top of page
  • by Brunelson

Audioslave: emocionante histórico narrado pelo próprio baixista


Chris Cornell

A partir de montagens de várias entrevistas escolhidas a dedo no decorrer dos anos, o baixista do AUDIOSLAVE, Tim Commerford, resume de uma forma emocionante a história da sua banda, lembrando de como foram as primeiras sessões com Chris Cornell nos vocais, falando sobre os álbuns de estúdio que o grupo lançou e muito mais! Confira:



Se você olhar atentamente para as notas de crédito em cada álbum de estúdio do AUDIOSLAVE, você notará a frase: “Todos os sons foram feitos por guitarra, baixo, bateria e vocal” (ok, nos álbuns do RAGE AGAINST THE MACHINE também aparece).


Então, o que exatamente era o AUDIOSLAVE? A minha resposta: uma força motriz. Que nome perfeito para um grupo de 04 músicos de fachada que criaram um fogo original usando apenas as 08 mãos entre eles - os pés também, é claro.


Acredite ou não, já faz 15 anos desde que o AUDIOSLAVE havia sido criado. Embora a sua corrida tenha sido de apenas 04 anos - entre os 03 álbuns de estúdio lançados - foram um explosivo e dinâmico 04 anos mantendo-se muito verdadeiro ao seu nome.


À medida que o RAGE AGAINST THE MACHINE se separou do vocalista Zack de la Rocha, o guitarrista Tom Morello, o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk se mostraram ansiosos para continuar com o núcleo que eles construíram. Nada poderia servir como um RAGE versão 2, entretanto, o caminho claro era formar uma nova banda. Como você pode imaginar, o trio foi inundado com pedidos, sugestões e provas de candidatos ao estilo de Zack.


Cerca de 1.100 milhas até a costa oeste, Chris Cornell encontrava-se no rescaldo de um álbum solo bem sucedido e de incrível comoção, “Euphoria Morning”, quando o SOUNDGARDEN havia se dissolvido em 1997. Para a surpresa de ambas as partes, foi o aclamado produtor Rick Rubin quem sugeriu que Morello, Commerford e Wilk se juntassem a Cornell - o tempo parecia ser perfeito.


Quando perguntado sobre os seus pensamentos iniciais para a sugestão de Rubin, Commerford demonstrou tanto entusiasmo em sua voz hoje, assim como ele fez desde então: "Eu imediatamente pensei no disco ‘Badmotorfinger’ (3º álbum do SOUNDGARDEN, 1991). É um dos meus discos favoritos, sabe? Passei tanto tempo escutando esse álbum, apenas amando-o. Pensei nas músicas 'Slaves & Bulldozers' e 'Jesus Christ Pose', porque estas canções são como um hino para mim. Foi muito emocionante".


Commerford explicou que eles imediatamente começaram a pensar sobre as infinitas possibilidades em ter a voz de Cornell se misturando com as suas músicas: "Eu acho que no 1º dia que nos reunimos com Rubin, ele nos atingiu com Cornell. Nós estávamos na sua casa escutando a música 'Slaves & Bulldozers' e conversamos sobre como Cornell poderia fazer qualquer coisa com a sua voz, mas pouco sabia naquela hora que na verdade a nossa futura banda não iria entrar naquela direção do RAGE AGAINST THE MACHINE. Eu vejo o AUDIOSLAVE como um rock mais clássico, com um cantor à frente e um tipo de música com progressão de acordes. Coisas assim que nunca fizemos realmente com o RAGE AGAINST THE MACHINE".


Confira o áudio da canção "Slaves & Bulldozers":


Se você pensa nisso em teoria, pareceu ser um emparelhamento natural. 03 músicos robustos unem forças com uma voz inconfundivelmente potente que é um instrumento em si. Todos os sons feitos por guitarra, baixo, bateria e vocal. Mais uma vez, como era apropriado, aqueles 04 músicos também poderiam fazer acontecer.


