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  • by Brunelson

Foo Fighters: guia para iniciantes; um lampejo de todos os álbuns de estúdio


FOO FIGHTERS pode ser uma das bandas de rock mais confiáveis em atividade.

Por mais de 1/4 de século de existência, é um grupo que tem lançado sucessos rotineiramente, com os álbuns de estúdio alcançando o topo dos rankings e promovendo grandes turnês em estádios no mundo inteiro.

Além de todos os discos do FOO FIGHTERS terem recebido indicações ao Grammy...

Eles tiveram as suas mudanças de formação ao longo da carreira, mas fora os seus primeiros anos de fluxo inconstante, a formação tem sido consistente por quase 02 décadas.




Outra prova foi em 2015, onde Dave Grohl quebrou a perna durante um show e voltou naquela mesma noite para não apenas terminar o concerto, mas também o resto da turnê pela Europa em que estavam. Isso exige um nível de comprometimento fora do comum e não importa o que aconteça - partes do corpo ou amplificadores quebrados - parece que nada pode atrapalhar essa banda.

Além do punk rock e hardcore, Grohl também carregou o espírito de composição do seu ex-companheiro de banda no NIRVANA, Kurt Cobain, com a energia crua do rock and roll combinada com ganchos melódicos.

Porém, a única linha mestra em todas as músicas lançadas pelo FOO FIGHTERS é a produção gigantesca realizada. Cada riff, cada batida de bateria e cada linha vocal gritada, devem soar como se estivessem reverberando em vigas de aço que mantêm os campos de futebol em pé. Cada álbum, não importa o produtor ou a configuração específica da banda, soa assim porque é o que Dave Grohl sabe fazer melhor.

FOO FIGHTERS cultivou uma das obras mais impressionantes de qualquer banda de rock dos últimos 30 anos. Basta olhar para os sucessos de músicas como: "This is a Call" e "I'll Stick Around" (1995), "Everlong", "Monkey Wrench" e "My Hero" (1997), "Learn to Fly" e "Breakout" (1999), "Times Like These" e "All My Life" (2002), "Best of You" (2005), "The Pretender" (2007), "These Days" e "Walk" (2011), "Something From Nothing" (2014), "Run" e "The Sky is a Neighborhood" (2017), e "Shame Shame" e "Waiting on a War" (2021), ou seja, hits em todos os álbuns de estúdio - sendo que nem todas as canções mais conhecidas foram citadas.

Eles têm músicas suficientes para preencher um show inteiro de quase 03 horas, além de alguns ótimos lados-b. Como discípulo da idade de ouro dos álbuns conceituais do rock clássico, Dave Grohl garantiu que cada um dos seus próprios discos tivessem as suas ambições únicas, sem sacrificar as suas qualidades sonoras, mudanças dinâmicas e vocais alternadamente melódicos e abrasivos.

E para comemorar a introdução da banda ao Rock and Roll Hall of Fame em 2021, apresentamos em forma de lampejo um guia para iniciantes sobre todos os álbuns de estúdio do FOO FIGHTERS.

Confira em ordem cronológica:

"Foo Fighters" (1º disco, 1995)

Produzido por Barrett Jones e Dave Grohl

Como a produção de qualquer bom músico, há uma quantidade significativa de história mitificada que cerca esse álbum...

Ele foi gravado inteiro pelo próprio Dave Grohl, apenas alguns meses após a morte de Kurt Cobain. Sem qualquer direção ou expectativa, Grohl gravou um disco áspero e pronto, cheio de melodias peculiares e sucessos genuínos que ele vinha cultivando ao longo dos anos.


E pode ter sido uma surpresa em escala pública para ele que canções como "Good Grief" e "Floaty" (citando somente 02 músicas desse álbum) seriam ouvidas fora do seu grupo de amigos em Seattle.

O que é fascinante é a grande quantidade de hard rock excelente que Grohl armazenou, em canções como "I’ll Stick Around", "This is a Call", "Wattershed" e "Alone and Easy Target". Melhor ainda, as suas tendências melódicas estavam intactas desde o início com a música "Big Me", outra com grande influência dos BEATLES.

