top of page
  • by Brunelson

Screaming Trees: "pensava que era somente sobre fazer boa música"


Screaming Trees

Gary Lee Conner, guitarrista do SCREAMING TREES, revive a jornada de montanha-russa da sua banda em entrevista para a revista Kerrang, desde o começo até a dissolução do seu relacionamento com o vocalista Mark Lanegan.


Muito tem sido escrito sobre o SCREAMING TREES recentemente, embora não necessariamente por motivos condizentes com a sua posição entre os grandes nomes do grunge. Embora não sejam os maiores beneficiários da corrida ao ouro em Seattle no início dos anos 90 em comparação com o NIRVANA, PEARL JAM, SOUNDGARDEN e ALICE IN CHAINS, o grupo SCREAMING TREES alcançou relativo sucesso com o álbum "Sweet Oblivion" (1992) e em menor grau com o disco "Dust" (1996), que melhor destilaram a sua mistura de rock, blues e psicodelia.


Ambos exibiram uma vantagem a mais que se desenvolveram quando a banda assinou contrato com a super gravadora Epic Records, embora o seu momento tenha sido frustrado quando se separaram da mesma gravadora.


Em 2000, com o vocalista Mark Lanegan cada vez mais voltando a sua atenção para sua carreira solo e apresentações esporádicas, ao não encontrar mais no SCREAMING TREES o seu lar a banda se separou. A música gravada após o álbum "Dust" - no estúdio do guitarrista do PEARL JAM, Stone Gossard - acabaria sendo lançada no disco de lados-b pós banda, o álbum "Last Words: The Final Recordings".


Talvez seja uma prova de quão longe as ações da banda haviam caído naquele ponto, no entanto, que o disco só foi lançado 12 anos depois com o baterista Barrett Martin se encarregando de divulgá-lo através da sua própria gravadora, Sunyata Records.


A razão pela qual o SCREAMING TREES está nos lábios de todos ultimamente, é o lançamento do livro autobiográfico de Mark Lanegan, Sing Backwards and Weep, relatando as memórias inflexíveis do vocalista. Nele, Lanegan narra a sua infância isolada geográfica e emocionalmente, o alcoolismo na adolescência e mais tarde se tornando viciado em heroína, enquanto examina a sua passagem no SCREAMING TREES muitas vezes de uma forma severa.


Ele também frequentemente critica os seus ex-colegas de banda, principalmente o guitarrista Gary Lee Conner, mas enquanto Lanegan deu a sua opinião no livro e nas entrevistas que o promoveram, Lee Conner ficou mais recluso e quieto, exceto por uma postagem em rede social reconhecendo que os dois nunca se deram bem como amigos, mas que "o livro Sing Backwards and Weep é entregue com um nível de veneno que é desconcertante”.


Tendo em vista esses desenvolvimentos e o aumento da atenção no SCREAMING TREES, Lee Conner conversou com a revista Kerrang de sua casa por videoconferência, com os sinos de vento audíveis ao fundo do seu quintal. Há mais de 20 anos casado com a sua esposa, criando a sua filha e desfrutando de um ritmo mais silencioso, ele admite que a única diferença entre a sua vida antes e durante o isolamento social, é que a Sra. Conner agora está em casa durante o dia.


Com 57 anos de idade, cabelos pretos e costeletas parecidas com o Wolverine, Lee Conner admite que os seus sonhos de ansiedade sobre o SCREAMING TREES só acabaram 10 anos após a separação da banda.


Dado esse senso de encerramento e o foco pessoal contínuo na música, o guitarrista está mais interessado em refletir sobre a história de sua antiga banda e garantir que o legado deles receba o reconhecimento, do que ficar estabelecendo pontuações antigas: "Eu e Lanegan não nos damos bem, eu sei disso, mas fizemos uma ótima música juntos".