Foram feitos encontros para o grupo se juntar em Los Angeles. Embora as boas faíscas tenham voado de imediato, a música serviu como um novo desafio para cada membro. "Eu penso nisso de vez em quando e adoro o RAGE AGAINST THE MACHINE e o jeito que nos faz sentir, e então, com o AUDIOSLAVE aconteceu de um jeito totalmente diferente. É o que me deixa mais orgulhoso, sabe? Nós não apenas voltamos e fizemos um monte de riffs rock e colocamos o vocal de Cornell sobre eles, mas fizemos algo genuinamente diferente".


A partir dessa primeira sessão veio a 1ª música da banda, "Light My Way", que em última análise foi lançada como a faixa nº 12 no seu álbum de estréia, “Audioslave” (2002). Commerford lembra vividamente desse 1º encontro no estúdio: "Lembro-me de ter ficado um pouco nervoso inicialmente. Nós tínhamos tocado com Zack por tantos anos e então, aqui está outro cara. Fiquei um pouco nervoso em estar tocando com outro vocalista que não conhecia. Eu já havia topado com Chris algumas vezes em turnê, mas eu realmente não o conhecia, sabe? Naquele momento ele não estava exatamente no seu melhor... Foi um pouco desconfortável no começo, mas compomos a canção 'Light My Way' durante o nosso 1º dia e acabou sendo a nossa 1ª gravação. Nós fomos embora do estúdio naquele dia, pensando: ‘Nós fizemos isso e foi legal. Nós escrevemos uma música e ela soa bem’. E foi isso... Este pequeno incêndio acendeu todo o resto. Eu acho que é assim que a música funciona melhor, quando você está desconfortável até que escreva uma canção que você goste e que o inspire a compor mais".


Confira o áudio da música "Light My Way":


Após esta 1ª sessão, o grupo sabia que eles poderiam ser uma banda e poderiam ser algo especial. Era uma onda que eles queriam continuar surfando enquanto o impulso estava fresco. Tão fácil quanto tudo começou, houve um período logo depois onde as coisas ficaram um pouco complicadas. Um valioso Commerford estava determinado a fazer o AUDIOSLAVE acontecer: "Logo depois, nós nos juntamos e compomos rapidamente várias músicas. Em seguida, tivemos uma turbulência em relação à gestão. Éramos contratados por uma gravadora que não era a mesma gravadora que representava Chris Cornell e isso causou alguns problemas. A próxima sensação que você começa a perceber, parecia que as coisas estavam caindo aos pedaços antes mesmo de começar. Tínhamos composto um álbum completo, mas por 01 segundo não nos sentíamos bem. Naquela época, Chris estava, digamos assim, ‘desaparecido’. Depois, Chris se tornou numa pessoa diferente para melhor. Ele conseguiu ficar no topo do seu jogo com o seu belo histórico musical, mas naquela época ele era o Chris Cornell de Seattle. Ele ainda representava a cena de Seattle para nós, sabe? Então, eu fui pessoalmente até Seattle procurá-lo e o encontrei. Ao encontrá-lo, eu me vi numa ‘prisão’. Não porque ele estivesse lá, mas porque eu acabei indo lá. Essa viagem à ‘prisão’ me custou uma tonelada de dinheiro, cara. Hoje, eu olho para trás sobre isso e penso que foi dinheiro bem gasto, porque foi uma grande parte do porque o AUDIOSLAVE realmente se tornou uma banda. Valeu cada centavo... Eu encontrei Chris e o arrastei para fora de Seattle, e nós nos tornamos uma banda que fez 03 álbuns de estúdio em um curto período de tempo".


Cornell frequentemente creditou aos seus companheiros de banda por ajudá-lo naquele momento. A esposa de Cornell, Vicky, ficou muito grata a Commerford pelo seu amigável esforço, dizendo: "Chris estava morrendo em Seattle. Timmy C. intensificou-se como um verdadeiro amigo e o salvou, e ele sempre será uma das pessoas mais especiais para Chris. Se apenas outros tivessem a metade da coragem ou o coração de Timmy C..."