Quando grandes gravadoras começaram a clamar para lançá-lo, Grohl montou a primeira formação do FOO FIGHTERS e partiu para a sua conquista mundial, mas tudo começou em um lugar que manteve a sua estética punk rock original do "do it yourself".


"Wattershed"


"The Colour and The Shape" (2º disco, 1997)

Produzido por Gil Norton


Enquanto que o futuro 4º álbum iria quase separar a banda, o disco "The Colour and The Shape" realmente "separou" o grupo.


Grohl estava se divorciando da sua primeira esposa, a banda estava lidando com intermináveis comparações relacionadas ao NIRVANA e o sucesso inesperado do seu disco de estreia colocou uma quantidade cada vez maior de pressão neste 2º álbum.

Grohl, assumindo a personalidade de líder da banda/ditador benevolente, decidiu que as partes gravadas da bateria de William Goldsmith não eram satisfatórias e regravou mais de 90% das faixas de bateria do álbum, levando Goldsmith ofendido e triste a deixar a banda. Conforme o álbum se aproximava da conclusão, o guitarrista Pat Smear também decidiu que queria deixar o grupo, não querendo mais sair em outra turnê gigantesca.

Por mais estranho que seja pensar, esse álbum acabou valendo toda a luta.

Sendo um dos discos de maior sucesso do grupo, o mesmo combinou todos os elementos essenciais que tornam o FOO FIGHTERS a grande banda que é. Os sucessos falam por si só em músicas como, "Everlong", "Monkey Wrench" e "My Hero", sendo que canções menos conhecidas como "February Stars", "My Poor Brain", "Wind Up", "Enough Space" e "Hey, Johnny Park", concedem ao álbum mais um tipo extra de qualidade.


"Hey Johnny Park"


"There is Nothing Left to Lose (3º disco, 1999)

Produzido por Foo Fighters e Adam Kasper

Em 1999, FOO FIGHTERS havia experimentado cada mudança que eles acabariam tendo.

No grupo desde a turnê passada, seria o 1º álbum que o baterista Taylor Hawkins iria gravar com a banda - sendo que Dave Grohl também acabou gravando a bateria da maioria das músicas aqui - assim como a demissão do guitarrista Franz Stahl (que tinha substituído Pat Smear na turnê passada), que não conseguia encontrar o seu lugar no grupo quando se tratou de composição no estúdio para esse 3º álbum.

Gravado como uma banda power trio e no porão da casa de Dave Grohl na Virgínia, havia uma forte sensação de confusão que cercava o futuro do grupo conforme o novo milênio se aproximava com a nova sonoridade da época.

Eles responderam criando um álbum ferozmente desafiador, melódico, único e completamente singular - simplesmente ganhou 02 Grammys.

"There is Nothing Left to Lose" é o disco do FOO FIGHTERS que rejeita todas as expectativas da banda. Ele começa com 03 grandes sucessos prontos para um estádio lotado com as músicas "Stacked Actors", "Breakout" e "Learn to Fly", se transforma em uma nova onda nas canções "Gimme Stitches", "Aurora" e "MIA", se tornando no álbum mais inesperadamente sincero da banda.

Também é um dos discos preferidos do baterista Taylor Hawkins e dos guitarristas Chris Shiflett e Pat Smear.

E assumidamente o melhor álbum de Dave Grohl do FOO FIGHTERS.



"MIA"


"One by One" (4º disco, 2002)

Produzido por Foo Fighters, Adam Kasper e Nick Raskulinecz

O álbum que quase acabou com a banda - e que iria ganhar 02 Grammys.

Em 2002, as mudanças de formação e a mão pesada de Dave Grohl em relação à composição, estilo musical e quase todas as decisões gerais, aumentaram as tensões, especialmente entre ele e o baterista Taylor Hawkins.


O abuso de drogas de Hawkins (que culminou numa overdose em Londres pouco antes) não ajudou em nada e o tempo de estúdio foi muitas vezes desperdiçado, pois também era tentativas de solidificação com o novo guitarrista, Chris Shiflett (1º disco gravando com a banda e no grupo desde a turnê passada).

