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Cream: "a gravação dessa música me irrita, porque parece que o baixo está tocando a melodia errada o tempo todo”

  • by Brunelson
  • 24 de set.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de set.

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Estar em qualquer tipo de banda power trio é uma corda bamba enorme para andar na maioria do tempo. 



Mesmo que todos tenham que cumprir sua parte do acordo para que tudo soe bem, sempre há momentos em que alguém parece estar fazendo mais do que deveria (musicalmente falando) ou quando algum membro da banda começa a ficar agitado quando quer chamar a atenção mais do que as partes que constituem o todo. 


Mas enquanto muitos power trios conseguem deixar seus egos de lado pelo bem da música, o CREAM sempre foi um barril de pólvora esperando para explodir.


Antes mesmo de tocarem uma nota musical, cada membro da banda já era um músico virtuoso. Eric Clapton estava lentamente se tornando um dos guitarristas mais requisitados a sair da cena blues, e enquanto Jack Bruce (baixista) e Ginger Baker (baterista) vieram do mundo do jazz, eles ainda conseguiam criar um groove que soava como um trem de carga descendo uma colina a mil por hora.


O único pequeno obstáculo no plano deles era o fato de que ambos não se suportavam. Na verdade, a razão pela qual a banda quase se separou antes de começarem, foi que todos se recusaram a trabalhar juntos no início, mas quando ouviram quanto potencial havia em músicas como "I Feel Free" (1º disco, "Fresh Cream", 1966), foi difícil para eles negarem o que tinham em mãos.


E com o álbum "Fresh Cream", toda a base para o som deles já estava lá. Essa foi a 1ª vez que Bruce exibiu suas enormes escalas de baixo em canções como "Spoonful", mas como o grupo tinha Clapton em seu line-up, ouvi-los saltando um sobre o outro durante as músicas e se esticando em jams de forma livre sempre que tocavam ao vivo, era como assistir atletas olímpicos musicais indo e voltando toda hora.


Como Bruce estava escrevendo muitas canções, era inevitável que houvesse problemas ao dividir os royalties. A clássica canção, "Sunshine of Your Love" (2º disco, "Disraeli Gears", 1967), pode ter sido uma das melhores músicas deles e da história do rock'n roll, mas o álbum "Disraeli Gears" marcou um ponto em que eles precisavam mudar um pouco mais as coisas.


E para o produtor da banda, Felix Pappalardi, isto significou pegar o ponto crucial do cover de "Lawdy Mama" (que ficou de fora do 2º disco) e transformá-lo na canção "Strange Brew" para ser a abertura desse álbum.


Mas Bruce ficou absolutamente furioso com a versão que ficou gravada no álbum, dizendo uma vez em entrevista: "Fiquei bem puto porque a parte do baixo que eu tinha não se encaixava na nova estrutura que fizemos dessa música, embora tenha sido usada. Ainda me irrita porque parece que o baixo está tocando a melodia errada o tempo todo. Foi muito contra a minha vontade, mas eu não tinha absolutamente nenhum poder na banda quando estávamos no estúdio gravando um disco".


E fazer de Clapton o cantor da 1ª música do álbum - ao contrário dos vocais poderosos de Bruce - foi um caso da gravadora saber o que as pessoas queriam ouvir. Cada membro da banda era um monstro absoluto no que fazia, mas para manter as coisas democráticas, era importante deixar Clapton na frente e no centro durante muitos dos seus clássicos para que todos pudessem ouvir o músico por trás daqueles licks de blues impressionantes na guitarra.


Mesmo que para Bruce haja algumas notas ruins no produto final, a linha de baixo da canção "Strange Brew" está longe de ser algo para se envergonhar. Pode haver um punhado de vezes em que as coisas soem um pouco bizarras, mas considerando que a música inteira era sobre capturar o sentimento de como era a cena blues dos anos 60, ter alguns momentos em que as coisas soam fora do lugar pode ter sido a melhor abordagem.


"Strange Brew"















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