Kurt Cobain: matéria de capa da revista Spin marcando os 30 anos da morte do frontman do Nirvana
Confira na íntegra a matéria de capa da revista Spin de abril de 2024 escrita pelo jornalista Jim Greer, marcando os 30 anos da morte do frontman do NIRVANA, Kurt Cobain:
Caixa Em Forma de Coração
Kurt Cobain morreu antes de envelhecer
"A mortalidade é uma chatice e acaba com todos nós. Mas você sabe o que é pior? Imortalidade. Essa merda vai te matar" - ator Dennis Hopper no filme O Amigo Americano (1977).
Na manhã de 08 de abril de 1994, fui rudemente despertado do sono por um telefonema que eu não dava a mínima. Peguei o telefone e bati ele sem responder pelo menos 03 vezes, mas quem estava do outro lado da linha não se intimidou. Eu não iria atender o telefone antes do meio-dia. Como um jovem de 20 e poucos anos, inexperiente, imaturo e que bebia muito, esse me pareceu um comportamento razoável.
Eu estava em um hotel no centro de Seattle a trabalho para a revista Spin escrevendo uma história sobre a Sub Pop Records, a gravadora com sede na cidade que mais ou menos deu origem ao grunge. Eu estava fingindo trabalhar lá para poder relatar aos leitores da revista como era trabalhar em uma famosa gravadora independente. Eu levava meu trabalho a sério, então, tinha saído até tarde para beber na noite anterior com uma banda do selo Sub Pop chamada VELOCITY GIRL, que estava na cidade para tocar na festa do 6º aniversário da Sub Pop, marcada para sábado.
Pelo que me lembro, 08 de abril foi uma sexta-feira.
Por fim, atendi o telefone. Era Daniel Fidler, um dos nossos assistentes editoriais.
"Você já ouviu?" ele perguntou.
Eu estava de ressaca. Eu estava sempre de ressaca naquela época, mas ainda assim, mesmo que eu não conseguisse pensar direito e minha cabeça estivesse zumbindo, meu coração disparou contra meu estômago. Eu sabia do que ele estava falando. Eu sabia, sem saber. Reflexivamente, eu sabia, mas não queria que fosse verdade, então, eu me fiz de tolo.
"Ouvi o quê? São 9h30 da manhã aqui. Eu estava dormindo, como um americano normal".
"Ligue a TV e me telefone de volta", ele falou.
Eu não queria ligar a TV e ter meus medos confirmados, mas eu liguei mesmo assim. E a mesma coisa passando em todos os canais.
“O corpo de Kurt Cobain foi encontrado caído em um quarto acima da garagem de sua casa em…”
"Relatórios preliminares indicam que ele cometeu suicídio com espingarda..."
“Multidões de fãs devastados já começaram a aparecer do lado de fora da residência de Cobain em…”
Ele finalmente conseguiu. O pobre bastardo. Menos de 02 dias antes, eu estava jantando com o então publicitário da Sub Pop e bom amigo, Nils Bernstein. Nils e eu estávamos falando das últimas fofocas sobre Kurt. Ele tinha fugido da clínica de reabilitação em Los Angeles e voltou para sua casa em Seattle, onde desconectou todos os telefones. Era uma casa muito grande e naquela época tínhamos os chamados telefones fixos, que exigiam fios conectados às paredes para fazer ou receber chamadas (eu sei, é estranho).
Ele se recusava a falar com qualquer pessoa. Balançamos a cabeça, encolhemos os ombros e bebemos nosso Brandy Alexanders. Apenas 01 mês antes, Kurt tentara cometer suicídio em Roma, enfiando um monte de comprimidos na boca e engolindo-os com champanhe. O incidente foi considerado um acidente, mas não foi acidente. Simplesmente não teve sucesso. Se sua esposa, Courtney Love, não tivesse intervindo a tempo, ele poderia ter conseguido.
