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  • by Brunelson

Dave Grohl: entrevista com a revista Spin em divulgação ao filme "Studio 666"


O vocalista/guitarrista do FOO FIGHTERS, Dave Grohl, foi entrevistado pela revista Spin e conversaram praticamente sobre o novo filme comédia terror da banda, "Studio 666", derramando todo o "sangue" e coragem para realiza-lo e também sobre os planos do grupo para o futuro.

“Deixe-me tocar isso para você que eu gravei outro dia”, disse um entusiasmado Dave Grohl. Ele está sentado em seu estúdio na sua casa se preparando para o lançamento de mais um projeto – um que é diferente de tudo o que ele já fez antes. Grohl fica mexendo nos botões em sua mesa de som e logo depois alguns riffs cavernosos e esmagadores estão explodindo nos alto-falantes.

“Estou gravando o álbum perdido que eles estavam fazendo antes que o cantor matasse toda a banda”, disse Grohl sobre a fictícia DREAM WIDOW, um grupo que se destaca em seu 1º longa-metragem, o filme "Studio 666". Ele revelou que surgiu com essa ideia somente alguns dias atrás e teria pouco tempo para terminar esse “álbum” antes do filme chegar aos cinemas.

Apenas como ponto de referência, a música do DREAM WIDOW é mais parecida com o projeto paralelo de metal de Dave Grohl de 2004, PROBOT, do que com o FOO FIGHTERS.

O jornalista perguntou se ele levaria o DREAM WIDOW em turnê?

“Cara, para a porra do Coachella Festival em 2022!” ele brincou.

Grohl teve uma vida agitada nos últimos anos. Mesmo antes da pandemia, ele anunciou planos para comemorar os 25 anos do FOO FIGHTERS em grande estilo com um novo álbum, uma turnê pelos EUA numa van que iria relembrar a turnê de estreia em 1995 e um documentário sobre a vida de bandas de rock numa van. Porém, com a pandemia todos os melhores planos do grupo foram desperdiçados.

Um deles incluía o lançamento do filme "Studio 666".

Sentado em seu estúdio com roupas pretas e de óculos, Dave Grohl exibe a sua energia mil por minuto que definiu praticamente toda a sua carreira, mas abordar o seu 1º longa-metragem não documental foi um dos raros projetos que não foi ideia dele ou da banda.

“Um amigo que tinha acabado de sair de uma reunião num estúdio de cinema me mandou uma mensagem e disse que queria fazer um filme de terror com o FOO FIGHTERS", disse Grohl. "Eu mandei uma mensagem de volta para ele e disse: 'Essa é a ideia mais estúpida que eu já ouvi em toda a minha vida'".

Mas quando Dave Grohl começou a trabalhar na música que se tornaria o álbum "Medicine at Midnight" (10º disco, 2021), a ideia não parecia mais tão estúpida. Naquela época - sempre querendo inovar em métodos e locais de gravação - Grohl queria construir um estúdio em uma casa.

“Eu trouxe um estúdio para dentro daquela casa para começar a gravar”, disse ele. “Enquanto eu estava fazendo isso, pensei: ‘Puta merda, este é o lugar perfeito para fazer aquele filme de terror que eu nunca quis fazer’, e comecei a ter essa ideia ridícula”.

Mal sabiam eles que levariam 02 anos e meio para o filme ser concluído devido a pandemia.

A propriedade se localiza em Encino, Los Angeles, e Grohl e seus colegas do FOO FIGHTERS conseguiram manter o projeto completamente em segredo - um feito impressionante na era das mídias sociais e curiosos, mesmo em uma área isolada.

Mas havia um método para essa loucura secreta...

“Parte do plano era gravar o disco e depois fazer uma rodada inteira de imprensa onde dissemos a todos que tínhamos acabado de fazer um álbum em uma casa mal-assombrada”, disse Grohl com um sorriso malicioso. “Você pode olhar para trás em algumas das entrevistas que fizemos e o plano era convencer a todos que havíamos gravado em uma casa mal-assombrada, e então, BOOM! Nós largaríamos esse filme do nada, mas tivemos que parar de filmar no final do cronograma, porque a pandemia tinha chegado”.

Mas Dave Grohl não pode e não vai ficar parado. A revista conversou com ele sobre como o filme finalmente saiu e como ele estressou os seus companheiros de banda. Grohl também olhou para trás em 02 anos estranhos, embora com alguns destaques importantes, incluindo a reabertura de várias arenas, felicidade em se apresentar novamente para uma multidão e muito mais.

Jornalista: Cara, esse filme deu algumas reviravoltas quando você entrou nele...

