Alice in Chains: "às vezes você não precisa de um solo de guitarra numa música"

Em recente entrevista para a revista Guitar World, o guitarrista e compositor desde sempre do ALICE IN CHAINS, Jerry Cantrell, dentre vários assuntos divulgando o seu novo álbum solo, "Brighten" (3º disco, 2021), ele também explicou por que um clássico do ALICE IN CHAINS não possui um solo de guitarra e admite que deve dar a Eddie Van Halen "todo o crédito" pela parte crucial do som da banda.

"Às vezes você não precisa de um solo 'solo'", Cantrell disse numa parte da entrevista.

Seguem alguns trechos:

Jornalista: Em qual de suas guitarras você acabou escrevendo a maioria das suas canções?

Jerry Cantrell: Para a parte elétrica, é definitivamente a minha Gibson Les Paul "Blue Dress" Rampage. Curiosamente, eu meio que semi-aposentei essa guitarra, pois ela está agora em um museu de Seattle.

Cantrell: Quando comecei a gravar este meu novo disco solo e até mesmo quando o ALICE IN CHAINS foi gravar o nosso último álbum lançado, "Rainier Fog" (8º trabalho de estúdio, 2018), eu tive que pedir a eles que me enviassem de volta essa guitarra para as sessões de estúdio. De uma forma ou de outra, essa guitarra está em todos os discos que eu já gravei na minha vida.

Cantrell: Agora, eu não sei se há um único instrumento acústico no qual eu escrevi e criei músicas extensivamente, porque é um pouco mais variado e muda dependendo de cada época. Nos poucos anos anteriores ao acústico do ALICE IN CHAINS na MTV em 1996, era aquele violão Guild, mas houve outros períodos em que eu estava realmente conectado a um violão Martin e nos últimos 06 ou 07 anos, tenho usado principalmente violões da Gibson.

Jornalista: Voltando a 1992 e à clássica música "Down in a Hole" do ALICE IN CHAINS (3º trabalho de estúdio, "Dirt"), o que você se lembra sobre escrever esta canção?

Cantrell: Eu não consigo dizer exatamente onde ou como eu descobri isso, mas aquela melodia em particular parecia muito mágica no início pra mim... Algumas músicas parecem se elevar por algum motivo e ela é uma delas.

Cantrell: Escrever músicas é como tentar pegar um raio numa garrafa. A execução saiu muito bem, os vocais de Layne Staley são doentios no bom sentido, a bateria de Sean Kinney ficou pesada e estrondosa e o baixo de Mike Starr é épico nela. Na verdade, você tem que dar muito crédito ao grupo de pessoas que a elevou e a forma de como eles se colocaram nela.

Cantrell: Eu posso ter a escrito, mas precisava de todos nós da banda para chegar ao lugar onde ela vive. Em termos de composição, está certamente entre as minhas melhores e uma das que mais me orgulho.

Jornalista: Nessa música não há um solo de guitarra como tal, apenas algumas grandes curvas harmonizadas no início e um final descontraído. Você estava claramente tocando em primeiro lugar para a canção?

Cantrell: Às vezes você não precisa de um solo "solo". Algumas músicas neste meu novo disco solo também não precisavam de um solo de guitarra. Às vezes é melhor fazer a sua guitarra ser parte do tecido dependendo apenas do que a canção precisa.

Jornalista: Nos álbuns "Facelift" (1º disco, 1990) e "Dirt", você desempenhou um grande papel na popularização de riffs no estilo drop D com músicas como "We Die Young" (1º disco) e "Dam That River" (do álbum "Dirt"). Quando você começou a tocar nessa afinação?

Cantrell: Eu tenho que dar a Eddie Van Halen todo o crédito. Eu aprendi tocar em drop D por causa dele e simplesmente amo o som dele tocando assim, pois soa muito mais pesado.

Cantrell: Enquanto estávamos formando o ALICE IN CHAINS, eu já estava mexendo nesta afinação em drop D e quando você toca com a corda mais grave, isso adiciona uma tonelada de espessura e lama em seu som e pode fazer você soar muito mais brutal para coisas mais pesadas como a canção "Dam That River" e até mesmo também nas coisas mais leves.

Cantrell: Isso apenas adiciona todo esse peso ao nosso som e para ser honesto, acho que nunca gravamos em afinação tradicional.

"Down in a Hole"

"We Die Young"

"Dam That River"