Telefonei de volta para Daniel. Ele me colocou em contato com Craig Marks, o editor executivo inteligente e sensato da revista Spin. Craig me disse o que fazer: ir até a casa de Kurt, entrevistar os fãs, telefonar para o médico legista, conseguir mais detalhes, falar com a polícia, falar com qualquer amigo de Kurt que eu pudesse encontrar e que estivesse disposto a conversar. Ou seja, fazer o meu trabalho na essência. Aja como um jornalista. Num sentido muito macabro, a revista teve sorte. Eu era o homem deles na cena e já tinha chegado primeiro na cidade. Poderíamos estar à frente da história e é para isso que os repórteres devem viver.
Mas aí estava o problema: eu não era repórter e não era jornalista. Eu tinha pouca formação jornalística e não estava particularmente interessado em desenvolver as habilidades necessárias. Consegui um emprego na revista porque sabia de música (era músico) e sabia escrever (era escritor). Eu nunca entrevistei um médico legista, um policial ou qualquer pessoa que não fosse absolutamente necessária para remendar uma história. Para complicar ainda mais, eu era amigo de Kurt. Nos conhecemos um pouco antes de sua banda ter alcançado a fama e fortuna, mas principalmente durante aquela ascensão vertiginosa, que foi uma viagem profundamente estranha para qualquer pessoa - mesmo tangencialmente envolvida - mas especialmente para Kurt.
Ele queria ter sucesso, mas nos seus termos, e não tinha como lidar com as exigências esmagadoras impostas a ele por seu triunfo estratosférico e totalmente imprevisto - em retrospecto, não importa quem afirme o contrário. Kurt esperava um disco de ouro e trabalhou duro para ganhar um disco de ouro, porque isso significaria que ele poderia continuar fazendo música e não morrer de fome, o que era na época seu maior desejo.
A música "Smells Like Teen Spirit" não era para ser um single de sucesso. O objetivo era criar canções como o 2º single lançado do álbum "Nevermind" (2º disco, 1991), "Come as You Are", que todos achavam que tinha potencial real como um cruzamento entre as massas e um sucesso mainstream. A gravadora inicialmente despachou apenas cerca de 45 mil cópias do álbum para as lojas nos EUA (que se esgotaram rapidamente).
Quando o disco "Nevermind" explodiu, Kurt ficou horrorizado com o tipo de fãs que atraiu. Tudo isso é registro público e se desejar, você pode ler mais sobre isso em suas biografias. Algumas das coisas que Kurt, Dave Grohl (baterista) e Krist Novoselic (baixista) disseram nos livros foram verdadeiras, mas a maior parte é apenas uma desculpa para expressar queixas que nenhum deles conseguiu discutir cara a cara com Kurt naquela época.
No entanto, é verdade em espírito, se não em detalhes, que Kurt não foi construído para o tipo de estrelato que o alcançou após o sucesso mundial do álbum "Nevermind". Se não fosse por Courtney Love, que cuidou dele de todas as maneiras possíveis e que - apesar dos surtos de volatilidade que muitas vezes caracterizam um relacionamento entre dois artistas obstinados - foi uma das poucas pessoas que sempre teve seus melhores interesses em mente, caso contrário, ele poderia ter se autodestruído antes.
Os dois estavam profundamente apaixonados e embora houvesse um elemento de co-dependência em seu relacionamento, parecia que Courtney e sua filha, Frances, eram as únicas 02 pessoas na Terra que mantinham Kurt no rumo. NIRVANA estava brigando por dinheiro, como as bandas costumam fazer, e ele não queria ser a atração principal do próximo Lollapalooza Festival, mas também não queria decepcionar ninguém - Kurt estava clinicamente e geneticamente deprimido, recusava-se a tomar seus remédios antidepressivos (acredite, nós tentamos), e não era bom em comunicar coisas de outra forma que não fosse através da música.
