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  • by Brunelson

Stone Temple Pilots: guitarrista fala sobre Scott, álbum "Tiny Music..." e lados-b para os shows


Depois de abrir a carreira com 02 álbuns massivos e que ficariam na história do rock, "Core" (1992) e "Purple" (1994), o guitarrista Dean DeLeo e os seus amigos no STONE TEMPLE PILOTS decidiram que o 3º disco iria justificar uma nova abordagem musical.

Em vez de se mudarem para outro estúdio de ponta em New York ou Los Angeles, a banda foi para uma propriedade isolada em Santa Ynez, Califórnia, sem vizinhos à vista e nenhum estúdio real no local.

O álbum resultante foi "Tiny Music... Songs From The Vatican Gift Shop" (1996), que marcou uma nova fase para a banda, menos endividada com os padrinhos do grunge aos quais eram frequentemente comparados e mais apaixonada por sons como psicodelia, jazz e bossa nova.


Em sua análise, matéria e entrevista, o jornalista Stephen Thomas Erlewine do AllMusic destacou as camadas de faixas de guitarra que foram gravadas no álbum e a ambição geral da banda como novas adições emocionantes em sua música, enquanto o grupo permanecia fundamentado à sua conhecida sensibilidade melódica.

Comemorando o 25º aniversário desse 3º álbum, o mesmo foi relançado hoje (23/07/2021) num box com vários bônus (foto).


Confira uma versão demo e outra ao vivo que a banda já tinha disponibilizado e que faz parte dos bônus que integram esse box de relançamento:


"Big Bang Baby"


"Tumble in The Rough"


Em celebração, o guitarrista da banda foi entrevistado pela AllMusic e falou sobre os desafios de gravar em um local remoto, o que o falecido vocalista da banda, Scott Weiland, trouxe a eles musicalmente na carreira, e os lados-b desse álbum que ele está animado para tocar nos shows algum dia com o seu grupo.

Confira alguns trechos dessa entrevista:

Jornalista: A banda definiu algum objetivo quando vocês começaram a compor o disco "Tiny Music... Songs From The Vatican Gift Shop?

Dean DeLeo: Nós gravamos esse álbum em uma casa e acho que isso realmente ditou o som do disco. Não foi num estúdio com a acústica em mente, era literalmente uma casa e criamos uma sala de controle improvisada para configurar na sala de estar da casa e apenas começamos a tocar. Acho que o som natural de cada sala que tinha naquela casa em que movemos os amplificadores ou a bateria de lugar, apenas utilizamos muitos dos sons naturais de cada espaço, sabe? Acho que o local onde gravamos esse disco realmente ditou muito como ele soaria.


Jornalista: Esse foi o disco de vocês com uma gravação mais atípica de todos os outros álbuns?

DeLeo: Nós gravamos o álbum "Shangri La Dee Da" em uma casa também (5º disco, 2001), mas esses foram os únicos 02 álbuns que gravamos em casas. Provavelmente, o disco "Tiny Music..." possui um pouco mais de fidelidade nele. É um álbum que tem um som interessante quando você o ouve em comparação com outros álbuns. Acho que foi só por causa de onde estávamos, onde trouxemos alguns equipamentos à casa, passamos os cabos e dissemos: "Vamos lá".


Jornalista: Talvez seja por isso que muitas pessoas se agarraram especialmente a esse disco de vocês...

DeLeo: Eu acho isso muito interessante, pois muitas pessoas realmente possuem este álbum em alta consideração. Eu ouço isso das pessoas de vez em quando sobre o disco "Tiny Music...", tipo, posso ouvir delas algumas coisas que são por causa de termos gravado numa casa, ou gostaram de como o vocal de Scott ficou gravado e outras conversas. Agora, consigo escutar esse álbum objetivamente como um ouvinte e fico muito distante dele na questão de analisa-lo... Consigo apenas ouvir e eu gosto disso.


Jornalista: Depois de 02 álbuns consecutivos de enorme sucesso, você sentiu muita pressão?

