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  • by Brunelson

Smashing Pumpkins: resenha do disco "Adore"


Smashing Pumpkins

Em 1998, SMASHING PUMPKINS lançava o seu soturno e melancólico álbum, "Adore" (4º disco).


Este álbum possui uma história impar por trás dele, trazendo consigo a bagagem e a ressaca do ponto auge na história do SMASHING PUMPKINS de quando a turnê do clássico álbum, "Mellon Collie and The Infinite Sadness" (3º disco, 1995), havia chegado ao fim.


Cronologicamente, todo este espectro de formação do álbum "Adore" a partir do auge do sucesso, drogas pesadas, óbito, demissão do baterista original, turnê interrompida e gravação do mesmo com somente 03 dos membros originais, será dissecada aqui nesta resenha.


O disco "Adore" não recebeu o mesmo passe livre que os clássicos álbuns "Siamese Dream" (2º disco, 1993) e "Mellon Collie and The Infinite Sadness" ganharam - e não era para ser - mas logo de cara se tornou uma obra prima cult e mostrando uma banda em plena progressão musical.


Após 22 anos, num certo sentido o álbum "Adore" já tinha sacramentado a sua reputação em também ser um disco forte, com muitas melodias e atmosferas excelentes. Ele se situa num lugar incomum na discografia da banda - como um dos 05 principais álbuns do SMASHING PUMPKINS lançados com a formação original - mas na gravação e turnê do disco "Adore", o baterista Jimmy Chamberlin não está presente e 03 bateristas participaram das gravações, entre eles, Matt Cameron (SKIN YARD, TEMPLE OF THE DOG, SOUNDGARDEN, que na época tinha recém entrado no PEARL JAM).


No álbum "Adore" as guitarras pesadas e essenciais dos discos anteriores também estão suspensas, mas o disco sempre teve um lugar seguro nos corações dos fãs, mesmo parecendo que ele nunca foi aceito completamente pela maioria das pessoas.


Enquanto muitos enxergam o SMASHING PUMPKINS como uma banda de rock alternativo que teve vários hits pesados misturados com algumas músicas mais suaves no início de carreira, os fãs estavam dispostos a aceitar trabalhos incríveis que trilhariam um caminho sonoro diferente para o grupo.


As estrondosas e radiofônicas canções do 3º disco como "Bullet With Butterfly Wings", "1979" e uma "Tonight Tonight" repleta de cordas, foram enormes singles com incríveis videoclipes e prêmios na MTV - além de 07 indicações ao Grammy, levando 01 para casa.


Até a música single "Thirty Three" (também lançada no 3º disco) alcançou o Top 10 no ranking da Billboard, mas ela já demonstrava ser um caminho na mata fechada se abrindo, com o seu sensível volume acústico e andamento em exposição. Escutando o álbum "Adore", é passível o pensamento de que a canção "Thirty Three" já era um aceno do que viria no disco posterior... Onde a guitarra desaparece do primeiro plano, com a atmosfera e as letras assumindo um fardo mais pesado.


Aproveitando, este 3º álbum apresenta mais canções que corroboram o parágrafo acima, como "Love", "Cupid de Locke" e mais algumas, sem dúvida.


Mas, apesar do sucesso em massa deste 3º álbum, que acabou se tornando um diamante de vendas e sendo o disco duplo de rock mais vendido na história, SMASHING PUMPKINS passou por uma série de ensaios extras e tribulações que alteraram a programação constante desde sua fundação em 1988.


Em plena turnê bombando deste 3º disco, Chamberlin foi demitido após ser preso por posse de drogas na companhia do tecladista de turnê, Jonathan Melvoin, que tinha falecido por uma overdose de heroína - eles dividiam o mesmo quarto de hotel na turnê. O baterista membro fundador havia sido dispensado quando a mídia e os fãs estavam sentindo o caos e a banda achou melhor para todas as partes.


Na época, muito foi comentado na MTV sobre este incidente com os membros do grupo, através de entrevistas, programas especiais, interrogatório e o futuro da banda... Me recordo de uma vez em que o guitarrista James Iha havia abandonado uma entrevista na MTV ao vivo, saindo no meio e largando os microfones na cadeira... Foi tenso aquele período.


O baterista Matt Walker (FILTER, MORRISSEY) assumiu as baquetas para que a turnê continuasse e o grupo ainda estourou mais 02 grandes sucessos - ambos para trilhas sonoras diferentes - que foram as músicas "Eye" e "The End is The Beginning is The End" (ganhando mais 01 Grammy por esta última).


A canção "Eye" também foi a dica do que os fãs poderiam esperar da banda para o próximo disco, já que a natureza musical estava mudando um pouco... É um ritmo pulsante brilhando no final do século.


A música "The End is The Beginning is The End" apresentava uma mistura ótima do zumbido distorcido das guitarras do SMASHING PUMPKINS com o florescimento do novo sombreamento sonoro congelado e sintético da banda.


Esses momentos de 1995 a 1997, informaram como viria o disco "Adore", apresentando em sua capa o encaro de uma mulher misteriosa, nos hipnotizando com o seu olhar frio.