Confira a entrevista completa do guitarrista do SCREAMING TREES, Gary Lee Conner, para a revista britânica Kerrang:



Jornalista: Quais são as suas memórias de quando o SCREAMING TREES começou?


Gary Lee Conner: Foi no verão de 1985, eu, meu irmão Van Conner (baixista) e o baterista original da banda, Mark Pickerel, estávamos fazendo uma combinação estranha com coisas dos anos 60, junto com punk rock, metal e new wave. O meu irmão e Mark Pickerel conheciam Mark Lanegan porque tinham algumas aulas no ensino médio juntos. A única vez que o conheci antes disso foi quando ele tinha 12 anos, um garotinho ruivo que aparentemente tinha começado a beber.


Originalmente, eu não estava envolvido com ele... Lanegan foi até a nossa casa e cantou algumas músicas com o meu irmão tocando violão. Eu estava treinando no meu quarto, então, a minha mãe disse que eles tinham que me ter na banda. Eles logo descobriram que eu tinha um gravador de 04 canais e estava compondo as músicas que seriam lançadas no nosso EP de estreia, "Other Worlds”, que gravamos em 1985, mas foi lançado em 1986.



Jornalista: As tendências psicodélicas da banda são atribuídas a você. Quais eram as suas próprias ambições pessoais?


Lee Conner: Ser uma banda de avivamento psicodélico. Se você olhar a obra de arte do nosso 1º álbum, "Clairvoyance" (1986), eu tenho um corte de cabelo dos BEATLES e roupas psicodélicas. Era isso que eu queria fazer, assim como as músicas, mas ninguém mais gostava daquilo, de modo que o temperou o suficiente para que nos tornássemos algo a mais.



Jornalista: Deixas-te claro que você e Mark Lanegan não eram íntimos, mas deve ter havido alguma coisa lá no início que substituiu a amizade?


Lee Conner: Entendo quando ele diz que só estava na banda para sair fora da nossa cidade natal, Ellensburg, mas não foi assim que eu vi na época. Eu pensei que ele achava que estávamos fazendo uma música muito boa e obtendo um pouco de sucesso. Chegamos à SST Records (renomada gravadora do underground), que foi um sonho total realizado para todos.



Jornalista: Como você descreveria a sua dinâmica criativa?


Lee Conner: Quando começamos, criávamos as músicas juntos na mesma sala. No momento em que entramos na SST Records e gravamos o nosso 2º álbum, "Even if and Especially When" (1987), eu também estava escrevendo algumas letras e mostrando para Lanegan colocar os vocais. Às vezes, ele mudava algumas das letras, às vezes, todas, e às vezes, a música ficava no meio do caminho.



Jornalista: Foi um processo harmonioso?


Lee Conner: Não me lembro de ficar muito chateado com a mudança das letras... No início dos anos 90, estava claro que ele estava melhorando-as e o que ele fez foi o que um bom editor de livros faz: pegar o material e melhorar a apresentação ao público.



Jornalista: Quanto lhe foi, vendo o grande sucesso dos seus colegas do grunge e o desejo de fazer parte daquilo? Um fator na mudança de direção que começou com o álbum "Uncle Anesthesia" (5º disco, 1991)?


Lee Conner: Nós nem tínhamos conhecimento da palavra grunge até 1991. Era apenas o nosso underground, sabe? Enquanto estávamos gravando o álbum "Sweet Oblivion" (6º disco, 1992), NIRVANA começou a ficar gigante... Me lembro do show do NIRVANA no Teatro da Paramount em Seattle, no mês de outubro de 1991, e de me destacar no camarote e bastidores com todo mundo das outras bandas de Seattle.


Naquela altura, o álbum "Nevermind" (2º disco do NIRVANA, 1991) havia vendido cerca de 300 mil cópias só nos EUA, então, para mim foi claramente o fim do underground. Foi aí que se tornou uma coisa surreal e gigante, tipo, necessariamente não era ruim, mas era uma coisa diferente acontecendo.



