Buddy Guy: guia para iniciantes; confira 06 músicas definitivas de sua carreira
Buddy Guy é um dos músicos de blues mais influentes de todos os tempos e no entanto, em comparação com gigantes como BB King, ele é relativamente desconhecido.
A mistura blues de Chicago de Buddy Guy permaneceu no centro do seu trabalho por mais de 50 anos e incorporou inúmeras influências ao longo do caminho. Como Miles Davis, Guy lutou para manter a sua música na vanguarda da expressão musical e recusando-se a deixá-la cair no esquecimento.
Nascido na cidade de Lettsworth, Louisiana, em 1936, Buddy Guy aprendeu a tocar violão sem nem mesmo ter tocando em um.
Em vez disso, ele montou um instrumento feito de latas e arame (conhecido como diddley bow) e começou a "arrancar" os sons do jeito que dava. Depois de conseguir um violão, Guy se apaixonou pelo blues de Chicago e começou a tocar covers de Lightin’ Hopkins e Muddy Waters, um exercício que ajudou a forjar o virtuosismo que mais tarde definiria a sua música.
Apesar de uma carreira pontilhada por períodos de anonimato e fama em igual medida, hoje o legado de Buddy Guy é inegável. Ele é uma lenda viva e há apenas 03 anos atrás, lançou um álbum que provou que ele está tão vivo e forte como sempre.
E dentre 18 álbuns de estúdio, além de coletâneas e também gravações em mais 16 discos com outros artistas, separamos um guia para iniciantes com 06 músicas que definem Buddy Guy e a sua notável vida e carreira.
Sempre lembrando que não são as melhores canções de Buddy Guy, mas as que comportam o leque de musicalidade em todo o seu trabalho.
Confira em ordem cronológica de gravação:
Música: "Sit and Cry"
Álbum: "Southern Blues 1957-63" (coletânea, 1994)
Uma das primeiras gravações conhecidas de Buddy Guy, a canção "Sit and Cry" contém as sementes de tudo o que ele já fez: linhas de guitarra hábeis, sinuosas e uma voz que poderia explodir o telhado de uma casa.
A música foi lançada em 1960 num disco de 45rpm e sem dúvida influenciou muitos guitarristas de blues da época.
Pelo menos, aqueles que tiveram a sorte de ouvir isso, pois nos primeiros dias e apesar do seu talento, Guy lutou para conseguir as ondas sonoras das rádios do jeito que merecia e foi só com o lançamento da música "First Time I Met The Blues" (também lançada em 1960), que ele obteve algum reconhecimento significativo.
Música: "Keep it to Myself"
Álbum: "Left My Blues in San Francisco" (1º disco, 1967)
Rico com os arranjos de cordas arrebatadores e ritmos sincopados da música soul dos anos 60, a canção "Keep it to Myself" é um exemplo perfeito do estilo de produção comercial que viria a definir a lendária gravadora Motown.
Sendo a música de abertura do seu 1º álbum de estúdio - e ainda por trás dos arranjos perfeitos - você pode ouvir uma agitação e "frustração", provavelmente devido ao fato de que a gravadora de Guy na época se recusou a gravar o jovem músico no estilo de suas apresentações ao vivo, alegando que ele estava “apenas fazendo barulho".
O período de meados da década de 60 foi especialmente difícil para Buddy Guy porque, até 1967, ele trabalhava como motorista de guincho e tocava em clubes ao anoitecer, mas "Keep it to Myself" foi a canção que mostrou a Guy que ele merecia um lugar à mesa.
Só deixando claro que Buddy Guy já tinha lançamentos e gravações (com ou sem) parceria antes do lançamento desse disco de estreia.
Após 02 anos ao lançamento do seu 1º álbum de estúdio, Guy se juntou a Eric Clapton no palco em um super show que também contou com nomes como LED ZEPPELIN e Glen Campbell.
Música: "I Smell a Rat"
Álbum: "The Blues Giant / Stone Crazy" (4º disco, 1979)
Esta canção marca o momento em que Buddy Guy se separou da sua gravadora, Chess Records, e desencadeou os violentos licks de guitarra que vinham crescendo dentro dele ao longo dos anos 60.
"I Smell a Rat" é uma música que não poderia estar mais longe do seu trabalho anterior.
Com os seus solos desenfreados, letras bizarras e desempenho vocal elástico, é a demonstração perfeita da capacidade de Guy de remodelar o seu som, absorvendo influências do rock'n roll de uma forma que mantém o seu estilo atualizado e inovador.
Música: "DJ Play My Blues"
Álbum: "DJ Play My Blues" (6º disco, 1982)
Nesta canção, Buddy Guy lamenta o estado lamentável da música blues no início dos anos 80.
Em um tom suave que lembra Otis Redding, Guy canta: “Oh, Sr. DJ / Eu me pergunto / Por que você não toca mais blues”. Pode ser que a própria carreira de Buddy Guy estivesse em apuros...
Sem uma gravadora americana no contrato, ele teve que se sustentar colocando mais ênfase em seu trabalho ao vivo e fazendo extensas turnês. Apesar disso, Guy ainda conseguiu encontrar tempo para trabalhar com gravadoras na Europa e no Japão, e acabou lançando um dos álbuns mais marcantes dos anos 80, do qual a música "DJ Play My Blues" é a joia da coroa.
Música: "Mustang Sally"
Álbum: "Damn Right I’ve Got The Blues" (7º disco, 1991)
É uma de suas canções mais amadas e com um toque especial.
Também marcou o momento em que a carreira de Buddy Guy foi rejuvenescida pelo renascimento do blues americano no final dos anos 80 e início dos anos 90 - realmente, esse período de tempo tinha uma onda diferente no ar...
Essa música, assim como o álbum, trouxe Buddy Guy de volta aos holofotes e chegou a ganhar o Prêmio Grammy de 1992 de melhor gravação de blues contemporâneo!
Aqui, podemos ver Guy olhando para as suas raízes, apesar de sempre ter tido um olhar firmemente fixado no futuro.
Música: "The Blues is Alive and Well"
Álbum: "The Blues is Alive and Well" (18º disco, 2018)
Em 2018, Buddy Guy tinha mais de 80 anos de idade.
E esse álbum que ele lançou é uma carta de amor à música que definiu a sua vida e apresenta uma série de nomes famosos, incluindo Mick Jagger e Keith Richards do ROLLING STONES.
Mas é esta canção, com o seu groove dub-infundido, que realmente mostra o talento inesgotável de Buddy Guy.
Mesmo entre os arranjos de trompa, a sua voz mundialmente conhecida captura a atenção do ouvinte como nada mais, com somente uma voz que está em busca da música blues perfeita há mais de meio século...
Commentaires