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  • by Brunelson

Mudhoney: guitarrista lançou livro biográfico, "Mud Ride: A Messy Trip Through The Grunge Explosion"


A revista Spin entrevistou o guitarrista do MUDHONEY, Steve Turner, sobre o seu novo livro de memórias que foi lançado ontem, 13 de junho de 2023.


Segue a matéria e entrevista na íntegra:

Uma das bandas seminais do grunge de Seattle, MUDHONEY, desde 1988 em atividade com 11 álbuns de estúdio lançados e atualmente com o vocalista/guitarrista, Mark Arm, o guitarrista Steve Turner, o baterista Dan Peters (todos membros fundadores) e o baixista Guy Maddison, está comemorando 35 anos de existência desde que lideraram a cena musical de Seattle junto com a Sup Pop Records em meados dos anos 80, antes do termo grunge existir.

Em 07 de abril de 2023, MUDHONEY lançou o 11º álbum de estúdio, "Plastic Eternity", e recentemente completaram uma turnê australiana, com mais datas de turnê confirmadas em sua agenda.

Agora Turner, o guitarrista barulhento cujo som de baixa produção de rock de garagem encontrou o punk rock e ajudou a definir o fenômeno grunge, escreveu o relato definitivo de todos os tempos sobre a era desde o pré ao pós-grunge.

E conforme o título do livro, tem sido mesmo um "passeio na lama".


Em suas memórias e hoje com 58 anos de idade, Turner reflete sobre a sua criação na infância antes de mergulhar fundo na cena underground de Seattle nos anos 80 em diante. A partir daí, ele traça o caminho que definiu o grunge do MUDHONEY desde o início da fama com o seu rock independente, até os dias atuais e ainda criando músicas e lançando discos incríveis.

Mas o livro não é apenas sobre a história do MUDHONEY. Turner investiga as suas lutas pessoais e artísticas, projetos solo e paralelos e a inevitável desaceleração do MUDHONEY (de propósito, saindo dos holofotes no final dos anos 90), enquanto ele também relata os empregos diários e particulares de cada membro da banda, assim com as suas vidas familiares. Com uma boa dose de sagacidade, sabedoria, honestidade e um estilo de riffs que invocam a sua guitarra "desleixada", o livro oferece algo para colecionadores de discos, skatistas e punk rockers, além de citar os cabeças do grunge para o mainstream, NIRVANA e PEARL JAM.

Segue a entrevista que a revista Spin fez com o guitarrista do MUDHONEY, Steve Turner:


Jornalista: Como surgiu a ideia de escrever esse livro?

Steve Turner: Na verdade, foi ideia do co-autor do livro, Adem Tepedelen. Ele entrou em contato comigo durante a pandemia e sugeriu a ideia. Eu realmente não tinha pensado muito sobre fazer um livro de memórias antes, mas ele me convenceu. Comecei a pensar sobre isso e percebi que queria realmente me concentrar nos primeiros dias da cena de Seattle. Eu queria muitos detalhes sobre o que mais estava acontecendo em Seattle nos anos 80.

Turner: Acabou sendo organizado em 03 partes. A 1ª parte é tudo o que aconteceu até o dia em que o MUDHONEY começou, a 2ª parte são os anos de glória do MUDHONEY como gosto de chamá-los - os anos 90, basicamente - e a 3ª parte é o que acontece depois disso. Obviamente, falo também sobre os nossos filhos, casamentos, tentando equilibrar como ser um artista musical com outras responsabilidades, empregos próprios e etc.


Jornalista: Você vai fundo em cada década. Você consultou os bancos de memória dos seus colegas de banda ou de outras pessoas para ter certeza de que estava fazendo tudo certo?

Turner: Comecei verificando e confirmando as coisas. Eu confio na memória do nosso baterista, Dan Peters, acima de qualquer um dos outros integrantes da banda, pois ele tem a melhor memória de todos nós. Eu estava checando os fatos com ele no começo e checando com o meu irmão e a minha irmã. Então parei, porque, você sabe, é o meu livro de memórias, ou seja, é como eu me lembro das coisas. Haverá erros factuais e pequenas coisas que realmente não importam, mas me dei conta de que se trata da minha memória. É o meu livro de memórias.


Jornalista: Quando você estava escrevendo o livro, houve algum momento de reflexão e arrependimento?

Turner: Todo mundo comete erros ao longo da vida, certo? Então, eu acho que todo mundo gostaria que algumas coisas acontecessem de forma diferente. Eu sou o mesmo desde sempre, mas é o que é. Não sou uma pessoa excessivamente nostálgica, mas percebi ao longo da minha vida que sou nostálgico por coisas que não vivi. Quando eu era adolescente, fiquei obcecado pelo pré-punk rock de garagem dos anos 60 e pensei: “Por que eu não nasci uns 15 anos antes? Eu teria sido um adolescente em 1966! Seria perfeito! Ou ser um adolescente em 1977 ou em 1955". Sabe, esses são os anos-chave que eu gostaria de ter experimentado: o nascimento do rock and roll, o fenômeno do rock de garagem adolescente dos anos 60 e o surgimento do punk rock em 1977... Eu estava apenas alguns anos atrasado pra tudo isso (risos).


Jornalista: Uma coisa crucial que você aborda no livro é como o skate, punk rock e o hardcore se apresentaram como a interseção perfeita para você seguir o seu caminho.