A partir daí, o resto da história do AUDIOSLAVE é histórico. 03 discos distintos foram divulgados ao longo de 04 anos. Compor músicas era um processo contínuo, segundo Commerford: "Todos nós 04 entrávamos numa sala e começávamos a criar algo, seja Chris proveniente de uma parte vocal com uma progressão de acordes ou o que seja. Às vezes, era algo que Chris já tinha guardado, ou um riff que um de nós tocássemos ou uma batida de bateria. Havia algum tipo de inspiração onde todos pensávamos que era legal e valia a pena continuar. Chris estava pensando em letras e melodias e muitas vezes cantava uma melodia sobre um riff. Nós construímos cada música com todos nós 04 juntos, sabe? Uma vez que foi construída e nós sabíamos qual era a estrutura, Chris se retirava e logo voltava com as letras prontas".


A banda fez uma turnê intensa, fazendo a sua estréia mundial em rede nacional no telhado do teatro Ed Sullivan, New York, para o Later Show with David Letterman. Era a 1ª vez na história que uma banda tocava na marquise do teatro.


Bem, olá mundo! Vamos nos apresentar através da música “Cochise” (que abre o álbum de estréia). Caralho! A letra desta canção diz: "Eu estive assistindo / Por que você tem tossido? / Eu tenho bebido a vida / Enquanto você estava com náuseas”.


Assim como o nome da banda encapsula eloquentemente a música do grupo, o vídeo clipe para "Cochise" é uma das melhores apresentações de uma banda de todos os tempos. É simples, completamente honesto e agarra cada centímetro de emoção ao que estava ocorrendo. Cornell fica sozinho em cima de um escuro edifício industrial regulando os seus passos, mas ansioso ao mesmo tempo. Abaixo, uma caminhonete com aparência militar agita-se com Morello, Commerfod e Wilk sentados na borda. Eles pulam, atacam o elevador e Commerford leva uma respiração profunda com ansiedade (uma das melhores partes), pois o elevador os entrega a um Cornell aguardando. Como se todos fossem colocados num canhão, eles se armam com os seus instrumentos, tomam as suas posições e BOOM!


Veja o vídeo clipe da canção "Cochise":



A coleção de músicas do AUDIOSLAVE lhe é oferecida direto e reto como um tapa na cara, mas com um lado sensível. São algumas das letras mais diretas e inspiradoras de Cornell. As canções mostraram um lado mais pessoal do vocalista contando histórias e mexendo em experiências de vida que todos poderiam se relacionar. Cornell te levava junto com ele em sua jornada pessoal... Músicas como "Doesn’t Remind Me" lançada no 2º disco, “Out of Exile” (2005), nos proporciona isso, mais parecendo uma chamada para: amarre os seus tênis, pegue o seu casaco e vamos dar uma volta para termos uma conversa olho no olho.


Confira o vídeo clipe da canção "Doesn't Remind Me":


"O Audioslave é o rock’n roll básico. Houve momentos em que me sentia bastante dominante, sabe? Mas é a música que eu conheço e quando tiver 80 anos, vou botar para tocar um disco do AUDIOSLAVE e irei me sentir bem", disse Commerford.


Em 06 de Maio/2005, o AUDIOSLAVE tornou-se o 1º grupo de rock americano a realizar um show ao ar livre em Cuba, em uma apresentação gratuita na capital Havana perante 70 mil pessoas. Isso foi durante o embargo político e exigiu uma permissão especial dos presidentes dos 02 países, Bush e Fidel Castro. A banda só foi autorizada a anunciar o show 01 dia antes, de acordo com o compromisso cedido por Cuba. O objetivo do show seguiu o exemplo do que o AUDIOSLAVE sempre pregou: comemorar o poder da música.