Dave Grohl: Hollywood, certo? A verdadeira magia de Hollywood. Eu me transformei em um grande demônio e matei a minha banda para seguir carreira solo. Eu não acho que alguém na banda possa ser considerado um aficionado de terror, embora todos na banda tenham visto pelo menos um filme de rock 'n' roll na vida. Quando a ideia começou a evoluir, passou de algo mais do que fosse um videoclipe estendido da banda, para se transformar em um longa-metragem que envolve eu comendo o guitarrista Chris Shiflett, decapitando o baterista Taylor Hawkins e cortando o tecladista Rami Jaffe ao meio com uma motosserra. Com isso, tivemos a disponibilidade e as pessoas certas para facilitar todas essas ideias ridículas... Quando o guitarrista Pat Smear assistiu ao filme pela 1ª vez, ele me mandou uma mensagem dizendo: “Oh, meu Deus, fizemos um filme, um filme de verdade!” Eu fiquei, tipo: “Mas que porra você achava que estávamos fazendo nos últimos 06 meses?” Então, sim, definitivamente floresceu em algo que nunca imaginamos.


Jornalista: Como você conseguiu encaixar um longa-metragem em sua agenda lotada?

Grohl: Essa ideia começou há cerca de 03 anos atrás, antes mesmo de eu começar a escrever as músicas para o álbum "Medicine at Midnight". Normalmente, antes de gravarmos um disco, eu gravo sozinho algumas fitas demo de vários instrumentais tocando bateria, baixo, guitarra e faço isso aqui no meu estúdio caseiro ou em nosso grande estúdio que temos, mas eu queria encontrar uma casa onde eu pudesse ficar completamente sozinho para gravar e projetar tudo isso sozinho. Ao mesmo tempo, procurava algo nesta área em Encino, uma casa para construir um estúdio temporário. Uma vez que tudo isso se juntou, começamos a conversar com roteiristas, conversando com diretores e construindo o produto, até o ponto em que se tornou um filme real. Isso foi muito simples e praticamente clichê em que “uma banda de rock se muda para uma casa mal-assombrada, alguém fica possuído, mata todo mundo e há um demônio na casa”. É uma espécie dos filmes "Amityville", "Evil Dead" ("Uma Noite Alucinante") e "O Iluminado". Enquanto todas essas ideias estavam sendo formadas, ficávamos rindo o tempo todo. Quero dizer, ninguém está pensando em alugar um smoking para a porra do Oscar. Estamos apenas tentando nos divertir com isso.


Jornalista: Como você conseguiu que todos concordassem com os seus personagens fictícios?

Grohl: Os roteiristas do filme apareceram no estúdio/casa quando estávamos gravando o disco, apenas para testemunhar a dinâmica real entre nós da banda. Enquanto escreviam o roteiro, eles não estavam apenas elaborando, mas também embelezando até o ponto em que seria realmente engraçado ou interessante. Se você já esteve em uma sala com todos nós, é como ser atordoado constantemente. Tudo o que fazemos é zoar um com o outro o dia todo. Assim, a primeira indicação de que teríamos que agir foi ler o script do filme, o que nenhum de nós jamais fizemos antes. Estávamos folheando as páginas do roteiro e começando a perceber os personagens que os roteiristas nos pintaram para sermos. Nós definitivamente sabíamos o que teríamos que fazer em cada cena e a maior parte disso era apenas para sermos nós mesmos, não importando o quão ridícula fosse a situação ou circunstância, então, foi divertido pra caralho.


Jornalista: Essa casa é realmente assombrada?

Grohl: Bom, é engraçado... Quando eu morava lá há 10 anos atrás, porque a minha casa estava em reforma e eu precisava de outra casa para morar temporariamente, eu não pensava assim. As minhas filhas e a nossa babá pensavam que era assombrada, mas eu nunca tinha me sentido estranho com isso. Não foi até que eu estava lá sozinho por dias a fio que me convenci de que poderia ser e fiquei assustado.



Jornalista: Fora isso, a sua agenda parece não parar. Existe mais alguma coisa que você tem em mente além das turnês e tudo mais?

Grohl: Sempre tem alguma coisa... O ano de 2021 foi uma alegria, porque voltamos a fazer turnês do jeito que normalmente faríamos e a energia daqueles shows compensou tudo. Neste ponto, você apenas cruza os dedos e espera que os shows realmente aconteçam, pois essa é a melhor parte, sabe? Fazer filmes de terror é divertido, mas eu gosto mais de shows de rock. Quero dizer, a reabertura do Madison Square Garden em New York e o show no Forum de Los Angeles foram bastante memoráveis no que diz respeito a isso. Para o show em New York, nos pediram para fazê-lo com somente 02 ou 03 semanas de antecedência. O nosso empresário desde sempre, John Silva (que era do NIRVANA), mandou uma mensagem nos dizendo: “Hey, vocês querem reabrir o Madison Square Garden?” Eu disse: “Sim, mas quando?” E ele me respondeu que era em 02 semanas praticamente e não fazíamos um show há 01 ano e meio, sabe? Fomos direto para o nosso estúdio para ensaiar e nos preparamos, mas sim, valeu a pena.


