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  • by Brunelson

Foo Fighters: resenha da revista Spin sobre o álbum "But Here We Are"


Confira a resenha que a revista Spin fez sobre o novo álbum de estúdio do FOO FIGHTERS, "But Here We Are" (11º disco, a ser lançado em junho de 2023):


Segue:

FOO FIGHTERS dão aos seus entes queridos um rock'n'roll catártico e revelador com o álbum "But Here We Are".

Escrito após a morte do baterista da banda, Taylor Hawkins, em março de 2022, é um dos discos mais fortes na carreira do grupo - liricamente falando.

Impresso na contracapa do álbum estão 04 palavras que praticamente dizem tudo o que se precisa saber sobre a razão de sua existência: “For Virginia and Taylor”.

Taylor, é claro, é o baterista Taylor Hawkins, cuja morte repentina na Colômbia em março de 2022 abalou a banda como nunca havia acontecido desde a sua fundação. Virginia é a mãe sempre solidária e amante do rock'n'roll de Dave Grohl, que também morreu em 2022 aos 84 anos de idade.

A noção de que o FOO FIGHTERS estaria prestando homenagem não a 01, mas a 02 pilares de sua própria essência, é assustadoramente evocativo das circunstâncias que criaram a banda em 1º lugar, há quase 30 anos atrás. Na época, Grohl ainda era apenas o ex-baterista do NIRVANA, magrelo e de cabelos compridos lisos, com um crédito solitário de uma composição lado-b em seu nome - que foi a canção "Marigold".

A maioria dos fãs não tinha ideia de que ele sabia tocar guitarra, muito menos cantar de uma forma que mais tarde encheria estádios e dominaria as ondas de rádio rock em todo o mundo com o FOO FIGHTERS.

Sozinho num estúdio de Seattle após o falecimento de Kurt Cobain em abril de 1994, ele convocou partes iguais de raiva e beleza em um álbum sem sentido que planejava lançar anonimamente como FOO FIGHTERS por meio de uma pequena tiragem de vinil e fitas cassete. A indústria da música tinha outras ideias e desde a chegada desse disco homônimo de estreia em 1995, o FOO FIGHTERS têm sido uma das bandas de rock ao vivo mais confiáveis e comercialmente bem-sucedidas do planeta, mesmo que a sua produção gravada tenha sido passada de mão em mão por vários produtores durante sua discografia.

A esse respeito, é um tanto inútil comparar o álbum "But Here We Are", produzido por Greg Kurstin (o mesmo dos 02 últimos discos), com qualquer outro álbum do FOO FIGHTERS além do seu disco de estreia, já que ambos foram escritos e gravados nas sombras de uma perda profunda e impensável.


E enquanto filtrar cada frase aqui através desse prisma pode tornar o álbum impossivelmente pesado, Dave Grohl - de volta à bateria, assim como fez nos 03 primeiros álbuns - o baixista Nate Mendel, os guitarristas Chris Shiflett e Pat Smear e o tecladista Rami Jaffee, imbuíram o disco "But Here We Are" com novos níveis de profundidade, maturidade, composição musical e narrativa, garantindo que seja muito mais do que apenas um álbum sobre luto.

Dito isso, se você não engolir seco ou não ter arrepios no corpo enquanto ouve o disco "But Here We Are", é melhor checar o seu pulso e batimento cardíaco, mesmo assim, não se distraia imaginando se cada letra de cada música deve ser interpretada literalmente. Em vez disso, desista e siga as 10 canções enquanto elas traçam os picos e vales da vida e do amor nestes tempos modernos, até chegar ao seu coração pulsante, como a épica música de 10 minutos da banda, “The Teacher”.

Inicialmente equilibrando uma das linhas de guitarra mais perversas e desafinadas do FOO FIGHTERS contra um refrão mais melódico e edificante, a canção "The Teacher" aumenta poderosamente em intensidade à medida que avança, como se Grohl estivesse se preparando mentalmente para finalmente ser capaz de gritar “gooooooooodbyeeeeeeee” no topo de um absolutamente riff maciço e catártico que explode em um vórtice esmagado por ruído.