Foi um choque, mas não uma surpresa quando ele cometeu suicídio. Qualquer um que use o título provisório "I Hate Myself and I Want to Die" para uma canção - mesmo em tom de brincadeira, como Kurt queria fazer para o álbum "In Utero" (4º e último trabalho de estúdio, 1993) - possui problemas com auto-aversão e depressão. Essas questões estavam inextricavelmente ligadas ao seu apelo e a sua morte consolidou esse apelo junto com seu público e das gerações posteriores, que responderam à sua incapacidade de lidar com a vida moderna.
Mas isso não é tudo o que Kurt era e nem sempre foi quem Kurt era. Na maioria das vezes ele era um jovem gentil, educado, atencioso, amigável, aberto, curioso, inteligente, inseguro e quieto. Ele também poderia ser um idiota teimoso, tagarela e do contra, mas isso era raro e apenas quando ele se sentia encurralado ou ameaçado ou quando estava protegendo seus entes queridos. Não era assim que ele era para seus amigos. Isso não é quem ele era para mim.
Depois de falar com Craig, ele me devolveu a Daniel, que me deu alguns números para telefonar: a polícia, o médico legista, etc. Eu os anotei. Após desligar o telefone, me sentei atordoado no sofá do meu quarto de hotel.
Não fiz nenhuma das ligações que Craig me instruiu a fazer e não fui à casa de Kurt entrevistar fãs. Saí do hotel por volta das 15hs da tarde e fui até o escritório da Sub Pop. Uma placa na porta do escritório dizia: "Sem câmeras. Sem comentários". Compreensivelmente, todos lá dentro estavam em estado de choque. Não havia ninguém na gravadora que não conhecesse Kurt e muitos o conheciam bem.
Poucos minutos depois, um adolescente entrou pela porta.
“Não tenho perguntas e não quero tirar fotos. Tudo bem se eu ficar aqui dentro parado?” ele disse.
Os proprietários da gravadora, Jonathan Poneman e Bruce Pavitt, estavam no escritório naquele dia, em parte porque a festa do 6º aniversário da Sub Pop estava marcada para a noite seguinte e eles tinham que decidir se iriam ou não prosseguir com ela. A maioria dos jornalistas de rock do país estaria na festa - agora, para cobrir o suicídio de Kurt.
Levaram o garoto para o terraço do escritório e tentaram consolá-lo. Não há realmente muito que você possa fazer para consolar alguém nesta situação. Ele era “apenas” um fã. “Apenas” um entre milhões de crianças cujo coração Kurt acabara de partir. Ele ficou muito tempo lá no terraço e atormentado pelos soluços. Eles o deixaram ficar lá. Nós o deixamos sozinho, pois parecia a coisa certa a fazer.
Um bolo chegou no escritório enviado por Danny Goldberg, empresário do NIRVANA e proprietário da gravadora Atlantic Records e ex-fundador da Gold Mountain Management, empresa que administrava o NIRVANA. O bolo foi em comemoração ao aniversário da Sub Pop e foi decorado com caricaturas de Poneman e Pavitt na cobertura. Foi um momento profundamente estranho. Nils me disse para ir buscar uma cerveja e trazer para o escritório. Ele também me deu um pouco de seu Xanax, do qual tinha receita médica.
A única resposta sensata naquele momento era anestesiar a dor. O clima predominante durante todo aquele fim de semana foi de choque e admiração, tingido nas bordas com uma profunda tristeza que ainda não havíamos experimentado. A festa da Sub Pop (eles decidiram que era tarde demais e impraticável cancelar) se transformou em um velório em vez de uma festa, o que parecia apropriado.
No dia seguinte (domingo) depois do evento da Sub Pop, após o serviço memorial privado a Kurt, um grupo de nós estava fumando do lado de fora. Eu não fumava, mas estava fumando ao lado deles. Ninguém disse nada até Dave Grohl, esmagando o cigarro apagado sob o calcanhar, balançar a cabeça e com sorriso falar para nós: "Fale sobre passivo-agressivo". Ele não estava tentando ser mau ou inteligente. Ele estava tentando lidar com suas emoções.
