Tom Morello: explicando por que não corta as pontas das cordas de sua guitarra
O guitarrista do RAGE AGAINST THE MACHINE, Tom Morello, foi entrevistado pelo radialista Howard Stern e foi perguntado da forma diferente de tocar guitarra entre ele e do frontman do GREEN DAY, Billie Joe Armstrong, além de outros assuntos:
Seguem alguns trechos:
Howard Stern: Por que você não corta as pontas das cordas de sua guitarra? Por que você sempre as mantém para fora saltadas?
Tom Morello: Eu vou te dizer, não foi por acaso. Quando eu estava naquela banda de colégio, ELECTRIC SHEEP (com Adam Jones no baixo, futuro guitarrista do TOOL), não cortei as cordas da minha guitarra porque achava legal.
Morello: Um dia, fui humilhado por um amigo músico que me disse: "Corte essas malditas cordas! Você acha que está na pior banda da cidade?" E eu falei: "Com certeza não estou na pior banda da cidade", e cortei as pontas das cordas da minha guitarra.
Morello: Anos depois, já com o RAGE AGAINST THE MACHINE, eu estava na pior banda da cidade, então, deixei as cordas novamente com as pontas de fora na guitarra.
Stern: Você olha para um cara como Billy Joe Armstrong do GREEN DAY, tipo, ele usa a guitarra quase até aos joelhos, o que é super legal, mas você mantém sempre a sua guitarra no alto, tipo: "Foda-se", certo?
Morello: Eu deixo a guitarra exatamente na mesma altura de quando estou sentado e praticando, onde sou capaz de reproduzir as circunstâncias exatas do que eu tenho praticado e reconheço que não é uma postura "cool", mas isso realmente nunca foi uma grande prioridade na minha vida.
Stern: É importante pra você que tipo de guitarra você toca?
Morello: Não, de forma alguma e isso é polêmico no mundo dos guitarristas, tipo, não acredito que isso importe e nenhum dos equipamentos importa em absoluto. Comigo, provavelmente foi em 1988, onde entrei num quarto, passei algumas horas girando alguns botões e apenas pensava: "Ok, não gosto deste som particularmente, já este aqui estou imaginando na minha cabeça".
Morello: Até hoje tenho este amplificador JCM 800 Lead Series 50 watts da Marshall, que é o que eu comprei na época e marquei as configurações que registrei naquele dia em 1988. O amplificador ainda está com aquelas configurações, a guitarra é aquela que toquei em cada disco, em cada show e em cada turnê, e eu apenas disse que não vou mais me sobrecarregar com essa ideia de: "Eu tenho que ter o equipamento certo e tenho que ter a guitarra certa".
Morello: É como ter a mesma guitarra que tive e agora vou colocar toda a minha energia na imaginação e na criatividade. Mesmo com os pedais de efeitos que tenho, tipo, 03 são pedais que estão comigo há 35 anos, que são iguais (Delays) e resolvi abraçar todas as suas limitações, o que me ajudou tremendamente na parte criativa e nunca me preocupei com essa ideia a qual estamos conversando.
Morello: O início do RAGE AGAINST THE MACHINE foi realmente a virada em que deixei de ser um músico tecnicamente habilidoso para se tornar um artista, onde encontrei a minha própria voz no instrumento quando comecei a me identificar como o DJ da banda.
Morello: E quando eu parei de praticar escalas 08 horas por dia, comecei a praticar erros 08 horas por dia e de repente, eu estava apenas ouvindo o instrumento de uma maneira diferente. Com a guitarra estava criando um vocabulário de sons que não eram de um livro de Chuck Berry ou de Eddie Van Halen ou qualquer outra coisa... Foi aí que a venda caiu dos meus olhos.
"War Within a Breath" (3º disco, "The Battle of Los Angeles", 1999)
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