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  • by Brunelson

Alice in Chains: por que William DuVall é tão grande quanto Layne Staley


Alice in Chains

Já estamos no 3º mês de 2018 e enquanto o novo ano vai avançando, lendas vivas do rock vão anunciando novos álbuns, reuniões e mega turnês (vide STONE TEMPLE PILOTS, SMASHING PUMPKINS, FOO FIGHTERS, QUEENS OF THE STONE AGE, PEARL JAM, RADIOHEAD, PROPHETS OF RAGE), demonstrando que os sábios do rock'n roll continuam na ativa e sempre se renovando.


Mas uma banda que anunciou recentemente a conclusão da gravação do seu novo álbum - e que será o 8º trabalho de estúdio - é outra lenda do grunge: ALICE IN CHAINS. Parece não ser verdade, mas 05 anos se foram desde o lançamento do seu último disco, o lamacento (no bom sentido), sombrio e gloriosamente pesado, "The Devil Put Dinosaurs Here".


Este álbum, que foi o 2º lançamento da banda desde que se reuniram com o seu novo vocalista, William DuVall (no grupo há mais de 01 década), provou ser outro disco forte da banda, levando os singles "Hollow" e "Stone" para o ranking nº 1 da Billboard, enquanto que o 3º single, "Voices", atingiu o 3º lugar nas paradas.


O álbum continuou a forte história da banda, que nos é conhecida pelo seu material pesado, arrastado e que manteve as suas origens, sendo que ao mesmo tempo eles continuam se reinventando pelos dias sombrios da era grunge, passando para lendas de arenas do rock.


Com o seu próximo lançamento, Jerry Cantrell (guitarrista), Sean Kinney (baterista) e Mike Inez (baixista) - juntamente com DuVall - darão ao mundo a sua 3ª versão pós-Layne Staley (vocalista original). E embora ninguém possa substituir Layne, William DuVall percorreu um longo caminho para se apresentar como um vocalista poderoso, capaz de prestar homenagens adequadas ao falecido ex-vocalista durante todo esse tempo e forjando o seu próprio caminho.


Curiosamente, já que este será o 3º álbum com DuVall na banda, durante a corrida original do ALICE IN CHAINS eles também lançaram 03 álbuns com Staley.


Claro, estamos falando somente dos álbuns completos, porque se você for incluir os EP's - "Sap" (2º trabalho de estúdio, 1992) e o insanamente bem sucedido "Jar of Flies" (4º trabalho de estúdio, 1994), o 1º EP a estrear no topo máximo da Billboard na história do rock - as chances são muito favoráveis à época de Staley, sendo também a era dominante da banda.


Mas por que temos que escolher? Não podem ambas as eras - cada uma liderada por um vocalista carismático e poderoso - correrem paralelas e igualmente impressionantes?


Eu acho que sim e aqui está o porquê, mas antes, confira o vídeo clipe da canção "Sea of Sorrow", que foi lançada no 1º álbum de estúdio em 1990, "Facelift":

Falando agora nos álbuns completos, "Facelift" (1º disco, 1990), "Dirt" (2º disco, 1992) e "Alice in Chains" (3º disco, 1995) são uma das maiores trilogias do grunge, sem discussão. Mas se você pensar nesse trio como um biscoito recheado, bem, todo mundo sabe que a melhor parte está no meio. "Dirt" não é apenas na minha medíocre opinião um dos maiores 2º álbum da discografia de qualquer banda, um dos maiores discos grunge de todos os tempos ou um dos melhores álbuns de rock dos anos 90, é simplesmente um dos maiores clássicos na história do rock! Na verdade, é tão bom que diminui um pouco o impacto que cada um dos seus discos ocasionaram em cada adolescente que viveu aquela época, assim como o passar dos anos vai adubando cada álbum em nossa mente e alma.


Confira o vídeo clipe da música "Rooster", que foi lançada no disco "Dirt" (1992):

E vamos encarar os fatos. "Facelift" apresenta alguns níveis que para todo e qualquer tipo de fã (da banda ou não), possui nuances que se intercalam em canções clássicas como o mega hit, "Man in The Box", e as músicas, "We Die Young", "Sea of Sorrow", "Bleed The Freak", "Love Hate Love" e "It Ain't Like That" - vale a pena destacar também as subestimadas canções: "Sunshine" e "Confusion".


