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  • by Brunelson

Pearl Jam: resenha da música "Daughter"


Talvez tenha sido o cenário que a tornou tão apropriada, mas quando o PEARL JAM subiu ao palco no Bridge School Benefit em 1992 - evento beneficente de Neil Young realizado todo ano - eles decidiram estrear uma nova música.


Uma música que lidava com traumas e transtornos mentais, algo que certamente caminhou junto com o intuito desse evento.

PEARL JAM já tinha explorado as encruzilhadas mais sombrias da juventude em músicas como "Alive" e "Jeremy" (1º disco, "Ten", 1991), e eles tinham acabado de compor uma nova canção que se encaixava diretamente nessa linhagem.

O único problema era que a música ainda não estava pronta. Faltavam algumas letras e o título.


A banda subiu ao palco e disse que a canção se chamava "Brother" (PEARL JAM já tinha uma música com esse nome, a qual ficou de fora do álbum de estreia), além de uma filmagem lançada no DVD da banda, "PJ20" (2011), mostrando o guitarrista Stone Gossard junto com Eddie Vedder no ônibus de turnê tocando esta canção e Vedder ainda resmungando a palavra "brother" em seu canto. A filmagem é datada de 02 de maio de 1992.

Depois de 01 ano, PEARL JAM lançaria o seu álbum avassalador na história do rock (o que vendeu mais cópias na 1ª semana de lançamento, quase 01 milhão só nos EUA), "Versus" (2º disco, 1993), e o resto do mundo inteiro ouviu o resultado final da cativante música "Daughter".


Quando a música foi trazida ao estúdio durante as sessões de gravação para este 2º álbum, o arranjo dela ilustrou uma evolução no estilo sonoro da banda. Embora eles tenham experimentado instrumentação acústica e canções lentas na música "Black" em seu 1º disco, a canção "Daughter" mostrou o favorecimento de Gossard pelo violão e a adoção de Jeff Ament em tocar no baixo vertical, que também pode ser ouvido em outras músicas lançadas nesse 2º álbum como "Indifference" e "Elderly Woman Behind The Counter in a Small Town".

De acordo com o baterista do PEARL JAM naquela época, Dave Abbruzzese, ele também teve que encontrar uma maneira de ajeitar o seu som de bateria: "Quando estávamos originalmente trabalhando na música 'Daughter', eu já tinha adotado uma linha de bateria para ela", disse Abbruzzese ao escritor Matt Peiken em 1993. "Mas quando fomos gravar no estúdio, o nosso produtor, Brendan O'Brien, sugeriu tentar algo diferente. Foi uma viagem, porque estávamos tocando essa música há 06 meses e eu já estava acostumado com o que eu vinha fazendo, sabe? No começo, eu fiquei, tipo: 'Ok... Então, eu vou ter que reconfigurar o meu bumbo, a caixa e o surdo' e apenas usamos os microfones ambientes do estúdio, fomos em frente e gravamos assim. Na verdade, trouxe uma dimensão totalmente diferente da música pra mim e senti uma coisa muito nova tocando assim desse jeito. Na verdade, nos shows eu meio que misturo as 02 abordagens”.

De sua parte, o vocalista Eddie Vedder encontrou o núcleo emocional da música quando concentrou a sua atenção na deficiência do personagem central: “A criança (filha) nessa música obviamente tem uma dificuldade de aprendizado e só nos últimos anos ela conseguiu diagnosticar essas dificuldades de aprendizado, que antes eram vistas como mau comportamento ou rebeldia, mas ninguém sabia o que era”, explicou Vedder ao escritor Allan Jones em 1995.

“Essas crianças, que pareciam incapazes ou relutantes em aprender, acabavam levando na verdade uma surra dos pais”, Vedder acrescentou. “A música termina, você sabe, com essa ideia das cortinas se fechando, para que os vizinhos não possam ver o que vai acontecer a seguir... O que dói numa merda dessas é que acaba definindo a vida das pessoas. Elas têm que viver com esse abuso para o resto de suas vidas. Pessoas boas e criativas são simplesmente destruídas”.

Apesar da natureza sombria, a música também carrega uma certa esperança e otimismo em relação ao futuro. Na ponte da música, embora a protagonista ainda “segura a mão que a segura para baixo”, Vedder deixa claro que “ela vai se reerguer”. A intenção por trás do refrão de: “Don’t call me, daughter / Not fit to / The picture keep will remind me” faz parecer que os eventos estão no passado, com uma foto da família sendo o único lembrete de sua conexão com os dias mais sombrios de estar perto de sua família.

Em 02 de novembro de 1993, menos de 01 mês após o lançamento do disco "Versus", PEARL JAM lançou a música “Daughter” como o 2º single do álbum – mas não nos EUA.

Cansado do seu status dentro da explosão mainstream do grunge e notando o óbvio potencial popular que a canção "Daughter" emana, o single só foi lançado internacionalmente, o que o tornou inelegível para ser ranqueado na lista principal da Billboard.

Mas isso não importava, pois a música alcançou mesmo assim o nº 1 nas paradas de rock alternativo e mainstream da Billboard, também chegando ao nº 28 na parada de rádios dos EUA. PEARL JAM era a maior banda do planeta naquele momento do lançamento do álbum "Versus" e vários fãs desembolsaram para obter uma cópia importada do single.

O site oficial do PEARL JAM afirma que a canção "Daughter" já foi tocada ao vivo mais de 500 vezes, sendo a 8ª música mais tocada do PEARL JAM ao vivo e aparecendo em cerca de metade dos shows da banda - a música nº 01? "Even Flow", chegando a 900 vezes (lançada no disco de estreia).


O autor que vos fala foi somente em 03 shows do PEARL JAM, mas ainda não escutei a música "Daughter" sendo tocada na minha frente...

"Daughter" foi uma das últimas grandes músicas do PEARL JAM da carreira inicial da banda como precursores do movimento grunge, sendo que depois, o grupo subverteria com dignidade o seu estrelato maciço de todas as maneiras possíveis - tanto em exposição, quanto na sonoridade.


"Daughter"


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