- by Brunelson
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O vocalista/guitarrista do SMASHING PUMPKINS, Billy Corgan, disse que a banda teve problemas em ser chamada de "grunge" nos anos 90, com ele dizendo para as pessoas na época: "Não, não, somos mais como o LED ZEPPELIN".
Durante uma recente entrevista para o radialista Zane Lowe da Apple Music, Corgan e o baterista Jimmy Chamberlin falaram sobre o álbum monumental da banda de 1995, "Mellon Collie and The Infinite Sadness" (3º disco).
Lembrando que o SMASHING PUMPKINS acabou de lançar o seu mais novo álbum de estúdio, "Cyr" (10º disco, 2020).
Seguem alguns trechos dessa entrevista:
Billy Corgan: Todos nós temos aquele momento instantâneo em nossa juventude em que parecemos realmente de bem com a vida e é assim que preferimos lembrar nossa juventude em vez daquela em que não parecíamos tão bem.
Corgan: E o álbum "Siamese Dream" (2º disco, 1993) é aquele lindo momento instantâneo da nossa juventude. Literalmente nos captura no auge da nossa juventude da maneira mais perfeita possível, mas o produtor do nosso álbum seguinte, Flood, era inteligente e o que percebemos foi que havia essa outra ferocidade na banda que estava sendo deixada de lado nessa busca pela perfeição.
Corgan: Assim, o disco "Mellon Collie and The Infinite Sadness" foi uma reação a duas coisas. A primeira, foi uma reação a: "Ok, fizemos perfeito no disco anterior e agora vamos fazer o imperfeito".
Corgan: E segundo, éramos tão agrupados com a multidão grunge e continuávamos dizendo para as pessoas: "Não, somos mais como o LED ZEPPELIN ou como os BEATLES".
Corgan: E ninguém acreditaria em nós porque eles diziam: "Ah, sim, sim, sei... Vocês até podem ter algumas músicas, mas não estão nesse nível de bandas (do grunge)".
Corgan: E nós pensávamos: "Não, nós realmente acreditamos que podemos estar nesse nível de banda" e então, o disco "Mellon Collie and The Infinite Sadness" foi a nossa maneira de dizer: "Você nunca mais será capaz de nos comparar a essas outras bandas (do grunge)".
Corgan: Agora, isso soa um pouco infantil falando de onde estou sentado na minha vida neste momento, mas naquela época foi assim que eu me senti.
Corgan: Eu ainda acredito que nós realmente somos uma banda sem comparação e eu acho que adoraria ouvir a opinião de Jimmy Chamberlin sobre isto, porque realmente nos sentimos, como: "Não, você não pode nos comparar com as outras bandas, não há como!"
Jimmy Chamberlin entrou na conversa:
Chamberlin: Sim, acho que é uma ótima analogia. Acho que o álbum "Siamese Dream" é uma espécie de polaroid brilhante que você olha com carinho, mas, sim, o disco "Mellon Collie and The Infinite Sadness" foi realmente uma aventura na amplitude da banda e realmente ampliando esses parâmetros ao máximo que pudemos.
Chamberlin: Isso me desafiou a ser um baterista melhor no meio de multidões, sabe? Quando eu escuto esse álbum agora, é simplesmente incrível pra mim que os nossos pensamentos pudessem ir daquele som pesado para aquele som suave e silencioso, e ainda manter uma identidade muito forte.
Billy Corgan continuou:
Corgan: Entre o álbum "Siamese Dream" e o álbum "Mellon Collie and The Infinite Sadness", você tem tudo - você tem o sol e a lua, você tem a luz e a escuridão, você tem o perfeito e o imperfeito... Você tem tudo!
Corgan: Quero dizer, se isso é tudo o que fizemos, então, você diria que é uma conquista muito boa. Pensando naquela época de nossas vidas e no auge da nossa juventude, sabe?
Corgan: Todo mundo sabe que entre os 15 e 30 anos de idade, são períodos muito intensos para todos e fomos capazes de capturar tudo: a insanidade, estupidez, tolice, egoísmo, ego e tudo isso!
Radialista: Ouvi dizer que a canção "1979" quase não foi lançada no álbum "Mellon Collie and The Infinite Sadness". Esta informação está correta?
Corgan: Isso é verdade. Era uma daquelas músicas onde o produtor Flood ficava me dizendo: "Esta é uma música muito boa", mas nós continuávamos adiando a gravação.
Corgan: E então, chegou a hora de realmente nos mudarmos para o centro da cidade, para o Chicago Recording Studios e numa sala horrível que tem lá.
Corgan: É difícil porque - e digo isso com respeito ao meu parceiro aqui - há momentos em que é, como: "O que seja necessário fazer, não é culpa dele que o que ele está oferecendo não funcione".
Corgan: Ele estava tocando a batida da música "1979" e todos nós concordamos que essa é a batida, mas de alguma forma soava péssima naquela sala e nós adiávamos a gravação da música toda vez e quando vimos, faltava somente mais 01 dia para gravar no estúdio.