Jornalista: Como você consegue manter esse ritmo de atividades mesmo na pandemia? Parece impossível de fazer com o lançamento do seu livro, "The Storyteller", o documentário "What Drives Us", turnês, filmes e álbum... Como você faz tudo isso?

Grohl: O ano de 2020 foi diferente, pois você foi reduzido ou restrito a esse novo senso de adaptação. Então, as coisas que você queria fazer, você ainda podia fazer, mas tinha que encontrar outra maneira de fazê-las. Esse tipo de desafio foi realmente emocionante pra mim, fazer as coisas de maneira diferente e ser produtivo. Nada disso se aplica à escola porque eu era um aluno terrível, mas nas tardes de adolescente eu nunca conseguia tirar uma soneca porque ouvia alguém cortando a grama da casa ao lado ou eu podia ouvir a minha mãe varrendo as folhas no quintal. Eu tinha este sentimento esmagador de culpa por estar relaxando em vez de ser ativo ou produtivo, sabe? Então agora, 40 anos depois, tendo a oportunidade ou a disponibilidade de fazer praticamente qualquer coisa, eu coloco a minha mente em ação para facilitar essas ideias ridículas, porque eu tenho a oportunidade de fazer muita merda e por que eu iria sentar a minha bunda sem fazer nada? Dito isso, meu Deus, quando eu era jovem trabalhei em empregos que eram realmente trabalhos, mas nada disso parece trabalho pra mim... Eu odeio dizer às pessoas que o meu trabalho é um trabalho, sabe? De vez em quando pode parecer um trabalho, mas não é.


Jornalista: Você vai fazer algum dos eventos comemorativos que tinha organizado para o 25º aniversário do FOO FIGHTERS em 2020 ou isso foi deixado para segundo plano? Como aquela turnê numa van pelos EUA para realizar os shows nas mesmas cidades que vocês visitaram também numa van na 1ª turnê do FOO FIGHTERS em 1995?

Grohl: Eu seu que não iremos fazer isso em 2022, talvez esperemos até os 30 anos de banda se a porra daquela van sobreviver. Você pode imaginar as complicações das turnês hoje em dia devido a covid, certo? E depois, enfiar todos nós naquele carrinho velho e fodido? Por enquanto, não. A outra coisa é que, para ser honesto, muitas das mercadorias promocionais que tínhamos para o nosso 25º aniversário de banda expiraram na pandemia. A Coors Light fez essas latas de cerveja personalizadas para nós que foram para o nosso aniversário de 25 anos e eu ainda tenho uma maldita caixa delas lá embaixo na porra da minha geladeira e isso realmente não significa mais tanto.


Jornalista: Para finalizar, numa parte do filme mostra alguns de vocês segurando uma lata de cerveja da Coors Light...

Grohl: É uma daquelas coisas engraçadas que você não considera ou percebe até começar a fazer o filme, tipo: “Ok, Dave, vamos fazer mais uma tomada desta cena, mas certifique-se de segurar o logotipo da cerveja em direção à câmera”. E eu falava: “Ok, eu entendo”.


Jornalista: O que você quer dizer?

Grohl: Bom, foi isso que aconteceu porque não tínhamos nenhum tipo de financiamento de estúdio por trás do filme. Nós mesmos financiamos a coisa toda para manter isso em segredo porque pensamos: “Ah, claro, porque quem mais vai nos dar dinheiro para fazer algo tão estúpido?” Quando vimos o orçamento do filme, algumas pessoas ficaram um pouco nervosas, mas eu falei: “Pessoal, tanto faz... Nós vamos fazer uma turnê mundial divulgando o álbum "Medicine at Midnight" nos próximos 02 anos, vamos tocar em estádios e tudo isso é somente uma gota na porra de um balde!” Foi quando todo mundo se uniu para fazermos esse filme... E tem mais, alguém em outra entrevista estava me perguntando: “Você está preocupado com o que os críticos vão dizer sobre este filme?” Eu falei: “Críticos de cinema? Não! Por que?" Quero dizer, espero que o nosso público goste e que as pessoas que forem aos cinemas se divirtam com isso.

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