15 anos depois, a música do AUDIOSLAVE é tão proeminente agora como foi durante o seu pico. Canções como "Like a Stone", "I am The Highway", "Show Me How to Live" (todas lançadas no 1º álbum) e "Be Yourself" (lançada no 2º disco), estão em rotação contínua entre a maioria das plataformas de rock. Cornell ainda apresentou muitos clássicos e lados-b do AUDIOSLAVE em suas performances solo. Mais importante para a própria banda, eles criaram algo que realmente apreciam: "Para mim, estou orgulhoso pelo legado que fizemos e do que não fizemos. Nós não fizemos o que já fazíamos, sabe? Nós fizemos algo diferente para todos nós. Fico realmente orgulhoso de ouvi-lo e pensar: ‘Uau, veja isso! Existe uma progressão de acordes legítimos...’ Eu estava tocando baixo e trabalhando com uma melodia vocal. Quem pensaria que algo assim poderia acontecer comigo? Eu certamente não sabia disso e eu nunca estive nesta situação. Antes, eu estava numa banda onde tocava riffs e tinha um vocalista jogando palavras em cima, mas quando alguém está cantando, você precisa estar consciente do que está fazendo. À medida que gravamos os álbuns, ficamos mais em sintonia com o pensamento em relação a isso".


Olhando para trás, você tem a sensação de Commerford estar realmente maravilhado com o que o AUDIOSLAVE fez no seu tempo. Ele sente que o 3º e último disco, “Revelations” (2006), apenas arranhou a superfície do que a banda poderia ter realmente feito na sequência: "Eu olho para o último álbum do AUDIOSLAVE e acho que não foi nada legal a banda ter acabado logo quando terminamos de fazê-lo. Para mim, o disco ‘Revelations’ foi uma conquista e foi um excelente álbum. Eu ainda ouço algumas dessas músicas e nem me lembro do nome de outras que foram lançadas nele, mas nunca fizemos uma turnê para tocá-las ao vivo. Rompemos com a banda logo depois de lança-lo, mas é um excelente disco. Me pareceu ótimo e Brendan O'Brian o produziu... O álbum é amplificado e está tudo lá, sabe? Sonoramente falando, você ouve todas as pequenas diferenças e eu adoro esse disco".


Commerford realmente reconhece a singularidade do que a banda fez inconscientemente. A sua abordagem naturalmente os levaram a águas inexploradas: "Nós nunca dissemos uns para os outros que gostaríamos de gravar um álbum que soasse como o disco 'Badmotorfinger' ou que fosse um álbum tipo do RAGE AGAINST THE MACHINE com Chris cantando sobre ele".


O que deixou Commerford mais orgulhoso foi o vínculo entre os 04 membros do AUDIOSLAVE. Você fica com a sensação de que todos compartilharam o mesmo sentimento de Commerford: "Uau! Nós realmente fizemos isso! Todos nós conseguimos trilhar um longo e respeitável caminho. À medida que todos nós da banda vamos envelhecendo, conseguimos liberar as nossas coisas e viramos uma página inédita em nossas vidas".


Commerford também credita a Cornell a força motriz por trás da sua motivação em lançar a sua nova banda de punk rock, WAKRAT: "Eu realmente respeito Chris mais do que nunca agora. Fui vê-lo tocar em Los Angeles durante a sua turnê solo e foi muito bom. Ele também foi no show da minha banda, WAKRAT, e foi muito solidário comigo. Após o show da minha banda, ele conversou comigo por horas e me surpreendeu quando me contou como ele estava amando o que eu estava fazendo. Foi tão chocante para mim, mas ele tinha um lado vulnerável que eu deveria adivinhar. Peguei na hora o que ele havia me dito e guardei no meu coração, sendo que foi uma grande inspiração para o que eu estou fazendo agora. Eu amo esse cara, sabe? Acho ele um músico incrível, assim como a sua voz. Ele entendia melhor a sua voz do que antes, sem mencionar o quão bom guitarrista ele era. Ele era apenas um cara incrível".


Quanto ao que o futuro poderia realizar para o AUDIOSLAVE, Commerford disse: "Eu sei que há algumas músicas que gravamos que nunca foram apagadas, mas que são boas. Tenho certeza de que em algum momento elas irão ver a luz do dia".


Assim como a letra da canção "Original Fire" diz (lançada no 3º álbum de estúdio): "Não consigo explicar / Aquilo foi uma coisa para se ver / Não consigo conter algo tão real", fascinante como uma música inicialmente escrita sobre o movimento grunge de Seattle dos anos 90, pode agora ser aplicada à banda que a compôs.


Confira o vídeo clipe da canção "Original Fire":

Mais Recentes
Destaques
bottom of page