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  • by Brunelson

Alice in Chains: entrevista com William Duvall.

Mais de 01 década como vocalista/guitarrista do ALICE IN CHAINS, William Duvall firmemente estabeleceu-se como parte do legado da icônica banda de Seattle. Duvall está agora se aventurando por conta própria com a sua nova banda paralela, GIRAFFE TONGUE ORCHESTRA, que dispõe com membros de bandas como DILLINGER ESCAPE PLAN e MASTODON – com o álbum de estréia, “Broken Lines”, sendo lançado agora no dia 23 de Setembro/2016.


Em entrevista exclusiva com o site Alternative Nation (no dia 09/09/2016), Duvall falou sobre: as reações dos membros do ALICE IN CHAINS sobre a sua nova banda, GIRAFFE TONGUE ORCHESTRA; uma atualização sobre o próximo álbum de estúdio do ALICE IN CHAINS; uma história comovente sobre o seu 1º encontro com o falecido vocalista do STONE TEMPLE PILOTS, Scott Weiland, na época em que Layne Staley veio a falecer em 2002 (vocalista original do ALICE IN CHAINS); a sua ligação com o vocalista do PEARL JAM, Eddie Vedder; os seus pensamentos sobre a possibilidade do ALICE IN CHAINS ser introduzido ao Rock’n Roll Hall of Fame/2017; e como ele e Jerry Cantrell compõe músicas juntos.



Jornalista: Em 1º lugar, um feliz aniversário atrasado! Eu não posso acreditar que você tem 49 anos, porque você ainda parece o mesmo cara que acompanhou Jerry Cantrell em sua turnê solo no início do século...


William Duvall: Obrigado, cara. Eu não posso acreditar também..., é uma loucura mesmo.



Jornalista: Como você tenta diferenciar as suas composições no álbum da sua nova banda paralela, GIRAFFE TONGUE ORCHESTRA, com as músicas do ALICE IN CHAINS e da sua antiga banda, COMES WITH THE FALL? Porque algumas influências sábias que nós já sabemos de você vem de bandas como o LED ZEPPELIN, KING CRIMSON e coisas do hardcore. O que você está trazendo para este álbum?


William Duvall: Bem, eu acho que só 01 resposta honesta para responder a esta pergunta: a música que eu estava ouvindo na época com um fundo de pano que inclui tudo, desde o punk rock, jazz e música progressiva de todos os tipos que venho escutando ao longo da minha história. Então, eu acho que este álbum me proporcionou oportunidades em acessar partes da minha personalidade como escritor e cantor, coisas que eu não tinha acessado em muitos anos. Gravar esse disco foi quase como escrever uma produção teatral do que fazer um simples álbum de rock. Eu digo isto, apenas por causa da natureza do desafio em criar músicas com estilos combinados e com mudanças muito rápidas e abruptas de humor - que ocorrem dentro da mesma canção.


Às vezes, quando estava compondo, eu me pegava pensando, tipo: “OK, eu vou ter que encontrar uma porta, uma saída para isso”. Com isso, eu assumi uma perspectiva e visão de mundo, inventando um personagem nas minhas letras pelo qual eu possa transmitir tudo o que eu quero dizer, para que em seguida, esta mensagem seja sobre um determinado ouvinte, como se eu estivesse escrevendo direto para o seu ponto de vista em questão. Eu fui escolhido para entrar no TOP 101 de compositores do rock, o que foi uma coisa extremamente bem-vinda. Com certeza, foi uma oportunidade muito bem-vinda e me sinto muito feliz por isso.



Jornalista: Os seus companheiros de banda no ALICE IN CHAINS já escutaram o álbum de estreia do GIRAFFE TONGUE ORCHESTRA?


William Duvall: Sim, há algum tempo atrás nós colocamos para tocar o nosso 1º single e conversamos um pouco sobre isso, que foi a canção “Crucifixion”. Eu sei que Mike Inez (baixista do ALICE IN CHAINS) falou, tipo: “Quando a música cai nos versos, fica muito bom mesmo". Não foi algo que discutimos longamente, porque estamos sempre tão ocupados com as nossas próprias coisas quando ficamos juntos, sabe? Vamos ver..., eu acho que, quando o álbum for lançado, daí sim poderemos promover algumas conversas.



