um dos componentes mais íntimos do que o SOUNDGARDEN tem sido desde 1984.



Jornalista: Para finalizar essa entrevista, seria um grande presente para os fãs finalmente lançar esse álbum.


Thayil: Seria um grande presente para os fãs e eu penso nisso também. E não sei o quão estranho isto soa, mas sinto que é um presente para Chris Cornell também.

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