DeLeo: Não, nunca abordamos nada como "precisamos disso" ou "precisamos daquilo". A única coisa que realmente tentamos descobrir foi dizer o que podíamos em 03 minutos mais ou menos em cada música, tipo, apenas queríamos gravar as músicas e não queríamos ter obras grandes e longas ou qualquer coisa do tipo, estávamos trabalhando em... Chame do que você quiser, mas acho que o álbum "Tiny Music..." ficou realmente experimental para nós e eu sou fã dessa palavra, pois foi apenas o que escrevemos na época e por causa do que experimentamos entre o álbum anterior e o que estávamos fazendo a seguir. São as experiências que te inspiram, te fazem feliz e te deixam triste.


Jornalista: E a gravadora não cobrou vocês para lançarem uma canção "Interstate Love Song Part 2"?

DeLeo: Eles foram incríveis e digo que estar com a Atlantic Records foi maravilhoso. Eles nunca estavam respirando em nossos pescoços e eles nem foram na casa onde estávamos gravando. O único que apareceu foi o nosso querido amigo que nos contratou, Tom Carolan, que era da relações públicas da gravadora e foi o único que apareceu na casa, mas ele só queria saber o que estávamos fazendo e nada de mais. A Atlantic Records foi um lugar incrível de se estar, eles entenderam o que estávamos fazendo e nos entenderam. Todos eles trabalharam duro por trás desse álbum.


Jornalista: As melodias vocais de Scott Weiland faziam parte das fitas demo originais que vocês gravavam ou ele as adicionaria mais tarde?

DeLeo: Conosco, a música sempre vinha em 1º lugar. A música era escrita por mim ou por Robert DeLeo (irmão e baixista), e eu ou ele ou ambos sentávamos com Scott e paro por aqui... Não posso dizer o suficiente sobre Scott, porque ele era extraordinário. Quando ele colocava a sua marca em uma de nossas músicas, era muito gratificante para nós.


Jornalista: Você se surpreendia com o que ele entregava como produto final?

DeLeo: Sim, apenas a maneira como ele abordou a canção "Trippin' on a Hole in a Paper Heart" foi muito legal (lançada nesse 3º disco). Mesmo se voltarmos ao nosso 2º álbum, "Purple", onde tem a música "Vasoline" que é um riff muito simplista com apenas 02 notas, mas Scott abordou aquilo com uma sensibilidade melódica que foi brilhante. Ele realmente sabia como esculpir uma melodia e as suas letras eu sempre achei que eram uma das melhores.


Jornalista: Vocês perguntavam a ele o significado das letras?

DeLeo: Não, mas nós meio que sabíamos, conversaríamos um pouco sobre isso e sabíamos o que estávamos todos passando e o que ele estava passando. Estávamos um com o outro mais do que com qualquer outra pessoa em nossas vidas, estávamos ombro a ombro na estrada e Scott e eu morávamos juntos nos primeiros dias, então, todos meio que sabíamos o que estava acontecendo.


Jornalista: Há algum lado-b profundo do álbum "Tiny Music..." que nunca teve o devido direito?

DeLeo: Nós nunca tocamos a música "Adhesive" com Scott, mas a tocamos com Chester Bennington (2º vocalista, também falecido), e foi muito bom tocar esta canção nos shows. Tem uma música que nunca a tocamos ao vivo e eu tenho reclamado e resmungado com o pessoal da banda sobre isso há anos, eu realmente quero estrear ao vivo a canção "Ride The Cliche".


"Adhesive"


"Ride The Cliche"


Jornalista: Essa última é uma das 03 músicas pelas quais você é creditado neste álbum, o que é menos do que o normal. Isso o torna menos apegado a esse disco?

DeLeo: Isso nunca passou pela minha cabeça... O que você descreveu soa como ego e eu só queria o melhor álbum possível. Se Robert escreve ou eu escrevo, não me importo. Quando eu gravar, vou colocar a minha marca nisso e essa é a beleza de como Robert e eu escrevemos, pois sendo irmãos, há um vínculo ali e um parentesco real. Acho que nem preciso dizer que cada um de nós sente o outro e o que está escrevendo.