Jornalista: Eu sei que você já mencionou em várias entrevistas que o ALICE IN CHAINS ainda não possui planos em gravar um novo álbum de estúdio. Mas este álbum, quando for gravado, já será o seu 3º com a banda. Criativamente falando, em que caminho você gostaria de ver o próximo álbum do ALICE IN CHAINS? Você gostaria de contribuir mais nas composições da banda, depois de gravar com o GIRAFFE TONGUE ORCHESTRA, ou existem outros produtores que você poderia estar interessado em trabalhar junto?


William Duvall: Oh, Deus, é claro que eu estou sempre pronto para contribuir nas composições em um álbum do ALICE IN CHAINS. Em relação a outros produtores..., eu não sei. Nós gravamos os 02 últimos álbuns de estúdio com Nick Raskulinecz (que já produziu discos do FOO FIGHTERS, VELVET REVOLVER, dentre outras) - e claro que foi uma experiência muito boa. Nós realmente não estamos naquela fase em que ficamos falando sobre um novo álbum de estúdio, sabe? Nós vamos ter que ver como estarão as coisas depois que a turnê americana acabar em Outubro/2016, portanto, fiquem atentos.



Jornalista: Infelizmente, nós perdemos Scott Weiland em Dezembro/2015. Eu sei que o ALICE IN CHAINS e o VELVET REVOLVER (outra banda de Scott) fizeram 01 turnê juntos - há quase 01 década atrás - com Scott cantando a música do ALICE IN CHAINS, “Angry Chair”, em um show – além do STONE TEMPLE PILOTS e do ALICE IN CHAINS terem participado de vários festivais juntos. Qual foi a sua reação com a morte de Scott e se você pode compartilhar todas as memórias ou histórias sobre ele quando excursionaram juntos?


William Duvall: Eu fiquei muito triste ao saber da sua morte. Eu era um grande fã do trabalho que ele fez especialmente com o STONE TEMPLE PILOTS. Eu acho que o som que sai dos álbuns de estúdio do STONE TEMPLE PILOTS, para mim, é apenas um dos melhores catálogos de som em termos de ideias, produção e o que faz gerar a imaginação enquanto se ouve. Eles realmente têm um catálogo muito colorido e bonito, e eu sou especialmente um grande fã do álbum “No. 4” (4º disco, 1999). Quando a notícia da morte de Scott foi anunciada, eu postei a música "Atlanta" em uma rede social - e que é a última canção do álbum “No. 4” - porque ela sempre foi uma das minhas favoritas e sempre pensei que Scott realmente se empenhou na sua performance vocal para que ela ficasse bonita.


É claro que não foi acidental que esta música fosse chamada de "Atlanta". Eu também tenho um monte de histórias naquela cidade e a canção, até onde eu sei, foi mesmo gravada em Atlanta, porque eles fizeram um monte de trabalhos no estúdio Southern Tracks. O produtor deste álbum, Brendan O'Brien (que já trabalhou com PEARL JAM, SOUNDGARDEN, RAGE AGAINST THE MACHINE e outras), costumava trabalhar no Southern Tracks e alguns dos meus discos favoritos nos últimos 25 anos foram gravados naquele estúdio pelo Brendan. Eu também sou amigo de longa data de outro engenheiro de som que trabalhou no álbum “No. 4”, Russ Fowler. Ele fez um monte de gravações para mim com a minha antiga banda, COMES WITH THE FALL, e outras coisas que eu fiz. Portanto, há apenas um monte de laços que nos ligam, então foi por isso que eu havia postado essa música.