Turner: Na verdade, foi uma porta de entrada para muitos de nós e para o mundo. Alguns desses skatistas profissionais que idolatrávamos entraram no punk rock, então, não podíamos ser os caras dizendo que “o punk rock é uma merda”. Tínhamos que dizer: “Ok, acho que agora gostamos de punk rock”. Eu definitivamente era uma dessas crianças e isso meio que assumiu a minha personalidade. Eu realmente não gostava muito de música antes de andar de skate e conhecer o punk rock. Foi uma coisa emocionante, sabe? Apenas alguns de nós sabiam sobre isso, tanto do skate quanto do punk rock. Éramos uma pequena e escondida sociedade secreta.


Jornalista: No que diz respeito às revelações, você foi convidado a se juntar ao NIRVANA como 2º guitarrista nos anos 80. Para o baixista do NIRVANA, Krist Novoselic, você estava no topo da lista.

Turner: Foi uma coisa tão pequena, mas é engraçado especular sobre o que poderia ter acontecido. O meu ponto de vista, que eu deixei escrito no livro, é que eles eram uma boa banda power trio. Eles tiveram um 2º guitarrista, que foi Jason Everman. Deus abençoe Jason Everman, ele é incrível e tenho algumas histórias com ele, mas realmente, pra mim, não parecia acrescentar nada para a banda se o NIRVANA fosse um quarteto. Quando Everman deixou a banda e eles voltaram a ser um power trio, foi quando eles ficaram mais poderosos.

Turner: Então, eu falei para Krist Novoselic: “Vocês não precisam de um 2º guitarrista”, mas naquela época ainda não sabíamos o que estava por vir a Kurt Cobain e ao NIRVANA, que foi toda aquela mega fama e atenção que eles receberam. Mesmo assim não era pra mim e eu não duraria mais do que 03 semanas naquela banda.


Jornalista: Outra coisa que me impressionou foi como você surgiu junto com os futuros co-fundadores do PEARL JAM, Stone Gossard (guitarrista) e Jeff Ament (baixista), quando formaram o GREEN RIVER, um grupo antes do MUDHONEY. Você entrou em conflito com Stone Gossard porque você foi criado no punk rock e hardcore e ele gostava muito de metal.

Turner: É quase o contrário em alguns aspectos, porque Jeff Ament veio totalmente do hardcore, sendo que as suas credenciais punk rock são sólidas. Skatista de cidade pequena, ele já tinha uma banda de garagem antes, tinha uma rampa de skate no quintal de sua casa e fazia parte de um fanzine da cidade, mas ele também se interessou pelo metal. Eu acho que através de algumas das bandas de hardcore que estavam entrando no metal naquela época e obtendo uma melhor produção nas gravações e coisas que lançavam, Jeff já estava realmente interessado nessas coisas. Ele realmente gostou do hardcore da cidade de Boston como a banda SSD e eu sei que ele telefonou para os produtores de algumas dessas bandas para obter dicas de gravação. Nessa época, eu já estava trabalhando com Jeff numa cafeteria e Stone realmente me empolgou mostrando boas músicas quando o conheci.

Turner: Houve muitos cruzamentos de influências para nós nos primeiros dias. Stone realmente se interessou pelo hardcore mais melódico do sul da Califórnia, bandas como THE ADOLESCENTS e SOCIAL DISTORTION, e lembro que ele realmente gostava do grupo AGENT ORANGE. Esse conflito de ideias musicais veio um pouco mais tarde com o GREEN RIVER. Quando começamos a banda, ainda era uma coisa de garagem desleixada.


Jornalista: Por acaso você já viu a capa do livro de memórias de Thurston Moore, vocalista/guitarrista do SONIC YOUTH, chamado "Sonic Life" e previsto para ser lançado ainda este ano? A capa do seu livro e a dele são estranhamente semelhantes.

Turner: Ainda não vi, mas que engraçado... Eu o vi anunciar o seu livro e fiquei muito feliz porque ele é um grande compositor. Eu diria que Thurston Moore e o SONIC YOUTH foram uma influência pra mim e também diria que o MUDHONEY foi uma influência para o SONIC YOUTH e Thurston Moore. Eles gostaram tanto daquela coisa surgindo em Seattle nos anos 80, sendo que eles foram os "campeões" para bandas como o GREEN RIVER, MUDHONEY e o NIRVANA.




Jornalista: No passado, o SONIC YOUTH levou o MUDHONEY junto em turnê.

Turner: Isso mesmo! E eles fizeram um cover da nossa música logo no 1º show, “Touch Me I’m Sick”. Eles eram ótimos e musicalmente nós éramos muito diferentes, tanto quanto as pessoas com quem nos relacionávamos na turnê, especialmente nos primeiros dias de turnê. Por exemplo, o pessoal do SONIC YOUTH estaria lendo livros nos bastidores e nós estávamos caindo sobre nós mesmos derramando cerveja por todo lado.


Jornalista: Para encerrarmos essa entrevista, no seu livro você adota o termo “grunge”. Você não pensa nisso somente como uma palavra de 06 letras e não foge dela.

Turner: Sou apenas eu sendo do contra. Em 1995, quando estávamos gravando o nosso 4º álbum de estúdio, "My Brother The Cow", o termo "grunge" era a última coisa que alguém queria ouvir. Os holofotes da mídia terminaram sobre Seattle com a tragédia de Kurt Cobain se matando e tudo mais. Era a última coisa que alguém queria saber, mas se alguém é grunge mesmo, é o MUDHONEY. Eu entendo porque o PEARL JAM odiava tanto esse termo e algumas das outras bandas também, mas para nós, sempre descrevemos o nosso som de guitarra desde o início nos anos 80 como "sujo" e pra mim, eu pensava então: "Vamos apenas assumir esse termo para nós".



"Almost Everything" (Disco: "Plastic Eternity")











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