Muitos de nós voltamos para a casa de Kurt e Courtney a convite dela. Muitas pessoas entraram e saíram naquela tarde, embora a maior parte do tempo seja um borrão na memória pra mim. Eu me lembro de sair com a mãe de Kurt, Wendy, e a irmã mais nova de Kurt, Kim, que naquela idade tinha uma estranha semelhança com seu irmão. A mãe dele contou uma história sobre uma vez estar preparando o café da manhã e assobiando, e Kurt sentado à mesa apenas olhando para ela e perguntando: "Por que você está feliz?"
Courtney andava em um estado de tristeza semi-lúcida que se manifestava principalmente em um turbilhão maníaco de atividade. Acompanhada, ela fazia visitas ao cômodo acima da garagem onde Kurt havia sido encontrado (eu não fui lá), depois, ela saía e visitava o público na frente de casa e fumando muito. Não consigo imaginar o peso da tristeza e da responsabilidade pesando sobre ela naquele momento.
As coisas ficaram tão caóticas que a certa altura me pediram para cuidar de Frances Bean, sozinho, talvez pelos 30 minutos mais longos da minha vida. Você não coloca um jovem inexperiente, imaturo e beberrão, no comando de uma criança pequena. Eu fiquei observando ela brincar e ocorreu tudo bem. Tudo pareceu ter dado certo, mas foi a última vez que tive algo a ver com crianças.
Acabei na casa de Nils mais tarde naquela noite onde ficamos escutando discos até as 04:00hs da manhã. Parecia apropriado. Como eu disse, estávamos de luto por uma pessoa e não por uma estrela do rock ou pelo fim abrupto de uma temporada promissora. Que estes poderiam vir a estar relacionados, eventualmente, mas não passou pela nossa cabeça naquela hora.
A certa altura, conversando sobre isso com Nils em uma versão desencarnada de mim mesmo, decidi não contar essa história a público para a revista. Na verdade, eu já tinha decidido, mas não tinha admitido pra mim mesmo que tinha decidido. No dia seguinte, saí da cidade sem avisar a ninguém e peguei a estrada de carro cruzando o país. Certa noite, alguns dias depois, em uma parada de caminhões, liguei para Craig para lhe dar a oportunidade de gritar comigo antes de me despedir. Mas Craig não estava com vontade de gritar. No domingo, Daniel Fidler, o cara que me telefonou para avisar que Kurt estava morto, tinha morrido de overdose. Se por acidente ou por algum excesso de tristeza, ninguém tinha certeza. Daniel era um dos jovens mais doces, sinceros e trabalhadores com quem já tive o prazer de trabalhar. Era inconcebível que ele usasse qualquer tipo de droga, muito menos heroína. Sempre que alguém tenta me fazer contar histórias sobre os dias de glória do rock dos anos 90, tudo que consigo lembrar é de morte e de perda - e havia muitos que se foram assim como os dois.
Voltei para minha cidade natal temporária em Dayton, Ohio, profundamente abalado. Tendo efetivamente queimado meus contatos com a revista Spin, foi quando me ofereceram a oportunidade, 02 meses depois, de tocar em uma banda local chamada GUIDED BY VOICES - eu pulei dentro. Não foi uma decisão ponderada e da qual me arrependeria, mas era algo para fazer, numa altura em que eu realmente precisava de algo para fazer.
Em 02 anos eu saí da banda, terminei com minha noiva, me mudei de Dayton e parei de beber. Em retrospecto, todas foram boas decisões, mas não parecia assim na época. Em vez disso, parecia que aquele telefonema de Daniel Fidler anunciava mais do que apenas a morte de Kurt. Anunciava a morte iminente de praticamente tudo que eu amava até aquele momento.