Penso no Scott como realmente uma boa pessoa. A 1ª vez que o vi, foi provavelmente em 2002 e eu me lembro que estava na banda solo de Jerry Cantrell fazendo um show na Carolina do Norte. Eu sei que nós fizemos alguns shows juntos com o STONE TEMPLE PILOTS também... Um deles foi na cidade de Charlotte e eu me lembro que era logo após a notícia da morte de Layne Staley - e também foi naquela noite que eu descobri que o meu avô, o qual eu era muito próximo dele, estava doente e internado no hospital e que provavelmente não iria passar daquela noite. Cantrell e eu subimos no palco naquela noite com um monte de coisas pesadas que estávamos carregando e foi um show muito emocional. Eu me lembro de uma reunião com Scott Weiland logo um tempo depois disso, quando fizemos aquele encontro típico de bandas no camarim. Ele foi muito caloroso conosco e todo mundo estava se sentindo muito bem em estar com ele naquela noite. Eu me lembro dele abrindo os braços para mim, dizendo: “'William! É tão bom te conhecer!"



Jornalista: Quando Eddie Vedder se juntou ao que era chamado na época de MOOKIE BLAYLOCK (como o PEARL JAM se chamava no início), Chris Cornell (frontman do SOUNDGARDEN) foi rápido em abraçá-lo como se fosse parte da família musical de Seattle. Estando no ALICE IN CHAINS um pouco mais de 10 anos, quem daquela cena do grunge mais lhe abraçou e com quem você formou fortes laços de amizade?


William Duvall: Todo mundo foi muito legal comigo, sabe? Sempre que eu me deparo com Chris Cornell ou com qualquer um dos caras do SOUNDGARDEN ou do PEARL JAM, todo mundo sempre me trata muito bem. Obviamente que estamos todos muito ocupados e eu não vivo em Seattle, portanto, entre o fato de que não vivemos na mesma cidade e que estamos sempre na estrada, nós realmente apenas nos vemos se acontecer de estarmos tocando num mesmo festival ou se coincidir em estarmos na mesma cidade e na mesma hora..., como se estivéssemos em Seattle para algum trabalho onde todos irão se encontrar, sabe? Mas todo mundo é sempre muito legal comigo - o que é uma grande honra - porque eu era um grande fã desses álbuns que foram lançados no início dos anos 90. Eu comprava e escutava esses discos como qualquer outra pessoa, então, é sempre gratificante quando nós temos a oportunidade de nos encontrarmos, mesmo que seja em pequenos momentos.


Uma vez, Eddie Vedder e eu estávamos em algum festival na Espanha – PAUL WELLER também estava tocando - e nós 02 somos grandes fãs de PAUL WELLER. Então, nós caminhamos para o lado do palco e ficamos juntos assistindo-o, sendo que no final do show eu e Eddie demos uma de fã e tiramos uma selfie com ele para comemorar. É verdade, nós temos uma selfie parecendo 02 nerds com PAUL WELLER... Mais tarde, naquela mesma noite, o ALICE IN CHAINS fez a sua apresentação e você sabe, a galera espanhola é sempre ótima nos shows e depois do nosso concerto, o PEARL JAM veio e apenas deu aquela “faxina geral” como um soco na barriga..., foi muito legal.


Eu estava assistindo este show do PEARL JAM ao lado do palco e Eddie tinha a sua garrafa de vinho. Num certo momento, ele se aproximou a mim e entregou a garrafa para eu dar um gole, sendo que nós ficamos bebendo ao lado do palco enquanto a banda estava tocando - era provavelmente um solo de guitarra ou algo assim. Tivemos esse momento com o seu vinho e eu lembro de ter pensado na hora, tipo: “Sim, esta é uma grande noite, não é? Olhe para todas estas pessoas". É sempre um prazer estar com esses caras e eu ainda sou um grande fã de todos eles.



Jornalista: Você começou a trabalhar com a banda solo de Jerry Cantrell no começo do ano 2000 e foi o início da construção para você ter se tornado o novo vocalista do ALICE IN CHAINS. Quanta liberdade criativa Jerry lhe dá sobre as composições que ele traz para a banda e como essa relação tem crescido de forma criativa ao longo dos anos? Como é que o trabalho funciona entre vocês no estúdio quando estão criando as harmonias?


