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  • by Brunelson

Stone Temple Pilots: resenha do novo álbum, "Stone Temple Pilots" (2018)


Stone Temple Pilots

O álbum homônimo lançado pelo STONE TEMPLE PILOTS em Março/2018 (7º disco), é o 1º da banda com o seu 3º vocalista, Jeff Gutt - e o seu 1º álbum completo desde o último disco também homônimo lançado em 2010 (o último com Scott Weiland nos vocais).


O novo álbum vem depois dos trágicos últimos anos do STONE TEMPLE PILOTS, que presenciaram as mortes de Scott Weiland e Chester Bennington (2º vocalista a passar pela banda, onde só gravou o EP "High Rise", 2013).


Perder 02 vocalistas num período tão curto é realmente uma das maiores tragédias na história do rock e ver o STONE TEMPLE PILOTS retornar com um novo disco - com algumas músicas realmente triunfantes e explorando novos caminhos - é poderoso, especialmente nas primeiras audições. Os espíritos de Scott e Chester são definitivamente sentidos em todo o álbum.


O disco começa com a quebraceira canção, “Middle of Nowhere” (que estavam carimbando em praticamente todos os shows da turnê). Os vocais de Jeff Gutt lembram muito os vocais de Scott Weiland durante todo o álbum, confirmando o que os membros da banda já relataram em entrevistas, dizendo que o tom da voz de Gutt é parecido e lembra muito os vocais de Weiland das antigas. Gutt crava totalmente o seu vocal e é ótimo ter um nível de familiaridade na música que abre o álbum. Instrumentalmente, o riff é o clássico irmãos DeLeo's tocando (guitarrista e baixista) e nos leva um sorriso ao rosto por estarmos escutando essa "familiaridade" de volta ao som da banda - o álbum de 2010 me assustou, por apresentar muitas músicas com apelo pop e deixando de lado as canções quebraceiras e pesadas, que também sempre foram característicos da banda nos seus 05 primeiros discos.


A próxima música, “Guilty”, apresenta uma ótima bateria de Eric Kretz (belo jogo de bumbo) e é aqui que a banda começa a demonstrar a sua nova sonoridade, não querendo só fazer mais do mesmo. "Guilty" é definitivamente a música mais LED ZEPPELIN do álbum - instrumentalmente falando. Gutt novamente canaliza Weiland nos vocais e ele faz isso de uma forma que não soa como se estivesse copiando o vocalista original, permanecendo fiel ao som vocal do STONE TEMPLE PILOTS.


Todo mundo já ouviu o single do álbum, a canção "Meadow" (que está batendo cartão-ponto em todos os shows da turnê). Logo quando lançaram, também abri um sorriso no rosto por sentir o velho STONE TEMPLE PILOTS retornando com Weiland nos vocais - Gutt, é claro. Quando comprei o álbum e a escutei dentro do disco na sua verdadeira ordem, ela cresceu mais ainda ao longo do tempo, onde a melodia de Gutt é definitivamente o destaque da música. Enquanto muitos temiam que o STONE TEMPLE PILOTS trabalhando com outro vocalista pudesse prejudicar o novo material e derrubar a música consagrada dos DeLeo's, Gutt sem dúvida eleva o nível na música “Meadow”.


“Just a Little Lie” é novamente uma daquelas canções mostrando um novo caminho sendo percorrido pelo grupo... É um estilo que me agrada, pelo fato da banda querer explorar novos horizontes, mas sendo fiel a sua conduta. Sobre esse estilo que permeia algumas músicas nesse disco, ele também é meio arrastado (não é pesado), com paradas e alguns andamentos peculiares.


"Six Eight" é outra música nesse novo estilo, sendo a rainha-mor de todas que são apresentadas nessa nova conduta sonora, com muita energia e revelando sentimentos juvenis na mente do ouvinte - apresentando um dos melhores solos de guitarra de Dean DeLeo nesse álbum. A banda apresentou ela algumas vezes nos shows e nunca mais foi tocada... Uma pena, pois é uma das melhores do disco.