Corgan: E Flood me disse: "Amanhã é o dia! Se não gravarmos esta música amanhã, ela ficará fora do disco". Foi quando eu percebi e pensei: "Meu Deus...", porque eu meio que senti que era mesmo uma boa música e estava deixando escapa-la.
Corgan: Eu fui pra casa naquela noite e passei muito tempo descobrindo totalmente o que eu queria da música. No dia seguinte, a primeira coisa que eu fiz foi ir ao outro estúdio onde estávamos trabalhando.
Corgan: Estávamos gravando em 02 estúdios ao mesmo tempo porque estávamos sempre atrasados e gravei uma demo acústica da canção "1979", entramos naquele dia no estúdio principal e gravamos a versão que todo mundo conhece... Tudo aconteceu naquele dia!
Corgan: E foi isso e essa é a versão, mas, sim, no início nós falhamos e devido ao nosso fracasso e à disposição de Jimmy de dizer nobremente a nós: "Ok, seja o que for que tenhamos que fazer para que funcione, não me importo, certo? Você quer usar baterias eletrônicas ou quer me tirar da gravação desta música? Ótimo, tudo bem por mim".
Corgan: Acho que Jimmy e eu às vezes ficamos pensando: "Será que realmente fizemos tudo isso?" Eu ouvi outra música do álbum "Mellon Collie and The Infinite Sadness" chamada "Jellybelly" não muito tempo atrás e foi como: "Meu Deus, essas pessoas parecem loucas".
Corgan: Vou contar uma rápida história engraçada que acho que não contei a ninguém... Estávamos muito atrasados com a gravação do álbum "Mellon Collie and The Infinite Sadness", com a gravadora gritando com a gente porque eles já tinham feito o grande anúncio de lançamento.
Corgan: E a gravadora nos dizia: "Você não pode simplesmente lançar menos músicas nesse disco?" e todo esse tipo de coisa, sabe? Os overdubs foram feitos de última hora no álbum, acho que fiz em cerca de 04 horas.
Corgan: Então, imagine que você trabalha em um álbum por 08 meses do início ao fim e você literalmente pensa: "Eu tenho quatro horas para fazer tudo" Eu acho que fiz 40 overdubs em quatro horas, o que é simplesmente uma insanidade total.
Corgan: E aqui está a apoteose da história na música "Fuck You (An Ode to No One)", onde há aquele tipo de solo de guitarra super vicioso e você pensaria: "Ok, aumente o volume, faça o solo, escolha a melhor versão gravada e siga em frente".
Corgan: Não, eu coloquei na minha cabeça que queria tocar guitarra direto no amplificador no final do solo. Então, imagine que você afina a guitarra, aumenta os alto-falantes para gostar do volume que deseja, toca com uma loucura total e no final da gravação tenho que tocar a guitarra direto no amplificador para obter esse tipo de som.
Corgan: E isso tudo é pré-Pro Tools também, certo? Então, eu faria isso e então diríamos: "O que você acha? Poderia ser melhor. Afine a guitarra e toque novamente todo o solo".
Corgan: E na minha opinião, a banda é a melhor coisa que já nos aconteceu na vida. Nunca teríamos alcançado isso sem a banda. Até o nome bobo do grupo forçou algo de nós e nós forçamos algo um do outro que nunca teríamos conseguido de outra forma.
Corgan: O álbum "Mellon Collie and The Infinite Sadness" é o ápice absoluto do que aquela banda tinha dentro dela. É bem louco que, de repente, as mesmas pessoas que estavam fazendo gravações ao vivo no volume máximo e tocando guitarras direto nos amplificadores, fizeram um disco que seguiu para ser um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos.
Corgan: É muito selvagem pensar assim, mas também nos destruiu porque destruiu as ilusões de que também trabalhamos um com o outro.
Corgan: Se você já passou por algo incrivelmente, mas incrivelmente intenso como uma experiência de pico na sua vida, eu diria que o disco "Mellon Collie and The Infinite Sadness" foi a experiência de pico da existência dessa banda. Os diamantes, pedras e carvão que veio da fragmentação que se seguiu, e o que isso fez para nós, foi tudo o que geramos desse álbum... Foi mais bem do que mal, mas o mais bonito é que só poderia ter acontecido se tivéssemos rompido aquele outro nível - e rompemos.
Corgan: Fomos para aquele outro nível, aquele nível louco que apenas alguns artistas alcançarão... Eu nem sei como explicar isso, mas por sua vez, isso muda a sua vida, muda você para sempre, muda a sua banda para sempre e o fantástico é que fomos atrás, chegamos lá e, como Ícaro que chegou muito perto do sol, aquilo nos destruiu.
Corgan: Então é por isso que sempre tenho um sentimento um pouco confuso sobre este álbum, sabe? Eu amo esse disco, mas também sei como o filme termina e tudo o que está acontecendo conosco agora só poderia ter acontecido porque passamos por aquilo, não é?
Corgan: Em essência, a natureza contenciosa do SMASHING PUMPKINS é uma instituição. Isso tem tudo a ver com o motivo pelo qual ainda somos capazes de fazer boa música.
Corgan: É como uma prova de fogo - nós nos colocamos no fogo, saímos do outro lado e levou 25 anos para nos unir.
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