Jornalista: Quando você soube que as coisas estavam se tornando diferentes para o SCREAMING TREES?


Lee Conner: No final de 1989, quando estávamos em turnê do nosso 4º álbum, "Buzz Factory" (1989), onde sofremos um acidente de van na Florida. Felizmente não foi nada sério, mas ficamos parados por alguns dias. Lanegan havia me dito: "Não sei se quero continuar com a banda". Havia uma sensação de que tínhamos chegado ao fim do que poderíamos fazer naquele momento, sabe? Decidimos contratar um empresário para conseguirmos uma grande gravadora, porque as outras bandas underground que também eram da SST Records, como o MEAT PUPPETS, estavam começando a se formar e sendo a "bola da vez". Então, acabamos sendo empresariados pela - então esposa de Chris Cornell na época - Susan Silver, que também gerenciava o SOUNDGARDEN e no futuro iria trabalhar com o ALICE IN CHAINS.



Jornalista: Como foi trabalhar com Chris Cornell quando ele co-produziu o disco "Uncle Anesthesia" com o produtor Terry Date?


Lee Conner: Terry Date tinha feito principalmente coisas do heavy metal, então, tínhamos Chris Cornell como contato porque ele entendia o que éramos de verdade, sabe? Ele teve que sair no final do processo porque o SOUNDGARDEN iria entrar em turnê, mas ele chegou a ajudar com os sons da guitarra, idéias para os solos e fez alguns back vocais. Nesta época frequentávamos a casa de Chris Cornell e ele tinha um monte de discos do LED ZEPPELIN e ficávamos lá escutando e conversando.



Jornalista: Muito foi escrito sobre a evolução da banda no álbum "Sweet Oblivion". Sempre foi a sua intenção ter um som mais trabalhado?


Lee Conner: Depois que o o disco "Uncle Anesthesia" foi lançado, sofremos outro acidente de van que foi bem ruim. Tínhamos duas vans, uma para a banda e outra para os roadies, e Lanegan estava na van com os roadies. Estávamos dirigindo em nossa van e o gelo na estrada fez a outra van capotar. Achávamos que eles estavam mortos, mas ninguém ficou seriamente ferido. Tivemos que cancelar 01 semana de shows e quando chegamos em Chicago, Lanegan não estava apenas bebendo, ele estava bebendo com força total. De uma maneira estranha, foi uma das melhores coisas que aconteceu...


A primeira coisa que precisávamos era de um baterista permanente. Mark Pickerel tinha saído e Dan Peters (baterista desde sempre do MUDHONEY) estava "quebrando o galho" para nós, mas depois ele tinha compromissos com o MUDHONEY. Acabamos "tropeçando" no baterista Barrett Martin e musicalmente e tecnicamente ele nos chutou a bunda, sabe? Eu acho que a parte difícil do álbum "Sweet Oblivion" foi em parte isso e em parte o processo de composição das músicas. Lanegan bêbado incrivelmente significava que ele era mais sociável e conseguíamos nos sentar juntos para trabalharmos nas músicas.



Jornalista: O disco "Sweet Oblivion" foi um álbum difícil de fazer?


Lee Conner: Nós nunca sabíamos o que Lanegan faria com as músicas. Às vezes ele vinha com idéias e às vezes fazia coisas no calor do momento. A certa altura, metade das músicas não tinham letras e nem títulos, porque ele tinha desaparecido por 03 dias e quando voltou, estava de ressaca depois de curtir uma festa. Não só ele tinha todas as letras na mão, mas ele cantou tudo muito bem... Não sei como ele fez aquilo, se foi uma epifania ou se ele planejou o tempo todo.



Jornalista: Alguns sugerem que a diferença de 04 anos entre os álbuns "Sweet Oblivion" e "Dust" prejudicou o momento da banda. Você concorda?