De certa forma, eu não estava completamente errado. NIRVANA era visto na época por muitos como o culminar do movimento de várias vertentes do punk rock / rock independente / rock alternativo / qualquer coisa para o mainstream da cultura popular. O que não entendíamos na época era que o NIRVANA marcava o fim e não o começo daquele movimento. Depois do NIRVANA - pós-Kurt - esse movimento foi cooptado e destruído por uma indústria que não tinha ideia do que fazer com ele.
Você provavelmente poderia ter previsto isso e de uma forma injustamente simplista, pode ser reduzido a uma palavra: dinheiro. Assim que as grandes gravadoras decidiram que artistas até então ocultos ou do underground também poderiam abrigar riquezas ocultas, o jogo estava mais ou menos acabado. Foram necessários alguns anos de compromisso e rejeição (por parte do público, das empresas, das próprias bandas) para entender essa fácil lição.
Quando o fizeram, já era tarde demais. Uma nova sensibilidade tomou conta do mundo da música, frustrada com a mentalidade anti-estrela dos seus maiores artistas. Muitos desses mesmos artistas, desacostumados a qualquer tentativa de exercer controle sobre o conteúdo ou a apresentação de suas músicas, azedaram com a experiência das grandes gravadoras e foram dispensados e voltaram para seus esconderijos underground, ou abandonaram a si mesmos, tendo decidido que o carreirismo não era um caminho viável para um músico com pretensões artísticas. A indústria musical havia passado para essas bandas de rock e iniciou um declínio do qual nunca se recuperou realmente (ajudado e estimulado pela internet, mas esse é um assunto fora do escopo desse artigo).
Mas o NIRVANA permanece – Kurt permanece – para sempre preso no âmbar de sua juventude de cabelos dourados. O recado que Kurt escreveu no encarte do disco "Incesticide" (3º trabalho de estúdio, 1992), incluía a seguinte declaração: "Se algum de vocês de alguma forma odeia homossexuais, pessoas de cor diferente ou mulheres, por favor, faça este favor para nós: nos deixe em paz! Não venha para os nossos shows e não compre os nossos discos".
Bem, isso não aconteceu. Era louvável como sentimento e como declaração de missão, mas a sua ineficácia só poderia ter agravado o sentimento de futilidade de Kurt. As pessoas que Kurt Cobain não queria que ouvissem a música de sua banda agora estão no comando. Tudo o que ele era contra se levantou contra nós e não é culpa dele. Ele é considerado agora um ícone da Geração X, seja lá o que isto signifique, como a voz daquela geração, e as crianças que não eram nascidas quando ele morreu e provavelmente nunca ouviram uma nota de sua música além da canção "Smells Like Teen Spirit", usam camisas do NIRVANA para significar o quê exatamente? Uma espécie de atitude vaga anti-establishment na qual eles de fato não acreditam e uma adoção de seu corporativismo.
Ok, tudo bem... Após 30 anos da morte de Kurt, gestos frágeis, como usar uma camisa - “As revistas corporativas ainda são uma merda” estava escrito na camisa de Kurt para a capa da revista Rolling Stone - parecem encantadores em sua ingenuidade e seriedade. Tentar explicar o conceito de “vender-se” para qualquer pessoa nascida depois da morte de Kurt é como tentar explicar a eletricidade a um homem das cavernas. O perigo disso é que a sua memória seja dominada pela nostalgia, uma doença para qual a única cura é olhar para frente, sempre para frente.
Apesar de sua reputação de miserável, Kurt sempre esperou e trabalhou por um futuro melhor.
Certa vez, o famoso e otimista escritor Franz Kafka, foi questionado sobre a desesperança expressa em seu trabalho. Ele respondeu: “Oh, há esperança, uma quantidade infinita de esperança, mas não para nós”.
Gosto de pensar que ele e Kurt teriam se entendido.
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