No outro extremo do espectro, o álbum homônimo lançado em 1995 é bizarro, lindo e finalmente um enigma a ser decifrado até hoje. Se trata da versão final em estúdio com Layne Staley nos vocais e que nos apresentou 04 grandes singles, sendo 03 cantados por Jerry Cantrell levando o carro chefe. Ele sai na frente interpretando as músicas "Grind", "Over Now" e indiscutivelmente um dos maiores sucessos da banda, "Heaven Beside You". A voz de Cantrell sempre desempenhou um papel importante na banda - para não mencionar que a maioria das composições e letras de todo o catálogo do ALICE IN CHAINS também é dele, sendo os catalisadores para qualquer grupo - mas foi aí que nós poderíamos cravar que Jerry Cantrell, com um esforço mínimo, provavelmente também poderia ser o vocalista dessa incrível banda.


Confira o vídeo clipe da canção "Heaven Beside You", lançada no álbum "Alice in Chains" (1995):

O álbum homônimo é um pouco de todo o histórico da banda (e situações novas) em seu devido lugar. Em comparação com "Dirt" e citando músicas não tão conhecidas do público mainstream, como "Frogs", "Sludge Factory" e "So Close", elas são audições que você precisa ficar escutando e escutando para plantar um processo natural no seu interior, enquanto grandes músicas no disco "Dirt" não necessitam de tantos replays, como: "Junkhead", "Godsmack" e "Hate to Feel". O que eleva "Dirt" em relação ao álbum homônimo é que qualquer música em "Dirt" poderia ser a pedra angular de um novo disco, sendo que no álbum homônimo a maioria das canções realmente só funcionam como um pedaço de um enigma maior que abraça todo o disco. Como um trabalho singular é ótimo, mas não é como "Dirt".


E com a devida honraria, precisamos fazer breves citações aos EP's, "Sap" e "Jar of Flies".


"Sap" explodiu através das paredes sônicas dos próprios limites musicais que o ALICE IN CHAINS mostrou ao mundo no seu 1º disco, deixando apenas um esboço essencialmente acústico e evitando as suas cruéis guitarras e vocais para um atrevimento mais refinado e minimalista - lembrando que foi nesse EP que Cantrell começou a liderar os vocais em algumas músicas. Mais focado na harmonia, a melodia dessa nova abordagem nos deixou lindas canções com Cantrell sendo o vocalista principal em "Got Me Wrong" e "Brother".


Já "Jar of Flies" é simplesmente uma obra-prima. Para não citar as músicas mais conhecidas desse EP (apesar de ter sido um dos singles do disco), escute a bela e cativante canção, "Don't Follow". Pronto, o resto é com vocês...


Confira em sequência os áudios das músicas "Got Me Wrong" (lançada em "Sap", 1992) e "Don't Follow" (lançada em "Jar of Flies", 1994):

Agora sim, quando você é William DuVall e agora você é o novo frontman do ALICE IN CHAINS, você está olhando para alguns hinos inovadores e dos mais altos níveis lançados em álbuns clássicos na história do rock de um tempo de glória da banda. Então, como você pode enfrentar esse desafio e atacá-lo de um jeito apropriado com a graça e o respeito que toda essa história merece?


O single principal ("Check My Brain") do álbum de reunião da banda em 2009, "Black Gives Way to Blue" (6º trabalho de estúdio e o 1º com DuVall nos vocais), responderá a essa pergunta que de longa data pairou sobre o prisma da banda. Mesmo com Cantrell participando ativamente nos vocais nessa nova fase do grupo, DuVall não tenta causar uma mera impressão de Staley, mas sim, ele entra em erupção e em perfeita harmonia com o vocal de Cantrell nesse novo cenário do ALICE IN CHAINS.


Com a escrita e habilidade inegável de Cantrell para criar músicas perfeitas de rock a toda velocidade, o ALICE IN CHAINS com DuVall a bordo adicionou airosidade da melhor maneira possível ao seu catálogo insanamente consistente e profundo. Mike Inez e Sean Kinney continuam sendo uma das seções rítmicas mais subestimadas do rock e esse álbum de retorno é nota 10, sem dúvida! Além disso, para provar mais ainda a sua relevância, ELTON JOHN faz uma aparição na música que fecha o disco e que leva o mesmo nome do álbum - uma homenagem ao saudoso Layne.


