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  • by Brunelson

Smashing Pumpkins: "usei bastante um pedal de U$ 25 dólares na gravação do disco 'Cyr'"


Para avançar em um novo capítulo ousado e corajoso de sua narrativa musical, SMASHING PUMPKINS apresenta o álbum duplo, "Cyr" (10º disco, lançado em novembro de 2020).

Em uma era de períodos de atenção fragmentada e dependência nostálgica, SMASHING PUMPKINS atreve a ser desafiador com o seu novo álbum experimental de 72 minutos e inspirado em sintetizadores.

São 20 músicas ousadas, taciturnas e com o tom certo de flutuação. Simplista à primeira vista, mas estruturada como uma pastelaria francesa perfeita com camadas e mais camadas de profundo e denso talento artístico, conforme você vai cada vez um pouco mais a fundo... Os fãs dos hinos grunge rock agitados e violentos do SMASHING PUMPKINS quase certamente torcerão o nariz para o disco "Cyr", mas o frontman, Billy Corgan, não dá a mínima.

Quando conversamos com o pai de 02 filhos pequenos, músico multi-influências e obsessivo por luta profissional, uma coisa ficou imediatamente clara: embora Corgan ainda seja enfaticamente franco, o apetite para reinar no topo da cadeia alimentar do rock 'n' roll quase desapareceu por completamente. Ele observa que não poderia estar mais feliz com o ponto em que está em sua linha do tempo criativa e mesmo que os críticos em geral e seu exército de obsessivos odeiem com paixão o álbum "Cyr", ele ainda manterá este épico disco duplo perto do seu coração.

Porque no final do dia, este 10º álbum da banda é autêntico para o que Corgan e seus companheiros de grupo estavam ansiosos para explorar em suas próprias ondas criativas. Não é uma tentativa estúpida de dominar as ondas da rádio ou vender caixas de vinil baratas, Corgan já tem dinheiro suficiente e está em êxtase por não precisar mais se preocupar com a validade financeira de suas ambições artísticas.

Confira a entrevista de Billy Corgan para a revista Guitar World, agora em 2021.

Jornalista: Há uma vibração com sintetizadores e club music quase dos anos 80 acontecendo com o disco "Cyr". De onde veio essa inspiração?

Billy Corgan: Eu queria fazer música moderna e isso era o que mais me interessava. Jeff Schroeder (guitarrista) disse que era quase como se tivéssemos voltado aos primeiros dias de banda, mas em vez de ir direto para o grunge, pegamos uma virada para a esquerda no gótico e nos sintetizadores e acho que essa é uma maneira muito precisa de classificar. Parece que se alinha bem com alguns dos tipos de produção mais modernos, tipo, com a maneira como as pessoas estão fazendo discos agora. Eu não acho que ninguém realmente resolveu o enigma de como fazer música de guitarra da maneira que fazemos música de guitarra, além de apenas aumentar as guitarras e ter uma parede de som - o que obviamente estávamos fazendo há 25 anos. Então, eu estava apenas tentando dizer algo novo, eu acho, e esse som é exatamente onde eu pousei ao fazê-lo.


Jornalista: Voltando às raízes do SMASHING PUMPKINS, você sentiu que havia uma energia mais jovem ou colaborativa quando vocês voltaram a gravar um álbum juntos em 2018 com James Iha (guitarrista) e Jimmy Chamberlin (baterista)?

Corgan: Não, mas nunca foi assim, sabe? De modo geral, a maneira como trabalhamos é que vou sair por alguma tangente complicada, vou explicar para os meus colegas de banda e eles vão olhar pra mim e dizer: "Ok, quero dizer, legal, se é isso o que você quer fazer...” Eles sempre me apoiaram, mas acho que eles acham que sou um pouco louco e nós simplesmente mergulhamos nisso, sabe? Nós apenas navegamos para onde podemos tirar as músicas de lá e acho que onde trabalhamos melhor é onde eu tenho muita clareza sobre o que quero e então, eles são muito claros sobre como podem contribuir para isso, mas as músicas têm que ser ótimas.

Corgan: Embora sejamos conhecidos por nossa produção, somos realmente uma "banda musical" em primeiro lugar. As pessoas às vezes esquecem que temos ótimas músicas, mas isso é tudo o que importa. Se tivermos ótimas músicas, sempre podemos enfrentar o desafio da produção, mas se não temos ótimas músicas, então, não estamos interessados o suficiente para nos incomodar, não é? Não queremos fazer discos que soem bem com músicas de merda, como muitas bandas fazem. É um bom modelo de negócio, mas não é o nosso modelo de negócio.


Jornalista: Então, você diria que o disco "Cyr" é o mais forte que o SMASHING PUMPKINS têm sido como unidade criativa em décadas?