Lee Conner: Havia dois problemas. Um deles era Lanegan, de quando terminamos a turnê do disco "Sweet Oblivion" e ele estava usando heroína. Ao contrário de quando ele estava bebendo e era extrovertido, Lanegan acabou não querendo fazer mais nada. O outro problema era que eu não estava mais compondo músicas e não nos reuníamos para criar as canções. Eu e o meu irmão acabamos casando com as nossas noivas e eu estava tentando ficar a maior parte do tempo em New York, onde conheci a minha esposa e que dificultou os planos da banda.


Tentamos gravar o álbum "Dust" (7º disco, 1996) no final de 1993 e embora algumas músicas como "Dying Days" tenham sido lançadas, simplesmente não conseguimos nos reunir para grava-lo.



Jornalista: O que você fez?


Lee Conner: Voltei para Seattle, consegui um apartamento e durante a maior parte dos anos de 1994 e 1995, compus músicas todos os dias. Foi um dos períodos mais sombrios da minha vida, porque de repente fui forçado a compor e a escrever. Lanegan me ligava à noite e perguntava o que eu estava fazendo, então, eu teria que entrar no meu velho e ruim carro Chrysler e levar uma fita cassete para ele.


Quando eu chegava no apartamento dele, a mão dele saía pela porta e pegava a fita sem dizer nada. Eu recebia uma ligação dele no dia seguinte dizendo que as músicas estavam boas ou uma ligação na noite seguinte me perguntando o que eu estava fazendo. Tínhamos assinado com grandes empresários que trabalhavam com bandas como o METALLICA e DEF LEPPARD, e eles também precisavam ouvir as músicas. Eu tive que enviar a eles fitas demos que incluíam as piores letras de músicas que tinha escrito na minha vida.



Jornalista: Como você realmente tirou o disco "Dust" do buraco?


Lee Conner: Antes de contratarmos o produtor do álbum "Dust", George Drakoulias, eu e o meu irmão conversamos ao telefone e dissemos que iríamos chamar um vocalista diferente e mudaríamos o nome da banda. Meu irmão ligou para Lanegan para dizer que íamos sair da banda, mas ele disse que não. Felizmente, quando chegamos a Los Angeles junto com George as coisas melhoraram. A gravação foi divertida o que provavelmente é perceptível no disco e acabou sendo o disco de rock que sempre quisemos fazer. O problema é que foi lançado em 1996 e não em 1994, o que se refletiu nas vendas.



Jornalista: O livro biográfico de Mark Lanegan detalha o ódio dele por Liam Gallagher (vocalista do OASIS). Quais foram as suas memórias daquela turnê com o OASIS em 1996?


Lee Conner: Acho que começou porque Liam nos chamou de "Howling Branches" ("Ramos Uivantes") e Lanegan estava defendendo a honra da banda. Acho que ele diz que no livro Liam saiu da turnê porque eles iriam entrar numa briga, mas não foi o que aconteceu. Quando chegamos à Carolina do Norte, Lanegan estava muito doente e tivemos que cancelar o resto da turnê. Chegamos ao local e ele mandou o nosso empresário de turnê informar toda a equipe. A ironia foi que 01 hora depois, descobrimos que o OASIS havia cancelado a turnê, então, Lanegan nem precisou contar nada a ninguém.



Jornalista: Aparentemente, a única pessoa que realmente bateu em Liam foi o seu irmão...


Lee Conner: Ele bateu?



Jornalista: Aparentemente, Van Conner bateu nele com o braço do baixo, enquanto Liam estava observando o show de vocês ao lado do palco.


Lee Conner: Ah, sim... Mas provavelmente foi um acidente.



Jornalista: Como a banda lidou quando ficou sem a gravadora?


