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by Brunelson
Como o álbum "Superunknown" (4º disco, 1994) elevou o SOUNDGARDEN a novas alturas inebriantes e deixou um legado que dura até hoje?
Até aquele momento, Chris Cornell estava passando os seus dias trabalhando em gravações demos no porão de sua casa. Ele tinha uma música se formando, mas as palavras estavam escapando dele enquanto Cornell investigava um barulho estranho que vinha lá em cima de sua casa.
O vocalista subiu as escadas e avistou um passarinho agonizando na morte, após ter quebrado o pescoço depois de bater contra o vidro de uma janela...
Sim, o sentimento foi literal, com a letra da canção detalhando toda a situação, mas também havia despertado nele uma dor não processada por aqueles que ele havia perdido. Isso incluía o seu amigo, colega de apartamento e também músico, Andrew Wood, falecido vocalista do MOTHER LOVE BONE, que era uma das estrelas mais brilhantes da cena nascente de Seattle e que morreu em 1990 por overdose de heroína.
Décadas depois de escrever a música "Like Suicide", Cornell afirmou nas notas de relançamento do álbum que era “sobre todas essas lindas vidas ao nosso redor, duas vezes mais brilhantes do que as nossas vidas comuns, pessoas pequenas com a metade do nosso tamanho e caindo pelas paredes”.
As camadas de significado expostas aqui nesta música são apenas 01 microcosmo do álbum.
"Like Suicide" é apenas uma das 16 canções que compõem esse disco, o qual mudaria a carreira do SOUNDGARDEN e se tornaria um dos álbuns de rock mais reverenciados de todos os tempos. Reconhecemos nesse disco como o trabalho de uma banda e seus poderes criativos estão operando em plenitude.
Na consciência coletiva da comunidade rock, há muito se afirma que o grunge morreu quase no mesmo momento em que a notícia da morte de Kurt Cobain foi divulgada. A sabedoria recebida é que, após um desfecho tão trágico, o público de rock mudou para sons mais otimistas de bandas como GREEN DAY e OFFSPRING.
No entanto, isso não resume toda a história, porque uma das bandas com um dos álbuns mais marcantes da cena grunge, ainda não tinha experimentado o auge de sua popularidade mainstream como "líder temporário" da turma grunge até aquele ano e em 1995.
Lançado em 08 de março de 1994 - exatamente 01 mês antes da divulgação da morte de Kurt Cobain - o disco "Superunknown" entrou nas paradas como nº 01 nos EUA, vendeu cerca de 09 milhões de cópias em todo o mundo e ainda gerou um improvável sucesso no ranking de músicas e artistas pop. Raramente um disco tão sombrio, desafiador e musicalmente progressivo, foi recompensado com números de vendas de estrelas pop.
Nem o SOUNDGARDEN estava acostumado com isso, pois nem sempre foi assim...
SOUNDGARDEN foi um dos primeiros grupos grunge a brotar em meados dos anos 80 e a 1ª banda do recinto a assinar com uma grande gravadora, e ainda assim, o último a florescer supremo no mainstream - pelo menos comercialmente falando.
Muito antes de NIRVANA e PEARL JAM ganharem Discos de Ouro respectivamente com os álbuns "Nevermind" e "Ten", SOUNDGARDEN já impressionava com a sua incrível inteligência musical fundindo punk, metal e rock com uma série de ritmos, contra-tempos e dinâmicas desconcertantes, além da voz de Chris Cornell, que era um arranha-céu e inimitável.
Em 1991, eles estavam se afogando na aclamação da crítica após o clássico 3º álbum, "Badmotorfinger", mas não estavam quebrando as paradas. Além disso, quando o SOUNDGARDEN começou a fazer turnês abrindo para bandas já consagradas, eles logo descobriram que o mundo do rock era uma nação dividida.
Conforme entrevistas, quando a banda estava se preparando para a turnê do álbum "Superunknown", eles estavam em êxtase simplesmente por terem a oportunidade de se apresentarem para os seus próprios fãs.
“Fomos para a Europa na turnê do disco 'Badmotorfinger' abrindo para grandes bandas em estádios e se apresentando para 60 mil pessoas que não davam a mínima para nós”, refletiu Chris Cornell numa entrevista em 1994 para a revista Kerrang.
Na época da gravação do álbum "Superunknown" em 1993, SOUNDGARDEN era uma banda em busca de sua individualidade, não apenas para se distinguir de todos os outros grupos grunge, mas também do que eles haviam feito na turnê anterior.
Primeiro, eles mudaram a maneira de como trabalhavam.
Cornell continuou, refletindo sobre o antigo método de trabalho da banda: “Alguém trazia uma gravação demo de uma música e ao invés de realmente nos concentrarmos em por quê gostamos dela e no quê era sobre a ideia original, nós apenas daríamos um jeito de fazer soar como o SOUNDGARDEN, o que poderia fazer com que o álbum soasse um pouco mais estéril”.
Os novos métodos e materiais de trabalho seriam diferentes e a sua missão musical teria que se expandir para acomodá-los, sendo que 20 músicas foram gravadas no lendário Bad Animals Studios em Seattle junto com o produtor Michael Beinhorn, antes de reduzir esse número para 16.
Mesmo nos dias de hoje, a psicodelia desencantada da canção "Black Hole Sun" continua extraordinária. Cornell chegou a dizer para a revista Rolling Stone que viu o resultado final dessa música como uma “pintura de palavras surreais e esotéricas”.
Teclados, afinações alternativas, viola, violoncelo, colheres e no caso da canção "My Wave", até um aceno para o surf rock foram introduzidos. É nas palavras do guitarrista Kim Thayil falando por um comentário do Spotify de quando o álbum "Superunknown" estava sendo relançado em 2014, que era um “disco perfeito para se escutar nos fones de ouvido”.
E realmente, cada membro da banda fizeram grandes contribuições sonoras e criativas.
Alguns dos riffs mais interessantes não pertencem a Chris Cornell e nem a Kim Thayil, mas ao baterista Matt Cameron, que não apenas concebeu o riff central da canção "Mailman", mas também tocou mellotron nele. A música "Fresh Tendrils" também é outra composição de Cameron, a tornando mais ainda atípica ao incluir o clavinete, assim como a linha de guitarra crescente na canção "Limo Wreck", com Thayil admitindo: "O nosso baterista foi quem surgiu com isso”.
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