William Duvall: Pode funcionar de várias maneiras e toma todas as formas, porque eu toco guitarra e existe um monte de maneiras que eu me identifico como guitarrista, antes mesmo de me identificar como um cantor - o que pode soar estranho para a maioria das pessoas - mas é apenas como eu comecei a tocar. Com a música "Your Decision" (do 6º álbum, “Black Gives Way to Blue”, 2009), fui eu quem mostrou e toca a guitarra que fica entrando e saindo na canção. Com a música "Phantom Limb" (do 7º álbum, “The Devil Put Dinosaurs Here”, 2013), sou eu quem está tocando o solo. Tudo isso pode assumir a forma de uma contribuição instrumental ou pode assumir a forma de uma contribuição lírica ou harmônica, seja ele escrevendo a melodia ou nós escrevendo juntos. Na canção "A Looking in View" (do 6º disco), nós íamos caminhando riff por riff nela. Ele tinha 01 riff, então, eu tinha alguma coisa que gostaria de tocar que deu certo com o que ele estava tocando..., então, foi assim que a gente trabalhou.


Na canção "Last of My Kind" (também do 6º disco), lembro-me de estar dirigindo o meu carro quando Jerry me ligou e disse: “Você não quer vir aqui em casa para tirarmos um som? Porque eu não tenho nada para fazer". Eu respondi: “Sim, eu também não estou fazendo nada, estou indo aí". Como eu estava dirigindo naquele momento, eu vi um guardanapo sobre o painel do meu carro que tinha alguns rabiscos escrito nele. As palavras eram: "tão jovem, tão descarado, tão profano". Eu peguei o guardanapo e me lembrei que era um rabisco que em algum momento eu havia descartado, mas que acabou entrando na letra da música "Last of My Kind". Então, eu basicamente comecei a escrever a música na minha cabeça no caminho para a casa de Jerry. Quando cheguei à sua casa, ele meio que me deixou sozinho no estúdio que ele criou, um pequeno quarto. Ele saiu da sala para jogar vídeo game e eu escrevi a música "Last of My Kind" e a cantei ali mesmo - sendo que ela ficou muito bonita, exatamente como a versão que você ouve no álbum - e então, ele entrou no quarto e eu fiz uma audição para ele e nós apenas nos cumprimentamos no final..., e foi assim. Portanto, os métodos de composições assumem diferentes formas, mas obviamente, Jerry está sempre escrevendo muitas músicas para a banda, então às vezes, ele tem ideias muito definidas de uma canção que pode ou não ver a luz do dia.



Jornalista: Existe alguma canção do ALICE IN CHAINS dos anos 90 que você realmente gosta de se conectar liricamente e se há alguma que você gostaria de cantar ao vivo que não tenha cantado antes?


William Duvall: Há músicas que eu me conecto liricamente, como as canções do álbum “Dirt” que eu sempre gosto de cantar (3º disco, 1992). Para mim, emocionalmente falando, esse disco é quase como um blues ou algo do tipo, porque as emoções por trás dele são todas implacáveis e é por isso que ele é uma “explosão” emocional. No que diz respeito a músicas que eu nunca cantei nos shows, treinamos um monte delas um tempo atrás, mas eu iria gostar muito de cantar a canção “Am I Inside” (do 2º disco, "Sap", 1992).



Jornalista: Para terminar, quais são os seus sentimentos sobre a possibilidade de entrar para o Rock’n Roll Hall of Fame/2017 com o ALICE IN CHAINS? Porque para mim, vocês já deveriam ter sido elegidos.


William Duvall: Bem, obrigado... Eu não sei, eu realmente não penso muito sobre esse tipo de coisa. Eu estou interessado em apenas fazer o trabalho que eu acredito, sabe? A vida com o ALICE IN CHAINS tem sido muito boa e se o Hall of Fame realmente vier bater a nossa porta, eu tenho certeza que vamos atender, mas isso realmente não está em nosso controle. Os critérios de eleição se originam a partir de um monte de coisas que é tão distante de nós e da nossa experiência diária, por isso, é melhor apenas nós continuarmos simplesmente com o que fazemos desde sempre.

William Duvall

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