Lee Conner: Nós que pedimos para sair da Epic Records. Lanegan tomou a maioria das decisões sobre negócios e muitas das criativas também. Na maioria das vezes ele não nos dizia qual era a decisão. Na verdade, ele nem nos disse que a banda estava terminando. Eu não sabia até depois do último show, quando alguém mencionou em nosso camarim. Ele poderia ter nos avisado, sabe? Os últimos anos da década de 90 não foram um bom momento para uma banda de rock ser contratada. Talvez se tivéssemos dado um tempo por alguns anos e voltássemos mais tarde, poderíamos ter algo acontecendo até hoje.



Jornalista: Como o fim da banda te afetou?


Lee Conner: Eu nunca tive outra banda depois do SCREAMING TREES. Eu não sabia o que fazer e não tinha amigos além da minha esposa, então, passei a década de 2000 chateado com a separação da banda.



Jornalista: A sua postagem em rede social disse que você teve somente 01 conversa com Mark Lanegan em 18 anos...


Lee Conner: Nos momentos em que nos reunimos muito tempo depois de quando gravamos o álbum "Dust", pareceu-me que havíamos nos reconciliado. Conversei com ele em 2012 ou 2013, quando pensamos em voltar a fazer shows na época em que o disco "Last Words: The Final Recordings" (sobras de estúdio e lados-b, 2011) tinha sido lançado. Ele me ligou depois que finalmente decidimos não nos reunir novamente e conversamos por meia hora sobre o que estávamos fazendo em nossas vidas particulares. Foi uma boa conversa, sabe?


E depois que ele terminou com a banda, Lanegan continuou me ligando querendo gravar, mas acho que foi quando ele se juntou ao QUEENS OF THE STONE AGE.



Jornalista: Falando no QUEENS OF THE STONE AGE, o frontman desta banda, Josh Homme, entrou como 2º guitarrista no SCREAMING TREES na turnê final da banda de 1996 a 1998. Como ele foi entrar no grupo? Você tinha alguma noção do quão bem sucedido ele se tornaria?


Lee Conner: Não tanto quanto o seu sucesso com o QUEENS OF THE STONE AGE, mas ele sempre foi uma grande pessoa. Tê-lo na banda conosco me libertou, sabe? E foi aí que eu pude tocar o meu melhor. A música "Nearly Lost You" tem um monte de partes no começo da canção que eu nunca tinha feito antes e de repente, conseguia fazê-las. Acho que Josh tinha se mudado para Seattle e o meu irmão conheceu ele. Josh estava trabalhando ao mesmo tempo na música de sua nova banda que se chamava GAMMA RAY, mas mudaram de nome quando descobriram que já existia outro grupo com o mesmo nome, então, foi quando se tornaram o QUEENS OF THE STONE AGE. O meu irmão estava na banda dele, chegando a gravar o EP de estréia do GAMMA RAY, mas uma vez Josh voltando à California as coisas mudaram - o que perturbou o meu irmão.



Jornalista: Como você se sente com a versão de Lanegan que ele escreveu no livro?


Lee Conner: Depois que eu e o meu irmão vimos uma página vazada do livro na internet, nós dois resolvemos nos pronunciar. Lanegan mandou um e-mail para o meu irmão dizendo que ele não podia acreditar que estávamos dizendo toda aquela merda horrível sobre ele. Segundo Lanegan, aparentemente eu o fiz passar por 15 anos de inferno.



Jornalista: Para finalizar, se Mark Lanegan entrar em contato com você agora, como você reagiria?


Lee Conner: Eu gostaria de falar com ele... Passei grande parte da minha vida me preocupando com Lanegan, ficando irritado com ele ou o que ele pensaria sobre algo - e isso trazia mais um monte de coisas em nossas vidas. Mesmo que, psicologicamente, também tenha percebido estes sintomas, consegui supera-los o bastante. Eu realmente questiono quais foram os verdadeiros interesses dele durante a existência do SCREAMING TREES... E agora, ele acabou de nos usar mais uma vez para ficar famoso? Eu pensei que era somente sobre fazer boa música.

Mais Recentes
Destaques
bottom of page