"Tought She'd Be Mine" é uma das lentinhas do disco e que sempre está presente em qualquer álbum da banda. Nos faz sentir em casa ao lado das lentinhas que estão no subestimado disco, "Shangri-La Dee Da" (5º álbum, 2001). Isto definitivamente soa como um single futuro e pode se tornar (se fosse lançada nos anos 90, com certeza) numa música essencial do STONE TEMPLE PILOTS nos shows - mas até hoje não foi tocada ao vivo. Para os fãs que estavam esperando que os DeLeo's trouxessem de volta o estilo de tocar mais etéreo que também ficou ausente no álbum de 2010, essa canção será o seu aliado. Há uma seção intermediária instrumental e a parte final da música, que realmente empurram a banda para um território que nunca foram antes - apesar desses temperos nos fazerem lembrar da exótica instrumentação usada no 3º álbum da banda, "Tiny Music... Songs From The Vatican Gift Shop" (1996). Esta canção entraria fácil nesse 3º disco...


Na sequência, vem a música que realmente me deu um fôlego de alívio quando foi lançada como o 2º single do disco. Novamente, embasado no que foi gravado no álbum de 2010, pensei que as músicas quebraceiras e pesadas que temperam todos os álbuns do STONE TEMPLE PILOTS haviam sido extintas... "Roll Me Under" se inclina para aquele rock pelo qual a banda havia sido conhecida e é uma ótima canção para se tocar nos shows - entraria fácil no 4º álbum da banda, "Nº 4" (1999, o disco mais quebraceira na discografia). Especialmente depois de ouvir a música "Thought She'd Be Mine" e outras desse álbum, é uma loucura pensar que o grupo resolveu lançar "Roll Me Under" como o seu 2º single (bela atitude e que vem carimbando todos os shows da turnê), quando há várias músicas por aqui que poderiam ser lançadas também - esse é o primor de uma banda quando lançam um novo disco, quando você vai escuta-lo na integra na sua casa e descobre tesouros iguais ou maiores em seu conteúdo (referente aos singles lançados).


"Never Enough" tem um riff de verso e entrega do vocal meio THE DOORS, da canção "Roadhouse Blues", mas a música fica muito mais interessante quando atinge o seu refrão sonhador, mostrando mais uma fórmula de composição inédita na banda, um blues/grunge que não tínhamos ouvido até então na discografia do grupo. É claro que vários solos de guitarra por Dean fazem jus ao blues, mas uma música assim, na sua íntegra, prova a grande musicalidade que o álbum e a banda nos apresenta. Muito grato por isso, bandas abrindo caminho numa mata fechada...


"The Art of Letting Go" é outra música lentinha do disco, com o exuberante som dos irmãos DeLeo's abraçando qualquer fã em paz e amor. Ela traz de volta memórias de canções do 3º disco lançado em 1996, como as músicas "Adhesive" e "And So I Know". O refrão é um dos melhores momentos de Gutt no álbum (assim como a sua interpretação, demonstrando toda a técnica vocal em alcançar variados tons e semitons em ascendência). É difícil não pensar em Scott Weiland e Chester Bennington ao ouvir essas letras e uma das excelentes linhas do baixo de Robert DeLeo no álbum está nessa música - assim como em "Roll Me Under", diga-se de passagem.


A canção, "Finest Hour", é uma homenagem a Weiland e Bennington, com algumas das melhores letras do álbum. Novamente, aqui entra aquele novo estilo sonoro que a banda nos apresenta nesse disco, com linhas de tempo e paradas nunca antes escutadas no som do grupo. A sua colocação logo após a música “The Art of Letting Go” é perfeita, onde a letra diz: "Você nunca disse adeus / Você deixou um vazio como nenhum outro / Eu sei porque é verdade". Com o STONE TEMPLE PILOTS sendo uma parte tão importante na minha vida - desde que eu era um pré-adolescente em 1991 e comecei a escutar rock - essa foi definitivamente uma música muito emocional para se ouvir, devido à história que ela conta... A banda também apresentou essa canção algumas vezes nos shows e nunca mais foi tocada.


