B.B. King, um dos compositores mais icônicos de todos os tempos, incorporou o blues em sua lendária guitarra Gibson ES-335 a qual ele chamava carinhosamente de Lucille.
Ele era o tipo de músico que o mundo não cria mais...
Nascido em 1925, B.B. King era da geração em que o blues tinha um significado mais profundo. Afinal, ele nasceu e foi criado nas ruínas da plantação de algodão no Mississippi e foi criado cantando em corais gospel locais, com a sua infância incorporando a educação afro-americana típica do sul dos EUA.
Na verdade, King não foi forçado a frequentar a igreja quando criança, pois ele queria ativamente frequentar. Ele foi atraído pelo poder dos sermões pentecostais e seria na Igreja Batista onde ele teria a sua primeira introdução ao instrumento de 06 cordas, o que continuaria a ter consequências de mudança em sua vida.
O pastor local tocou com um violão barato da Sears Roebuck Silvertone durante os cultos e foi ele quem ensinou ao jovem King os seus 03 primeiros acordes. Não se sabe muito mais sobre a infância de King, embora seja alegado que aos 12 anos de idade ele comprou o seu primeiro violão por U$ 15,00 dólares.
Por volta dos 16 anos de idade, King ficaria fascinado com o icônico gênero do blues delta do Mississippi. Foi o clássico programa de rádio chamado "King Biscuit Time", que foi ao ar pela primeira vez em novembro de 1941, que galvanizou o seu desejo de se tornar um músico de rádio. Autodidata e nas férias na fazenda, ouvia o programa de rádio e sonhava com uma vida exclusivamente voltada para o blues.
Em 1946, King se viu no coração pulsante da cultura afro-americana do Tennesse, Memphis. Ele havia seguido o primo de sua mãe e seu ídolo da guitarra, Bukka White.
Avançando para 1948, ele mergulhou com sucesso na cena musical da cidade, que incluiu uma aparição regular no programa de rádio de Sonny Boy Williamson da estação KWEM. Aos poucos foi expandindo o seu público tocando em bares e churrascarias, e foi quando conheceu um dos mais lendários guitarristas de blues de todos os tempos, T-Bone Walker.
De fato, o seu primeiro encontro com Walker o inspirou a pegar uma guitarra, um movimento que culminaria na confirmação do seu próprio status de ícone. Sobre Walker, King falou numa entrevista: “Quando eu o escutei pela 1ª vez, sabia que teria que ter uma guitarra pra mim. Eu tinha que ter uma!”
Foi nos anos 50 que King realmente começou a deixar a sua marca. Ele se tornou parte da histórica cena do blues de rua de Beale em Memphis, e aqui ele se misturaria com Bobby Bland, Ike Turner e o lendário produtor Sam Phillips, para citar apenas algumas das lendas que ele teve o prazer de chamar de conhecidos.
Naquela década, ele lançou vários singles como "You Know I Love You", "Woke Up This Morning", "Please Love Me" e se tornou numa verdadeira lenda do blues. Ele inspirou os clássicos do rock dos anos 60, bandas como CREAM e ROLLING STONES, que por sua vez popularizaram a sua música e todo o gênero blues expondo-o a públicos maiores.
Em 1969, King até abriu os shows do ROLLING STONES em sua extensa turnê americana.
Então, em 1970, ele ganhou um Grammy pela música "The Thrill is Gone" e em 1987 se tornou um membro do Rock and Roll Hall of Fame.
Ele não foi chamado de "O Rei do Blues" sem motivo. King apresentou ao mundo um estilo sofisticado de solo baseado em curvas fluidas de cordas, vibrato cintilante e palhetada em staccato.
Através dos seus discípulos do “rock clássico” dos anos 60, as suas técnicas foram cimentadas como pilares da guitarra moderna. King influenciou todos, de U2 a Jimi Hendrix e Joe Bonamassa, e é seguro dizer que, sem as suas contribuições, a guitarra moderna seria totalmente diferente da forma que escutamos hoje.
Com isso, separamos um guia para iniciantes apresentando somente 05 canções que provam que B.B. King era um gênio puro. Lembrando que não são necessariamente as melhores ou mais conhecidas músicas de B.B. King, mas aquelas que acobertam toda a musicalidade e diversidade do "O Rei do Blues".
Música: "Three O’Clock Blues"
Um clássico padrão de blues de 12 compassos gravado pela primeira vez por Lowell Fulson em 1946.
Quando King lançou a sua própria versão em 1951, tornou-se em seu primeiro sucesso e um dos singles de R&B mais vendidos em 1952.
A canção apresenta os seus vocais berrantes, cheios de alma e muitos dos seus licks de guitarra instantaneamente reconhecíveis em sua Lucille.
Este foi um dos primeiros exemplos de que B.B. King era de fato "O Rei do Blues".
Ele disse uma vez: “Quando canto, fico tocando em minha mente e no minuto em que paro de cantar oralmente, começo a cantar tocando Lucille”.