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  • by Brunelson

Jerry Cantrell: "faça o que você acha certo pra você", disse o guitarrista do Alice in Chains


“Sou um guitarrista que adora os riffs incríveis da história do rock. Eu cresci com eles, então, para escrever algo, você precisaria de um riff...”, disse Jerry Cantrell em entrevista para a revista Guitar World.


O guitarrista e compositor desde sempre do ALICE IN CHAINS é um mestre na arte que acredita que uma ótima música requer apenas três elementos-chave: “O riff, melodia e algo a dizer”.

Cantrell tem muito bom trato com as guitarras. Ele pode pegar até as ideias mais simples e sobrecarregá-las com uma atração emocional que suga o ouvinte até o fundo de qualquer humor que ele está tentando lhe transmitir.

Desde a carreira original do grupo de Seattle nos anos 90, passando pelos seus próprios esforços solo e desde o renascimento do ALICE IN CHAINS em 2005, a maestria de Jerry Cantrell o tornou um dos verdadeiros visionários do rock - um escritor e músico que faz você ouvir, sentir e acreditar em cada palavra e nota musical.

Em seu novo e 3º álbum solo, "Brighten" (2021), Cantrell está abraçando a música country, mas ainda usando a mesma guitarra que utilizou desde o disco de estreia do ALICE IN CHAINS em 1990, "Facelift", um álbum que fez muito para moldar o som do rock alternativo no início dos anos 90.

“Faça o que você acha certo pra você”, seria o lema de Jerry Cantrell sobre os métodos de composição.

Seguem alguns trechos dessa entrevista:

Jornalista: Quais os artistas que lhe influenciaram mais em termos de composição?

Jerry Cantrell: É difícil diminuir num certo número, pois em geral, eu sou apenas um fã de composições. Provavelmente fiquei muito empolgado com a ideia e ouvindo as músicas de Elton John. Aquilo era muito legal e eu sabia que, no fundo, gostaria de fazer algo assim. Eu também fui criado com música country, que é uma composição simplista e eles sabem como transmitir algo de maneira sucinta.

Cantrell: PINK FLOYD foi uma grande influência pra mim, o mesmo vale para o LED ZEPPELIN, BLACK SABBATH, BEATLES, FLEETWOOD MAC, THE EAGLES e muitos mais. Acho que o maior escritor acústico de todos os tempos deve ser Bob Dylan ou Willie Nelson. Esses dois artistas têm sido muito épicos e prolíficos na história da música.

Cantrell: Existem diferentes componentes para tudo isso que você perguntou, mas eu sou um guitarrista que adora os riffs incríveis da história do rock. Eu cresci com eles, então, para escrever algo, você precisaria de um riff, da melodia e de algo a dizer. Essas são as coisas principais, sabe? Você precisa de uma grande banda para executá-los, o que é algo com o qual tive muita sorte ao longo da minha carreira.


Jornalista: Existe uma música em seu novo álbum solo chamada "Atone", que parece que você está usando uma afinação em C# e que já ouvimos antes em canções do ALICE IN CHAINS como "Over Now" (5º trabalho de estúdio, "Alice in Chains", 1995).

Cantrell: Você está absolutamente correto. É somente a 4ª canção na minha vida que eu gravo com esta afinação específica. A usei antes nas músicas "Over Now", "Nothin’ Song" (também lançada no 5º trabalho de estúdio) e nas minhas canções solo "Hurt a Long Time" e "Atone". Há um zumbido hipnótico nesta afinação e sempre fui um grande fã disso. A afinação quase te coloca em transe, que é o que eu queria para a música "Atone" e que acabou gerando um sabor diferente para ela.


Jornalista: Foi o mesmo equipamento que você usa no ALICE IN CHAINS para gravar o seu novo disco solo ou você acabou experimentando algo diferente?

Cantrell: Algumas coisas foram iguais. Os amplificadores Friedman são o principal som do rock e como sempre havia uma boa dose de guitarras Gibson Les Paul. A Gibson me enviou algumas coisas muito legais, tipo, 04 guitarras diferentes que eu não tinha para obter coisas diferentes nesse disco solo.

Cantrell: Tinha uma guitarra Firebird, uma velha SG muito legal, uma Goldtop Les Paul e essa guitarra Trini Lopez. A forma como gravo é muito experimental, tipo: "Ok, vamos tentar com um amplificador Laney Klipp e uma guitarra Flying V com pedal chorus num alto-falante Celestion de 25 watts, e vamos ver o que acontece..."

Cantrell: Eu levaria cada guitarra, amplificador e pedal que possuía para o estúdio e também pegaria emprestado o que não tinha. Em termos de amplificadores, eu sei que usamos alguns AC30's, Soldanos, Marshalls, havia um Orange lá em algum lugar e um Fender realmente velho. E foi a mesma coisa com a parte acústica tocando com violões da Gibson, Martin, Guild e toda uma mistura de coisas. Eu vou pelo sentimento e realmente gosto dessa parte quando vamos gravar no estúdio.


Jornalista: Você reserva tempo para escrever uma letra ou música, ou isso geralmente acontece na hora?

Cantrell: Sim, às vezes acontece na hora, embora seja importante também fazer todo o trabalho necessário, mas quando eu entro na fase de escrita musical, entro de cabeça! Eu sei que será um processo de meses, talvez 01 ano, mas uma vez que estou preso nisso, fico lá até terminar.

Cantrell: Porém, antes disso estou apenas coletando as coisas e sempre que você está dedilhando ideias e algo pega em seu ouvido, você precisa pegar o celular ou usar um gravador qualquer e gravar o riff que está criando para não se esquecer, e com isso seguir em frente.

Cantrell: Quando você chega ao ponto em que está motivado para realmente escalar a montanha até o fim, porque é um grande esforço que não terminará até que você realmente finalize, você quer muitas ideias para entrar completamente no processo.


Jornalista: Quanto as escalas e a teoria dos acordes desempenham um papel no seu processo de composição?

Cantrell: Eu tenho um pouco de conhecimento teórico, pois tive algumas aulas quando estava começando a tocar e conseguia ler música bem antes mesmo de começar a tocar um violão, porque fazia parte do coral da escola...

Cantrell: Eu deixei isso pra trás e meio que gostaria de não ter deixado, porque tornaria as coisas muito mais fáceis... Não sei por quê, mas também acho que às vezes é divertido apagar as luzes e caminhar sem guias, sem grades e sem visão. Só pra ver no que vai dar e depois escalar o suficiente para sair desse buraco.

Cantrell: De vez em quando eu penso em mergulhar de novo nessas coisas teóricas, mas a outra metade de mim vive me dizendo: "Você tem estado muito bem até agora, por que foder com as coisas?" Isso é tudo que importa, sabe? Faça o que você acha certo pra você.


Jornalista: Para encerrar, qual foi a maior lição que você aprendeu ao longo do caminho?

Cantrell: O meu maior conselho seria não dar ouvidos ao que os outros dizem... Nunca. Se for um produtor, outro compositor ou alguém que você respeita, você pode aprender algumas coisas com eles, então, não precisa ignorar completamente as coisas - a informação é uma coisa boa - mas a experiência pessoal é de onde a música deve vir.

Cantrell: Tem que vir de você. Se isso te faz sentir, vai fazer outra pessoa sentir também. Acredite em si mesmo e você pode escrever o seu próprio disco "Dirt" ou o que quer que seja! (3º trabalho de estúdio do ALICE IN CHAINS, lançado em 1992).


"Over Now"


"Nothin' Song"


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