Corgan: Acho que provavelmente estamos mais "na mesma página" que estivemos desde o álbum "Machina The Machines of God" (5º disco, 2000, o último gravado com a formação original completa), mas foi também quando James Iha saiu da banda, então, eu não sei... Nós sempre fomos capazes de correr com a mentalidade de que aquele álbum era só nós três (Corgan, Iha, Chamberlin), pois a nossa ex-colega de banda estava tendo um papel crítico, porque ela não estava tão envolvida na tomada das decisões musicais quanto nós três na gravação deste álbum em 2000 (D'arcy, baixista que havia sido demitida por uso de drogas e que foi o único membro original a não retornar à banda para o disco de 2018).

Corgan: Acho que é uma dinâmica interessante porque James Iha e eu realmente nos conectamos num conjunto básico de grupos como THE SMITHS e THE CURE, mas eu com Jimmy Chamberlin nos conectamos muito sobre o nosso amor pelo rock clássico, tipo, DEEP PURPLE, LED ZEPPELIN e RUSH. É claro, com o tempo e por meio da polinização cruzada, isso se expandiu, mas essa é a base principal de como éramos, com James trazendo um pouco mais do estilo David Bowie para o que fazemos e Jimmy sendo capaz de traduzir a linguagem do rock em emoção e poder. É uma dinâmica muito estranha e não consigo pensar em muitas outras bandas como essa, mas funciona! E quando funciona, é muito bonito, pois engendra em mim uma resposta emocional que eu não teria de outra forma sozinho.


Jornalista: Qual foi o seu arsenal de guitarras nas sessões de gravação do álbum "Cyr"?

Corgan: Eu toquei muito com o meu modelo de assinatura Reverend e também tinha uma Gibson 335 de 1962. Havia uma fábrica da Gibson em Detroit que fazia os mesmos 335s que Eric Clapton e Ritchie Blackmore (DEEP PURPLE) tocaram. Há uma certa série de 335s que veio apenas dessa fábrica e elas são mais "quentes" do que as outras 335s. Honestamente, é uma daquelas melhores guitarras que já comprei, sabe? Parece a banda CREAM, é apenas aquele ataque...


Jornalista: Você possui uma vasta coleção de pedais para guitarra?

Corgan: Não tanto quanto tinha. Eu tenho uma coleção vintage bem louca, então, sabe... Eu amo todos os pedais de boutique que estão sendo lançados agora, mas a maioria deles são recriações de pedais dos quais já possuo os originais e não sei se realmente preciso do clone do pedal de U$ 1.200 dólares que já tenho. Embora eu tenha alguns pedais de clone que são muito, mas muito bons, há um clone do Klon Centaur que comprei no eBay por cerca de U$ 25 dólares que usei muito na gravação do disco "Cyr".


Jornalista: Como você processou essas partes de guitarra em conjunto com todos os novos sintetizadores e elementos eletrônicos para a gravação deste álbum?

Corgan: Eu não uso computadores para tocar guitarra e não gosto de plug-ins ou qualquer outra coisa do tipo, certo? Eu acredito firmemente que as assinaturas de distorção de uma guitarra precisam ser orgânicas. Eu certamente ouço coisas que são atraentes sobre guitarras manipuladas digitalmente, como a maneira como você é capaz de mover uma parte para frente na mixagem e coisas assim, mas pessoalmente, não dou a mínima pra isso. Eu cresci no BLACK SABBATH, QUEEN e Jimmy Page (guitarrista do LED ZEPPELIN) e eu quero a força orgânica, não uma besteira qualquer. Eu só quero aquela energia pura, crua e é por isso que estou disposto a comprar guitarras vintage caras e grandes amplificadores. Também trabalhamos com muita densidade, tipo, algumas das canções que foram lançadas no álbum "Cyr" possuem 09 sintetizadores tocando ao mesmo tempo, em cima de um baixo analógico e algum trabalho de guitarra. Para que essas guitarras entrem na mixagem, você precisa ter um caminho de sinal analógico.


Jornalista: Como ouvinte e para finalizar esta entrevista, você gosta quando leva algum tempo para que as pessoas "entendam" essa densidade musical do disco "Cyr"?

Corgan: Sim, eu gosto. As pessoas gostam de me dizer que não entendem realmente os meus discos até fumarem um pouco de maconha, porque isso lhes permite ouvir todas as camadas sonoras que estão lá. Se você olhar atentamente para uma grande pintura, verá que há muita profundidade no trabalho. Você pode olhar para ela por 05 segundos e dizer: "Oh, é uma senhora num sofá", mas se você realmente olhar, verá sombras, tons e uma qualidade emocional que é assim que percebo a música. Deve haver uma qualidade romântica que você precisa examinar para encontrar.


Confira o áudio de estúdio da música "Wrath", lançada no novo álbum do SMASHING PUMPKINS, "Cyr":


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