“Eu posso sentir o que os outros fazem / Não posso parar com isso se eu quiser”, Grohl canta ainda na mesma música, convidando a múltiplas interpretações quanto à identidade do(s) narrador(es) da canção. Poderia ser o próprio Grohl reconhecendo a sua incapacidade de salvar o seu colega de banda? Poderia ser um espírito de outro mundo simplesmente encarregado de transportar almas da vida para a morte? Ou poderiam ser Hawkins e Virginia, olhando lá de cima para baixo e perguntando para àqueles que deixaram para trás: “Hey, garoto / Qual é o plano para amanhã? / Onde vou acordar?”

E embora a maioria das músicas aqui não se afastem apreciavelmente das ofertas de rock já manjadas do FOO FIGHTERS, algumas canções são experimentos reveladores.

Uma delas é a música “Show Me How”, que re-imagina Grohl e companhia como uma banda popular dos sonhos encharcada de reverberação. Assim como nas letras da canção “The Teacher”, a princípio também parece uma despedida específica, mas conforme Grohl harmoniza os seus vocais com a sua filha adolescente, Violet, um caminho resignado, mas esperançoso, emerge do desespero: “Você não precisa me dizer nada / Eu ouço você alto e claro / Eu cuidarei de tudo de agora em diante”.

Em outro lugar, a música “Under You” possui o charme pateta de mascar chiclete e o tom de guitarra descontinuado de canções vintage da banda como “Generator” e “Breakout” (ambas do 3º disco, "There is Nothing Left to Lose", 1999), enquanto a faixa-título cheia de distorções, "But Here We Are", encontra Grohl alongando as suas sílabas por uma garganta rasgada, antes que uma fuzilaria de trovões de rock puro o afogue.

A música “Hear Voices” é outra beneficiária da recém-descoberta variedade de arranjos musicais do grupo (desde o 8º disco de 2014, "Sonic Highways", que a banda vem trabalhando/remodelando o seu som), com uma robusta melodia e a linha de baixo funk rock e vagamente misteriosa de Nate Mendel, até as enunciações estranhamente new wave de Grohl durante o refrão: “Ninguém chora como você / Ninguém mente como você".

Os rocks de arena para levantar a galera nos shows também estão aqui, como a canção que abre o disco e o futuro grampo ao vivo dos setlists do grupo, a canção “Rescued” (single do álbum), e as adjacentes músicas “Nothing at All” e “Beyond Me”, essa última uma poderosa balada no estilo que pode fazer você alcançar o seu ente querido mais próximo e nunca mais deixá-lo ir embora. É o tipo de toque sem ironia que Hawkins teria adorado e a melhor maneira possível de honrar o gosto onívoro pela música que ele frequentemente se entregava a projetos paralelos e bandas cover improvisadas.

Afinal de contas, Hawkins era o tipo de pessoa que nem tiraria uma noite de folga da bateria enquanto participava do casamento de um de seus colegas de banda e além disso, pularia no meio do palco sendo o entretenimento da noite.

Após 09 canções entretecidas passando por tempestades e relutantemente liberando as pessoas que amamos, o disco "But Here We Are" finalmente termina onde havia começado 45 minutos antes: avaliando os enigmas da vida e existência humana através do poder absoluto da música.


Grohl toca violão enquanto o assunto do álbum na música “Rest” está prestes a ser enterrado, até que a banda completa emerge com uma parede de som poderosa o suficiente para perfurar o coração mais cansado.

Se você possui uma imaginação forte, feche os olhos e poderá ver claramente Hawkins no palco em uma arena lotada - o seu cabelo loiro voando ao vento, os seus braços batendo na caixa da bateria e vestido em sua regata de verão - parando apenas para deixar Grohl conceder a última palavra: “Acordando / Tive outro sonho com nós / No sol quente da Virgínia / Lá te encontrarei”.

Desta forma, o álbum "But Here We Are" é menos do que uma despedida e mais parecendo um até logo. São 10 canções trazidas à vida pela promessa de algo maior.

Porém, seja o que for ou onde quer que seja, talvez nunca iremos aprender... Até lá, aqueça a sua alma sabendo que o FOO FIGHTERS ainda estão por aqui.


Track-list:


1. Rescued

2. Under You

3. Hearing Voices

4. But Here We Are

5. The Glass

6. Nothing at All

7. Show Me How

8. Beyond Me

9. The Teacher

10. Rest

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