- by Brunelson
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Um dos maiores produtores na história da música, Rick Rubin, é creditado por dar uma vantagem a muitos artistas em momentos cruciais de suas carreiras, vide Johnny Cash a RED HOT CHILI PEPPERS.
E uma de suas intervenções mais vitais foi para a banda britânica no final dos anos 80, THE CULT, onde o seu som começou a criar metamorfoses e dividindo opiniões por estar na linha tênue entre o hard rock típico dos anos 80 com o emergente rock alternativo.
Rubin é um produtor mestre em criar atmosferas sonoras e devido também à entrega poderosa do vocalista Ian Astbury e às linhas carregadas de efeitos na guitarra de Billy Duffy, foi graças a Rubin que o THE CULT se tornou maior ainda através de alguns conselhos práticos do produtor.
Notavelmente, o 3º álbum de estúdio da banda, "Electric" (1987, foto), foi uma ruptura deliberada com o estilo dos seus 02 primeiros discos. Seu álbum antecessor, "Love" (2º disco, 1985), foi um álbum de grande sucesso que gerou 03 singles marcantes na história do rock, as canções "She Sells Sanctuary", "Rain" e "Revolution".
Foi um golpe de mestre, ajudando-os a entrar no próximo capítulo de suas carreiras.
Significativamente, o disco "Electric" igualou a posição do álbum "Love" no ranking da Billboard chegando ao 4º lugar, mas ultrapassou a sua permanência no ranking passando no total 27 semanas nas paradas, tornando-se a corrida de maior sucesso para um álbum do THE CULT até aquele momento.
Conversando com o fabricante de cordas da Ernie Ball's Pursuit of Tone em 2019, o guitarrista Duffy relembrou dos problemas que encontraram ao iniciarem as gravações para o álbum "Electric": “Então, no final das contas nós nos saímos bem com o nosso disco de estreia, 'Dreamtime' (1984). Eu tinha esse som na cabeça, a banda possuía uma identidade e nós rompemos as barreiras saindo em turnê. Depois que gravamos o disco 'Love', começamos a escrever novas músicas e começamos a dar passos em direção a um som mais rock, sabe? Então, o álbum que foi a continuação do disco 'Love' ainda não tinha um título, mas queríamos chama-lo de 'Peace', que era o título provisório dele, mas que acabou se tornando 'Electric'. As músicas já estavam lá, mas tentamos as mesmas técnicas de produção e camadas que funcionaram para o álbum 'Love', mas tudo isso não estava funcionando para o disco 'Electric'. E o nosso produtor naquela época estava arrancando os cabelos, porque ele tinha um grande álbum de sucesso com o THE CULT gravando o disco 'Love', então, ele retornou para produzir o nosso próximo álbum e simplesmente não estava funcionando”.
Descrevendo como a banda deu errado nesse ponto, Duffy continuou: “Então, como qualquer banda de verdade, em vez de pararmos com tudo, nós aguentamos até o fim. Gravaríamos o álbum em um estúdio residencial caro que tinha uma extensa adega no local. Depois, fomos ao estúdio de mixagem mais caro de Londres para verificarmos a mixagem e percebemos que não estava ficando legal".
No entanto, foi oferecido ao THE CULT uma saída para este impasse depois de ouvirem aquela canção do BEASTIE BOYS produzida por Rick Rubin, a qual usava samplers do AC/DC. Duffy não especificou qual era a música, mas presumimos que seja a canção "Rock Hard" que usa trechos da música "Back in Black" do AC/DC.
Depois de conhecerem Rubin pela 1ª vez, o produtor não hesitou em dizer à banda o que achava que eles estavam fazendo de errado, o que gerou um grande insight para o THE CULT.
Duffy complementou: “Então, fomos expostos a Rick Rubin ao ouvirmos uma música que ele produziu para o BEASTIE BOYS, que era na levada rap, mas com riffs do AC/DC. Era uma coisa refrescante, nova e ficamos empolgados com aquilo. Então, nós chamamos Rick Rubin para trabalhar conosco. É uma história verdadeira, cara, nós fomos para New York, conhecemos Rick e ele apenas nos disse: ‘Por que vocês estão fazendo todo esse tipo de coisa de inglês maricas com esse disco? Vamos chegar à essência disso'”.
O guitarrista do THE CULT adicionou: “Dissemos à nossa gravadora e aos nossos empresários que íamos regravar 01 música apenas, tendo em mente que gastamos centenas de milhares de libras gravando aquele disco. Ninguém iria nos dizer: 'Jogue esse álbum novo fora e faça um novo disco', mas eles conheciam Rick Rubin e nos disseram: 'Tudo bem, refaçam uma música porque essa é a regra de Rick. Ele só irá gravar um álbum completo se vocês deixarem ele produzir uma música do zero'. E isso aconteceu com a canção 'Love Removal Machine' e ele produziria todo o álbum 'Electric' depois. Pensando hoje em retrospecto, isso não era para ter acontecido, porque a forma como gravamos originalmente o disco 'Electric' e a forma como Rick Rubin trabalhava, são coisas completamente diferentes”.
New York era um ambiente totalmente distinto do que a banda estava acostumada. Era um lugar elétrico 24hs por dia onde alguns dos maiores nomes da época estavam em cena fazendo shows pela cidade e batendo o cartão-ponto em diversos estúdios.
Duffy acrescentou: “Então, chegamos a New York. É um lugar incrível, perigoso e empolgante. Você sabe, LL Cool J está lá, assim como o BEASTIE BOYS... Está tudo acontecendo pela cidade com o SLAYER tocando por aí, ANTHRAX tocando em outro pico e nós comentávamos: 'Nossa! O que é isso acontecendo?'”
Em pouco tempo, Rubin forneceria à guitarra de Duffy e à banda a chave que mudaria o som do THE CULT para sempre. Era para ser um som agarrado ao hard rock típico dos anos 80, mas que foi se moldando ao rock alternativo em arranjo, composição e produção, tudo antes do termo grunge nascer e explodir no planeta inteiro. Foi também quando Duffy deixaria para trás a sua fiel guitarra Gretsch White Falcon e começaria a tocar com a sua guitarra Gibson Les Paul.
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