Depois de 01 ano e quase 01 milhão de dólares gastos na gravação de um álbum que foi todo descartado, FOO FIGHTERS começou tudo de novo e se enfiaram novamente no porão da casa de Dave Grohl na Virgínia (mesmo local onde gravaram o 3º disco), onde saíram com uma dedicação renovada a si mesmos.

Foi ótimo para a banda e um alívio para os fãs, e mesmo esse álbum ter nos apresentado 02 dos maiores hits do FOO FIGHTERS, "Times Like These" e "All My Life", ele é recheado de músicas lados-b, com destaques para "Halo", "Have it All" e "Disenchanted Lullaby".

Grohl já admitiu em entrevista que a maioria das canções do álbum "One by One" estão abaixo da média e como resultado, o disco funciona melhor como um solidificador e nova vida para a banda do que como uma experiência musical.


"Halo"


"In Your Honor" (5º disco, 2005)

Produzido por Foo Fighters e Nick Raskulinecz

A origem do sentimento do FOO FIGHTERS de querer ultrapassar limites e sair de sua própria zona de conforto (musicalmente falando), começou nesse álbum duplo.

Aqui, Dave Grohl reuniu a banda para lançar um disco hard rock e o outro disco acústico - um híbrido que iria se espalhar por toda a carreira do grupo.

Mesmo nos apresentando um dos maiores hits da banda, a música "Best of You", o disco hard rock lembra o álbum antecessor em sua quantidade de lados-b e aquilo do "mais do mesmo" que o FOO FIGHTERS estava intrincado na época, com o disco acústico sendo mais interessante, não apenas porque é um novo som para a banda, mas também porque contém algumas das composições mais impressionantes e íntimas de Dave Grohl, como as canções "Friend of a Friend", "Still", "Razor" e a música liderada pelo vocal de Taylor Hawkins e que não é difícil de ser tocada nos shows, "Cold Day in The Sun".


"Cold Day in The Sun"


"Echoes, Silence, Patience and Grace (6º disco, 2007)

Produzido por Gil Norton

Com o produtor do 2º álbum retornando à banda, FOO FIGHTERS foi definido para combinar as antigas técnicas de produção gigantesca do produtor Gil Norton, com um paladar musical recém-expandido para o mais ousado e experimental disco da banda até aquele momento - e que iria ganhar 02 Grammys.

São canções em formatos inéditos para o grupo, como "Statues", "Home" e "Ballad of The Beaconsfield Miners". Também foi o disco que lançou o hit "The Pretender" e conta com ótimos lados-b que infelizmente são esquecidos nos shows, como as músicas "Come Alive" e "Let it Die".

Conforme é dito no documentário do FOO FIGHTERS de 2011, "Back and Forth", a ideia de composição deste álbum veio do seu disco anterior, onde eles queriam misturar em 01 álbum só a questão acústica com a parte elétrica.


"Statues"


"Wasting Light" (7º disco, 2011)

Produzido por Butch Vig

Com o guitarrista Pat Smear voltando em definitivo ao grupo - desde 2006 se apresentando como convidado especial e participando de algumas gravações - Dave Grohl decidiu despir-se do artifício que coloriu os 02 últimos álbuns experimentais do FOO FIGHTERS e vestiu novamente aquela velha fórmula da banda.

Mas aqui ele acertou de mão cheia e acabou se tornando num dos melhores álbuns do grupo ganhando 04 Grammys.


Gravado na garagem de Dave Grohl e com fitas analógicas, "Wasting Light" é o disco mais pesado e consistente do FOO FIGHTERS desde os anos 90.


Também contou com o produtor do álbum "Nevermind" do NIRVANA, Butch Vig.

As músicas "Walk" e "These Days" pegam a tocante simplicidade dos números acústicos da banda e adicionam os power chords do rock and roll ao seu som característico, com Grohl mostrando uma vulnerabilidade que não era tão óbvia antes.