Liricamente, aqui neste álbum o vocalista/guitarrista Billy Corgan se concentra mais nas letras exteriores do que nas interiores. Ele canta os outros tanto quanto a si mesmo, como os seus esboços de personagens femininos que cobriram grande parte do álbum. Músicas como “To Sheila”, “Ava Adore”, “Daphne Descends”, “The Tale of Dusty and Pistol Pete” e “Annie Dog” são perfis com profundidade e, claro, a canção “For Martha” composta para a sua mãe que tinha recentemente falecido.


Essa foi outra das tonalidades mais escuras que permaneceram no álbum, assim como a música "Once Upon a Time" também foi influenciada pela morte de sua mãe. Nas notas no box de relançamento do disco "Adore", Corgan deixou escrito:


"A canção 'For Martha' foi escrita em oposição direta à morte prematura de minha mãe".


"For Martha"

Deve ter sido difícil para Corgan lidar com a morte de sua mãe, apenas para ter muitos criticando o álbum quando ele foi lançado inicialmente.


As experiências ao vivo de 1998 foram das mais variadas, com muitas músicas mudando as suas versões de estúdio. Sem Jimmy Chamberlin por perto, pode ter contribuído para o que Corgan disse que era um tempo confuso para a direção da banda em ambientes ao vivo. Com um 4º baterista, Kenny Aronoff, e mais 02 integrantes na percussão acompanhando a turnê, a banda contava também com um tecladista/pianista no palco.


Porém, foi uma turnê única com os shows sendo bombardeados pelas músicas do disco "Adore". Quem não tinha comprado ainda o álbum e estava indo aos shows, deve ter pensado que entrou num portal cósmico.


Já em 1999, SMASHING PUMPKINS fechou uma rua em New York tocando ao ar livre referente uma apresentação num programa de auditório da TV americana. Um dos singles do álbum "Adore", a canção "Perfect" abriu a apresentação, seguida da clássica música “1979” que também se apresentou com a mesma distorção alta da guitarra. Finalizando a trinca com a tranquila canção “To Shelia”, com o mesmo ar atmosférico apresentada no disco "Adore".


SMASHING PUMPKINS divertindo e explodindo uma rua lotada de fãs.


"Perfect"

Outros 02 destaques do disco também seria o single do álbum "Adore", a canção "Ava Adore", com uma sonoridade chocante mais parecendo um ar quente no rosto, apresentando um riff pesado e cativante.


"Ava Adore"

A outra música seria "Pug", que continua nessa mesma linha e se tivesse sido lançada como um single naquele estilo de rock mais característico do SMASHING PUMPKINS, poderia ter sido um bom acompanhamento para os demais singles do disco.


"Pug"

A sensação de noite fria e chuvosa do álbum está repleta de gótico em sons, túneis, substâncias e épicos melodramáticos em canções como "Tear", "Behold The Nightmare" e "Appels and Oranjes".


"Tear"

O álbum "Adore" tece a reformulação das músicas pós-grunge, anexado a ressaca e consequências do sucesso ao movimento que marcou história no rock'n roll, porém, sem um registro oficial da turnê do disco "Adore" e partindo do ouvinte a busca por material, estas músicas permaneceram na memória daquelas pessoas que acompanharam a turnê mundial por onde o SMASHING PUMPKINS passou (com passagem até no Brasil e América do Sul), através de um ótimo disco e que remou contra o mainstream.


Embora não haja nada de errado com uma mudança de direção, com o passar do tempo o álbum "Adore" foi aglutinando lentamente no coração e alma dos fãs, reconhecendo que é figuradamente a mesma banda que embarcou ferozmente junto com a explosão do grunge e rock alternativo no começo dos anos 90 - se diferenciando dos outros grupos pelo seu lado mais progressivo.


Apesar de algumas canções nos shows terem sofrido alterações em seus arranjos - e da já comentada rotação de bateristas e músicos extras no palco - em retrospectiva, Corgan havia dito em entrevista que as coisas poderiam ter sido executadas melhor (ou mais simplista) na turnê do disco "Adore".


Corgan também deixou escrito no box de relançamento do álbum "Adore", observando algumas indecisões de como deveria ter apresentado o disco ao vivo naquela turnê, tanto em publicidade quanto em apresentações:


"Mas se eu pudesse resumir esse tempo para a banda, estávamos apenas procurando por uma identidade e não conseguimos encontrar uma. Então, se Jimmy estava no centro disso, não posso dizer. Se eu tivesse que adivinhar, acho que não - pensei que o nosso tempo havia acabado”.


Não poderia faltar a citação do retorno de algumas batidas eletrônicas, que foi a origem da banda quando ainda era um trio - exatamente e com os mesmos 03 membros aqui no álbum "Adore" (Billy Corgan, James Iha e a baixista D'arcy).


Com o amadurecimento, podemos ver como o grupo abriu o seu som ao lançar o disco "Adore" - respingando em todos os álbuns lançados posteriormente até hoje - e o que Corgan mais tarde descreveu nas notas do box de relançamento do mesmo, que o título real do álbum é para significar: "A Door" ("uma porta").


Track-list:


1. To Sheila

2. Ava Adore

3. Perfect

4. Daphne Descends

5. Once Upon a Time

6. Tear

7. Crestfallen

8. Appels and Oranjes

9. Pug

10. The Tale of Dusty and Pistol Pete

11. Annie Dog

12. Shame

13. Behold The Nightmare

14. For Martha

15. Blank Page

16. 17


O site rockinthehead já tinha publicado uma matéria sobre o disco "Adore". Para conferir, é só clicar no título abaixo:


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