Jeff Gutt também canta: "Eu não vou esquecer esse sorriso / Foi contagioso como nenhum outro / Eu sei porque é verdade / Eu vou segurar o nosso precioso tempo / Até o céu / Eu sinto a sua falta, irmão / Eu espero que você saiba que é verdade".


Na sequência, a banda volta a apresentar uma sonoridade mais blues (principalmente no riff inicial da guitarra), mas já demonstrando em seguida aquela velha e boa áurea do STONE TEMPLE PILOTS, na canção "Good Shoes". É uma sonzeira!


"Red & Blues" fecha o álbum, sendo mais uma música lentinha e descontraída. A melodia vocal de Gutt realmente impressiona e condiz com entrevistas passadas, onde ele falou que literalmente estudou os métodos de composição, melodia e parte lírica da discografia do STONE TEMPLE PILOTS, analisando as semelhanças, diferenças e o que ele poderia trazer à banda, mas que mantivesse a mesma familiaridade de sempre. Gutt também já disse que, quando o grunge explodiu no começo dos anos 90, ele curtia todas as bandas, mas que se espelhava em Scott Weiland como cantor.


No geral, esta é uma adição valiosa ao catálogo do STONE TEMPLE PILOTS. Obviamente não é a banda com Scott Weiland nos vocais - mas tente escutar o disco com os olhos fechados que é possível visualizar Scott cantando na maioria das músicas. Quando não, é Jeff Gutt cantando e está ótimo que ele esteja fornecendo combustível ao trio fundador da banda, que ainda tem muita lenha para queimar e sempre tiveram a carreira meio que paralisada ou com cancelamentos de turnê, devido aos problemas que todos sabemos sobre Scott.


Arrisco em dizer que a banda aos poucos vai conseguir encaixar mais ainda o vocal de Jeff Gutt à sua sonoridade carimbada de outros tempos - vide os discos que o ALICE IN CHAINS vem lançando desde o seu retorno em 2009, onde cada vez mais parece que estão conseguindo resgatar o vocal de Layne nas suas novas músicas, mais parecendo que o mesmo está lá cantando junto ou fazendo os back-vocais em algumas canções.


Com exceção de Weiland, Jeff Gutt é definitivamente o melhor cantor com o qual os irmãos DeLeo já trabalharam, quando se trata de se adaptar às suas composições. Enquanto projetos paralelos foram montados com vocalistas, como: Dave Coutts (TALK SHOW), Richard Patrick (ARMY OF ANYONE) e Chester Bennington (EP "High Rise" com o STONE TEMPLE PILOTS) - todos ótimos cantores - mas Gutt tem a melhor química com a banda em um nível de composição que eles não tiveram depois de Weiland.


A capa do disco vem em forma de gestalt, onde é possível identificar os símbolos que dizem respeito a cada capa dos álbuns de estúdio que o STONE TEMPLE PILOTS lançou - assim como a sua sonoridade, que também passeia por todos os discos.


Creio que para os próximos álbuns, não teremos mais um disco da banda bem quebraceira ou com mais canções desse estilo em sua maioria - na veia mesmo, só as canções "Roll Me Under" e "Middle of Nowhere" estão aqui - mas não voltando para aquela vibe do álbum homônimo de 2010, está ótimo!


Existem algumas músicas verdadeiramente emocionantes como, "Thought She'd Be Mine", "Finest Hour", "Six Eight" e "The Art of Letting Go", que são definitivamente os destaques do álbum. Há também alguns rocks divertidos como as canções, “Middle of Nowhere”, “Guilty”, “Never Enough” e “Good Shoes”, mas para uma banda que já passou por tudo que o STONE TEMPLE PILOTS vivenciou, esse novo álbum homônimo é um tiro certeiro!


Track-list:


1. Middle of Nowhere

2. Guilty

3. Meadow

4. Just a Little Lie

5. Six Eight

6. Thought She'd Be Mine

7. Roll Me Under

8. Never Enough

9. The Art of Letting Go

10. Finest Hour

11. Good Shoes

12. Red & Blues

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