Confira o vídeo clipe da canção "Check My Brain", lançada no álbum "Black Gives Way to Blue" (2009) e que possui um dos riffs mais marcantes da banda:

A confiança, o bem-estar e o talento vocal de DuVall nunca dispensam o seu papel no ALICE IN CHAINS. Muitas vezes não tão lembrado quando refletimos sobre toda a história da banda devido ao posto eterno de Layne, mas temos que lembrar que DuVall é também um guitarrista fantástico! (Layne só empunhava a guitarra para tocarem a música "Angry Chair").


Não é só ele uma contrapartida maravilhosa para Jerry Cantrell (vocalmente falando), mas em termos de guitarrista, ele adiciona um bom nível de profundidade para a instrumentação da banda. A qualidade de DuVall é tão impressionante, que eu poderia nomear 05 bandas que substituíram o seu vocalista e você nunca mais ouviu falar delas com tamanha relevância.


É preciso ter ciência que cada época no ALICE IN CHAINS é diferente, única e impressionante por seu próprio conjunto de razões.


E agora... O que podemos esperar desse próximo álbum que será lançado em 2018? A banda pode continuar o seu histórico consistente de sucessos?


Se for para apostar, eu diria que sim!


O último álbum lançado em 2013, "The Devil Put Dinosaurs Here" (7º trabalho de estúdio), nos apresentou 03 hits que carimbam o setlist da banda, assim como o disco antecessor de 2009 também possui os seus hits comprovados.


Confira o vídeo clipe da música "Stone", lançada em "The Devil Put Dinosaurs Here" (2013) e que também nos apresenta um riff marcante:

Jerry Cantrell ainda vai conseguir compor grandes músicas e para DuVall, ele acabou tendo que provar a si mesmo o seu potencial nos 02 discos lançados com ele nos vocais. Milagrosamente, eles evitaram cair no poço da auto-paródia e repetições sem inspiração e o ALICE IN CHAINS continuou perfeitamente no seu legado de uma maneira que é rara para bandas em circunstâncias semelhantes. Eles enriqueceram o seu catálogo enquanto também traziam a tocha acesa para a música rock.


Eles não se diluíram - ao contrário do que acontece com muitas bandas. Como fã desse grupo que me pescou lá em 1991 com o hit "Man in The Box" ecoando seguidamente nas rádios e MTV, eu aposto cheio em Jerry Cantrell e cia. Ele não iria forçar a barra, empurrando o vagão só por empurrar. Assim como Cantrell já falou em entrevistas após o retorno da banda com o seu novo vocalista, se ele percebe que um novo disco não vai conseguir apresentar um material digno ao insanamente alto padrão que eles estabeleceram, ele não vai forçar o seu lançamento.


Em termos completos, com esse próximo álbum será Staley 3 x 3 DuVall. E o verdadeiro vencedor? O campeão incontestável de tudo isso somos nós, os fãs, porque essa grande banda encontrou uma maneira de se manter soando fresco aos nossos ouvidos, verdadeira e empolgante não só para eles, mas para todos nós.


Toda vez que você for escutar um lançamento do ALICE IN CHAINS pós-Staley, devemos reconhecer DuVall para o salvador que ele é. Ele está fazendo 02 coisas perfeitamente honrosas: mantendo o legado da banda e construindo o seu próprio.


A sua adição à banda forneceu uma continuidade perceptível ao ALICE IN CHAINS, que provavelmente em 2002 não parecia possível para a banda (ano do falecimento de Layne). A vida é tudo resumida em resiliência e a capacidade de seguir em frente, sendo que eu não consigo pensar em muitas bandas que mostraram com sucesso e nas mesmas circunstâncias do mesmo jeito e nível que o ALICE IN CHAINS está demonstrando ao longo de sua carreira.


Então, quando o ALICE IN CHAINS lançar o seu novo álbum agora em 2018, lembrem-se de uma coisa: será fantástico! Porque tudo o que eles foram e são, será colocado nesse disco. A música dessa lendária banda grunge de Seattle significa muito para muitas pessoas, principalmente para aqueles que viveram essa (última) época frutífera do rock que surgiu no começo dos anos 90. Isso significou uma tonelada de sentimentos e histórias para mim ao longo de toda a minha vida...


Não consigo encarar a banda em fases... Para mim, elas se confluem e se tornam uma só, onde todas se balançam genuinamente.


E quando este novo álbum for lançado, o legado só crescerá e solidificará ainda mais na era DuVall, sendo tão grande quanto a era Staley.


A vida e os tempos do ALICE IN CHAINS foram uma jornada de música inovadora que envelheceram perfeitamente no sempre cambiante mundo dos gostos musicais.

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