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  • by Brunelson

Kyuss: o legado, como foi e o quê mais poderia ter sido


Havia muito mais na banda KYUSS do que a sua poderosa música, mas era um sentimento e uma atitude que simplesmente não podiam ser combinados...

Então, Josh Homme finalmente havia dito numa entrevista pandêmica para uma rádio: ele estaria pronto para algum tipo de reunião com o KYUSS.


Ponderando a ideia de fazer os shows por U$ 5,00 dólares para somente cobrir os custos, mas mantendo o espírito puro sem nenhum dinheiro real envolvido, Josh Homme (guitarrista membro fundador do KYUSS, que depois se tornou no frontman do QUEENS OF THE STONE AGE), também expressou o desejo de fazer isso para encerrar a história da banda de uma forma mais positiva do que foi em 2011, onde houve uma espécie de "reunião" com o vocalista John Garcia e o baterista Brant Bjork, fazendo uma turnê com amigos apresentando músicas da banda, que terminou num processo judicial de Josh Homme e do baixista Scott Reeder, contra os outros dois membros do grupo.


KYUSS realmente foi a banda mais legal na vida de muitas pessoas (Dave Grohl manda um abraço, citando a banda KYUSS em entrevista ao lado de Kurt Cobain), com os seus riffs escaldantes, levadas lânguidas, sinuosas e sem pressa para chegar a qualquer lugar. Porém, mesmo sendo mais rápido do que o absolutamente necessário, KYUSS realmente encapsulou a vastidão do deserto da Califórnia de onde cresceram.


Com 04 álbuns de estúdio lançados, KYUSS iniciou as atividades como banda de garagem (e do deserto) em 1987, onde lançaram o EP "Sons of Kyuss" em 1990.


Confira o áudio da canção "Deadly Kiss", que abre o EP "Sons of Kyuss":


Com o 1º álbum lançado em setembro de 1991, "Wretch", KYUSS soltava no mercado o seu forte rock do deserto da Califórnia, no mesmo mês em que uma tal banda chamada NIRVANA lançava o disco "Nevermind".


Segue a música "Love Has Passed Me By", lançada no 1º álbum de estúdio do KYUSS, "Wretch":

No início dos anos 90, quando a explosão grunge de Seattle fez com que grandes gravadoras mostrassem talões de cheques para qualquer banda de caras desalinhados com guitarras sujas e pesadas, teria sido fácil entrar no trem da alegria e lutar pelo sucesso. Embora o KYUSS tenha acabado em uma grande gravadora, a Elektra Records, foi somente após o lançamento do clássico 2º álbum de estúdio, "Blues For The Red Sun" (1992), que gerou nesta contratação da banda pela gravadora, fornecendo uma sensação de que era um novo grupo de rock a despontar no cenário, com a sua música continuando a soar como o KYUSS gostaria que fosse - não se rendendo às exigências de nenhuma gravadora.


Neste 2º disco, pilares de construção fortificaram o futuro da banda, como na clássica canção "Green Machine" ou no refrão da música "Thumb", que explode tão espetacularmente quanto... 


Confira na sequência as canções "Thumb" e "Green Machine", que são as cartas de boas-vindas do álbum "Blues For The Red Sun":



Escutando a música "Gardenia" do perfeito 3º álbum de estúdio, "Welcome to Sky Valley" (1994), é como uma janela para visualizar os lendários shows das bandas underground daquela época no meio do deserto, chamados "Festas do Gerador", acontecimentos não totalmente legais em que a banda se estabeleceria a quilômetros de distância de qualquer lugar, com amplificadores alimentados por geradores portáteis e fazendo shows sob o céu limpo do deserto.

Nesta época, sendo uma das bandas que se apresentavam no deserto, KYUSS não era apenas incrível, eles pareciam certos no que estavam fazendo.

Havia neles algo da psicologia de viver no deserto, tipo uma sensação de não serem tocados por estranhos. Quando Josh Homme disse que a banda nunca foi sobre dinheiro ou fama, a prova está na vibração introspectiva que eles criaram.