Combine isso com canções matadoras como "Rope", "White Limo" e "Arlandria", e você terá um álbum que ruge com uma espécie de emoção que você normalmente não esperaria ouvir de uma banda em sua 2º década de vida.

Até os lados-b como as músicas "Dear Rosemary", "Miss The Misery" e "I Should Have Known", acrescentam mais do que diminuem e o disco permanece como um dos testemunhos mais recentes da genialidade de Dave Grohl.


"Rope"


"Sonic Highways" (8º disco, 2014)

Produzido por Butch Vig

Se reunindo novamente com Butch Vig, FOO FIGHTERS se apresenta na sua forma mais ambiciosa até aquele momento - tanto em musicalidade, quanto de logística.

Foram 08 músicas diferentes gravadas em 08 cidades diferentes, tentando destilar a essência e pegada musical de cada cidade na música do FOO FIGHTERS - e que gerou um documentário que leva o mesmo nome do álbum.

São canções que não necessariamente evocam a influência musical de cada cidade (as letras sim), mas que foram criadas naquele momento sob a vibe de cada cidade com a sua história musical nas costas, todas em contagem regressiva para ficarem prontas e serem gravadas num prazo de 01 semana cada uma.

Repara-se que as músicas são muito mais trabalhadas do que a banda vinha apresentando, com refrões enormes e várias partes diferentes numa mesma canção. São composições que lembram o corpo de músicas do QUEEN, RUSH e de outras bandas do naipe.

Mas geralmente é assim, canções muito trabalhadas não caem facilmente no colo do mainstream, sendo que nem a música "Something From Nothing" (single desse disco) é apresentada regularmente nos shows, em comparação com outros singles do FOO FIGHTERS.


Mesmo assim, é inspirador ver uma banda tão grande quanto o FOO FIGHTERS lutando para encontrar novos ângulos em sua fórmula bem conhecida.

Destaque também para as músicas "The Feast and The Famine" e "Congregation".


"Something From Nothing"


"Concrete and Gold" (9º disco, 2017)

Produzido por Greg Kurstin

Dave Grohl sempre pareceu convencido de que o melhor álbum do FOO FIGHTERS ainda está por vir, o que provavelmente o motivou a contratar o produtor Greg Kurstin para trabalhar no disco "Concrete and Gold" - e que iria ganhar 01 Grammy.

Esse disco mostra a confluência da fórmula mais trabalhada do álbum anterior com a velha e boa carcaça do FOO FIGHTERS, o que gerou novamente hits que entraram para a prateleira da banda e fãs, se tornando figurinhas carimbadas nos shows como as músicas "Run" e "The Sky is a Neighborhood" (esta última é um claro indício para o que viria ser a canção "Shame Shame" no álbum sucessor).

O disco "Concrete and Gold" também mostra o grupo tentando coisas inéditas através de contratempos, como nas músicas "Make it Right", "La Dee Da" e "Arrows".



"La Dee Da"


"Medicine at Midnight" (10º disco, 2021)

Produzido por Foo Fighters e Greg Kurstin

Simplesmente um dos melhores álbuns de sua discografia, um disco gravado em uma casa abandonada e assombrada (à venda) e usando as salas/quartos/banheiro da casa para gravar as músicas, o que acabou se tornando um sucesso de números e crítica.




Como foi amplamente divulgado, "Medicine at Midnight" (em destaque a faixa-título) é um disco dançante com pitadas de David Bowie, anos 80, funk rock, solos mesclados de Albert King com Stevie Ray Vaughan, e loops de bateria - contando novamente com o apoio vocal feminino que já vinha desde o disco anterior.

Mas não quer dizer que eles não iriam lançar os seus hard rock sólidos, em músicas como "Waiting on a War", "No Son of Mine" e "Holding Poison" (mesmo as 02 últimas tendo um link com alguma coisa do parágrafo acima).

Assim como no disco de 2017, o produtor Greg Kurstin está de volta para outra rodada de rock and roll, onde é perceptível a sua influência na hora certa em adicionar os back-vocais e loops de bateria.




"Medicine at Midnight"


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