Jornalista: Esse é o mesmo relacionamento musical que você sempre teve com ele? Ou mudou com o tempo?

DeLeo: É basicamente o nosso projeto. Começamos com a música, chegamos com um monte de canções e as apresentamos. Você tem que estar ciente quando for apresentar uma nova música, pois você a escreveu, se dedicou e acha que é maravilhosa, mas só porque você a compôs. Então, quando você a mostra para os outros da banda, alguém poderá dizer: "Não sei se estou sentindo algo com isso", e em questão de minutos você a descarta, a coloca no bolso e pergunta: "Ok, o que vocês tem a apresentar?" Às vezes isso é difícil, mas é para onde o negócio vai. Você tem que ter todos na mesma página para que tudo realmente funcione. Para que seja uma música que realmente seja lançada num disco, todos têm que entender e senti-la.


Jornalista: Houve algum momento doloroso em gravar algum álbum de vocês?

DeLeo: Nenhum dos discos foi doloroso de gravar, mas o que foi ótimo no álbum "Tiny Music..." foi estarmos todos juntos naquela casa, tipo, era muito comunitário. Nós 04 provavelmente estávamos mais no lado idealista do que no lado realista das coisas, então, é esse momento idealista que me refiro, comunitário e realmente adorável em nossas vidas, onde tivemos alguns dos nossos amigos mais próximos lá conosco e foi realmente maravilhoso. Era uma casa num terreno de 100 acres e você não conseguia ver outra casa ao seu redor. Foi uma experiência realmente ótima e não havia nada de doloroso, pois foi um dos melhores momentos da minha vida.


Jornalista: De quem foi a ideia de gravar o disco numa casa?

DeLeo: Não me lembro quem realmente teve a ideia, mas o nosso produtor, Brendan O'Brien, não gostou da ideia. Ele estava morando em Atlanta, concordou em gravar o disco e vir para a Califórnia 05 dias por semana. Ele estava longe da sua família e não queria a distração de nós estarmos em uma casa, pois ele realmente nos queria num estúdio, então, ele sabia onde estávamos e não seria como foi nos 02 primeiros discos em que ele também havia sido o nosso produtor.


Jornalista: Você se diverte com sobras de estúdio e gravações demo alternativas de outras bandas?

DeLeo: Na verdade, não. Não sei se estou com os ouvidos tão perto do chão para essas coisas. O meu filho agora tem 18 anos de idade e eu amo o que ele fala sobre mim, mas eu amo o que ele está ouvindo no momento que é uma banda chamada BLACK MIDI, que é muito legal, engenhosa e criativa. Há algumas bandas para as quais ele me entusiasmou e quando ouço algo novo e realmente ressoa em mim, como por exemplo, uma banda do Canadá chamada MEN I TRUST. Os meus filhos me entusiasmam com coisas novas e esse é o meu estado atual da música.


Jornalista: Após 25 anos, onde o disco "Tiny Music..." se encontra em você? Quais os sentimentos que esse álbum lhe traz à tona?

DeLeo: Foi uma época realmente incrível em nossas vidas e tivemos a grande sorte de poder fazer o álbum da maneira que fizemos. Ficamos todos muito gratos por isso e há uma grande parte de mim que sente muita falta de Scott Weiland... Não passa 01 semana ou 01 dia, penso naquele cara o tempo todo e sinto muito a falta dele. Me lembro desse disco porque há algumas músicas que quando a tocamos ao vivo, parecem ecléticas e "Trippin' on a Hole in a Paper Heart" é uma delas e sempre foi. É uma daquelas músicas que quando nós a tocamos nos shows, você sente que sobe pela sua espinha e sai pelo topo da sua cabeça, então, sempre me lembro disso porque sempre temos essa música no setlist dos shows.


"Trippin' on a Hole in a Paper Heart"









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