A verdade é que eles soavam como KYUSS porque a banda era formada por eles. Havia algo enraizado no grupo e nas suas individualidades que não poderiam ser imitados por estranhos. É como o riff principal da música "Gardenia" que é tão brilhante no meio dos riffs clássicos do rock... Você não pode aprender a genialidade, ela nasce em si.


Confira o áudio da canção "Gardenia", lançada no 3º disco do KYUSS, "Welcome to Sky Valley":


Quando chegou a hora de fazer um videoclipe solicitado pela MTV, havia uma simplicidade genuína que superava muito do que poderia ser feito com um orçamento de U$ 1 milhão de dólares. Caso em questão, o videoclipe da música "One Inch Man" do 4º e final álbum do KYUSS, com o sugestivo nome "And The Circus Leaves Town" (1995). Aqui, simplesmente mostra a banda tocando no deserto e numa sala sob luzes psicodélicas, sem brilho, sem glamour, mas cara, eles eram a banda com a qual você queria tomar uma cerveja junto.


Segue o videoclipe citado:


É por isso que KYUSS era um grupo legal. Eles eram diferentes, distantes, se sentiam como as crianças sentadas no limite para caírem no mainstream, fumando maconha e se tornando primeiramente um grupo preocupado a agradar a si mesmos.

Mas é desta cultura que eles vieram e algo assim não se desgarra de você facilmente, especialmente se você realmente não tem muito interesse em mudar as coisas de qualquer maneira. O seu comportamento naturalmente enigmático não significava que a banda não ultrapassasse os limites - eles simplesmente não contariam a você como faziam os seus truques. 

Por exemplo, o som da guitarra de Josh Homme, em particular, era o segredo de um bruxo bem guardado. Um tom grosso e pesado que irradiava calor e poeira, onde muitos músicos, desde membros do rock underground em ascensão, até James Hetfield do METALLICA, tentaram e conseguiram de sua própria forma alcançar um som específico para as suas guitarras, mas nada que fosse como emitia das caixas de som do KYUSS. 

Anos depois, descobriu-se que durante a gravação dos álbuns do KYUSS, gabinetes de amplificadores seriam montados no estúdio, com dois voltados um para o outro, para que certas frequências se cancelassem, resultando naquele som seco que se espalhava pelos seus discos - além de Homme tocar guitarra num amplificador para baixo. 

Até mesmo o seu sucesso e legado são marcantes de alguma forma. Se você não pode ser a maior banda do mundo, é melhor ser admirado por aqueles que o são e tornar-se um culto para todos que lhe escutaram e respeitam.


Em seu tempo, o álbum "Blues For The Red Sun" vendeu "apenas" 39 mil cópias, se tornando a banda convidada pelo METALLICA para abrir os shows da turnê australiana de 1993. Os shows próprios do KYUSS, não apenas no deserto, mas em bares e locais normais - em particular no Camden Underworld e Borderline de Londres - também tornaram-se lendários.

Quando Josh Homme fala sobre colocar um "ponto final na frase do KYUSS" devido ao seu fim amargo, é genuinamente pedirmos que a última palavra dessa história não seja escrita por um advogado... Isso não é o KYUSS. 

Em 1995, quando eles se separaram logo após o lançamento do álbum "And The Circus Leaves Town", não houve turnê e nenhum grande negócio. Eles simplesmente alcançaram o fim do que era verdadeiro para eles e chamaram o tempo para sanar as dores. 

Assim, eles foram preservados para sempre. A influência deles, entretanto, ainda ressoa em várias bandas que surgiram depois deles, onde a única mancha é o ponto final que precisa ser reescrito. 

E se for feito de uma forma especial sobre a qual Josh Homme falou - onde o incentivo financeiro é cancelado no lugar de querer fazer algo especial - no espírito do que o KYUSS fez enquanto eles estavam ativos, então, deveria ser algo realmente muito especial. 

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